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Porta aberta para o sul de Portugal, banhada pelo Atlântico e pelo rio Tejo, com o Cristo-Rei a abraçar a capital, Almada beneficia de uma situação geográfica de excelência, sendo a perfeita simbiose entre um vasto património cultural e histórico, e um tesouro natural de grande beleza, que convida todos a desfrutar plenamente da natureza, do mar e do rio. Nos mais de 13 km de praias contínuas de areia fina e branca, recortadas pelo verde da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, ninguém fica indiferente à chegada das redes de pesca tradicional da Arte-Xávega, ao final da tarde, a acompanhar o pôr do sol. Por isso mesmo, ao visitar Almada não pode deixar de provar a frescura do peixe e marisco locais, já que Almada conta com uma generosa oferta gastronómica, que honra a autenticidade tradicional e, ao mesmo tempo, a inovação cosmopolita. Convidamo-lo a explorar um destino onde a celebração da História e Património não deixam de abraçar o futuro.

Arte-Xávega – Património Cultural Imaterial desde 2017

A Arte Xávega é um método de pesca milenar, artesanal e sustentável, no qual a rede (arte) é lançada ao mar a partir de uma embarcação. No processo de recolha da rede (alagem) forma-se um cerco à volta cardume, que é empurrado para a praia.

A bordadura manual das artes e todo o ritual de pesca, transmitidos de geração em geração, foram trazidos para a Costa da Caparica pelas comunidades piscatórias de Ílhavo e de Olhão, a partir da 2.ª metade do século XVIII. Pequenas comunidades começaram a instalar-se em habitações de madeira numa terra, até então, desabitada e repleta de pântanos e juncais.

Os barcos, redes e técnicas de pesca foram adaptados às condições do mar e das praias da Costa da Caparica, ganhando caraterísticas próprias. O Barco de Mar da beira litoral evoluiu para o colorido Meia-Lua, ainda hoje imagem de marca da Costa da Caparica, que foi posteriormente substituído pela Chata ou Lancha de Fundo Plano, usada atualmente pelos pescadores, e da qual frequentemente se podem encontrar exemplos no areal. Atualmente, exis-tem vários grupos de pescadores afetos a embarcações, as companhas, a operar na Costa da Caparica. Estas companhas podem integrar cerca de duas dezenas de pessoas, organizadas em dois grupos: tripulação de mar e de terra. A Arte-Xávega é uma atividade sazonal, desenvolvida sobretudo entre março e outubro.

Três séculos depois de ter chegado à Costa da Caparica, a Arte-Xávega pode ser ainda hoje admirada ao entardecer nas praias da Costa da Caparica e Fonte da Telha. Fica na memória a chegada da rede à praia, num espetáculo que junta muitos curiosos. Pelo seu caráter ímpar, a Arte-Xávega da Costa da Caparica está inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial desde fevereiro de 2017, após candidatura apresentada pelo Centro de Arqueologia de Almada e Município de Almada.

Das redes que chegam repletas de sardinhas e cavalas, lulas e carapaus, robalos, linguados ou pregados, até à mesa, é “um salto”. Pode comprovar-se a frescura do pescado e marisco locais nos muitos restaurantes, onde os sabores do oceano se exaltam através dos típicos grelhados, cataplanas, caldeiradas e carvoadas, não esquecendo o marisco. Foi em Almada que foram criadas, pelo próprio que aqui viveu, as famosas “Amêijoas à Bulhão Pato”. Onde há boa mesa, há bom vinho e, neste caso, boas vistas sobre Lisboa e o Atlântico. Para terminar em beleza e adoçar o palato dos mais gulosos, a doçaria típica convida a provar os Pastéis Al-Madan, os Claudinos e os Pastéis de Santo António, entre muitas outras pérolas da pastelaria almadense.

De barriga e coração aconchegados, o convite é para conhecer o rico património natural e cultural que existe no concelho de Almada. A frente atlântica oferece excelentes condições para a prática de desportos de onda (como o Surf, o Bodyboard, o SUP ou o Kitesurf ). A excelência das praias do concelho confere-lhes a todas a Distinção de Praia Qualidade Ouro, pela Quercus e, a dez destas, a Distinção Bandeira Azul, pela FEE (Fundação para a Educação Ambiental). A variedade de opções estende-se também à existência de Praias Acessíveis e de praias naturistas.

Almada – Um destino para visitar e sentir durante todo o ano

Como pano de fundo para a imensidão do Atlântico, encontramos o maior espaço natural do concelho, a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica. Nesta área, com grande relevância geológica e geomorfológica, vegetação autóctone e espécies raras de flora e fauna, é inevitável apaixonarmo-nos pela Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos, onde o pinhal manso oferece vários percursos pedestres que alcançam os miradouros sobranceiros às praias. Contribuindo para a conservação e sustentabilidade deste espaço, os passadiços da Mata dos Medos são de visita obrigatória e convidam a uma total imersão no meio natural. A zona é também ponto de referência para os amantes de desportos radicais, como o parapente, e de atividades ligadas à saúde e bem-estar, passeios de bicicleta, passeios a cavalo e piqueniques. Na ponta norte desta área protegida, podemos visitar o Convento dos Capuchos, hoje espaço cultural de excelência, edificado no século XVI e que constitui, em conjunto com os seus jardins românticos e miradouros, um testemunho singular dos princípios de contemplação, paz e isolamento dos frades franciscanos que o habitaram.

O Concelho dispõe de muitos outros espaços verdes, parques urbanos e jardins, que fazem de Almada uma das 10 cidades mais verdes de Portugal (com 0.27m2 de jardins e parques por cada 1000 habitantes). Aqui a perfeita harmonia entre tranquilidade, convívio, lazer e desporto apela à contemplação e exploração dos sentidos. Especial destaque para o Parque da Paz, usualmente considerado o “pulmão da cidade” de Almada, com os seus 60 hectares ricos em fauna e flora e caminhos pedonais e cicláveis, por entre clareiras com relvados amplos, bosques e lagos. Outras opções para usufruir por inteiro do contacto com a natureza incluem, por exemplo, uma visita ao Jardim do Rio, onde o Elevador Panorâmico nos eleva até ao centro histórico de Almada, ou ao Jardim Botânico “O Chão das Artes”, que explora a ligação entre a natureza e as artes plásticas. Fora do centro histórico de Almada, o Jardim Urbano da Costa da Caparica conta com um corte de ténis, percursos cicláveis e espaços de recreio infantis e juvenis, e o Parque Aventura da Charneca de Caparica, oferece áreas de recreio infantil, arborismo e escalada, percursos pedonais e pista ciclável. São ainda as condições naturais da região que possibilitam a existência de 3 campos de golfe de exceção, na zona dos Capuchos e Aroeira, que se destacam pela versatilidade dos seus greens.

Numa visita a um concelho tão multifacetado como o de Almada, estas opções de fruição ao ar livre podem (e devem) ser complementadas por muitas outras, em diferentes vertentes. A riqueza de Almada no que respeita a património histórico não passa despercebida nem cristaliza o território no passado: pelo contrário, é parte integrante das vivências do presente. O Santuário do Cristo Rei, ex-libris de Almada, que oferece uma deslumbrante vista panorâmica sobre a região, atrai milhares de visitantes e peregrinos, sendo o ponto de partida perfeito para uma visita ao restante património concelhio, entre monumentos, museus, igrejas, e locais que testemunham um passado industrial, militar e rural de grande relevância. Na cidade de Almada, são pontos de visita obrigatória, entre outros, a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, miradouros como o do jardim do castelo, e vestígios arqueológicos como os do Sítio Arqueológico da Quinta do Almaraz, do Museu Almada – Covas de Pão ou do Largo de Cacilhas. O Museu Almada – Casa da Cidade ou a Fragata-Museu D. Fernando II e Glória e o Submarino Barracuda atestam vivamente a ligação secular do concelho de Almada ao rio e ao mar.

À oferta da cidade de Almada juntam-se ainda algumas localidades pitorescas, onde a autenticidade das suas gentes se une a uma história de atividades ribeirinhas tradicionais, de que são exemplos a Trafaria, o Porto Brandão e a Caparica. Na zona mais rural do concelho, a Sobreda destaca-se pela forte tradição de arte equestre e pela sua antiga quinta agrícola do século XVIII, o Solar dos Zagallos, hoje centro cultural que, com os seus jardins românticos e capelas, conserva um vasto espólio de azulejos portugueses.Ao longo de todo o ano, a vida cultural e artística de Almada expressa-se através de uma agenda bem recheada, com eventos e espetáculos de diversos géneros e estilos, muito reconhecidos internacionalmente, em áreas como a música, a dança, o teatro, o humor, a gastronomia ou o desporto.

Sempre numa ótica sustentável, onde importa seguramente preservar os recursos ambientais, genuinidade socio-cultural e atividades económicas, deixamos-lhe o convite para visitar este destino autêntico que, com certeza, o vai surpreender.