: Mais Magazine:: Comentários: 0

Fomos conhecer o Instituto de Anatomia Patológica e Patologia Molecular (IAP-PM) da Universidade de Coimbra, guiados pela sua diretora, a Profª. Drª. Lina Carvalho. Trata-se de uma instituição envolvida em inúmeros projetos de destaque nacional e internacional e que alberga o maior museu europeu de Anatomia Patológica.

A história do Instituto de Anatomia Patológica e Patologia Molecular inicia-se em 1957, ano da fundação deste instituto voltado para a Saúde, Ensino e Investigação, estando inserido na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Atualmente, é a Profª. Drª. Lina Carvalho quem comanda seus os destinos, tendo assumido a direção em janeiro de 2003. “Mantivemos as valências do instituto e entramos na patologia molecular e patologia digital. Temos, portanto, acompanhado a evolução da anatomia patológica”, destaca a Diretora. No que diz respeito à oferta formativa, o IAP-PM disponibiliza formação Pré-Graduada e Pós-Graduada. Na primeira incluem-se estudantes do Mestrado Integrado de Medicina, do Mestrado Integrado de Medicina Dentária e, ao nível do ensino politécnico, estagiários do curso de Ciências Biomédicas Laboratoriais. No que concerne à formação Pós-Graduada, este instituto acompanha estudantes de Mestrados, Doutoramento, Estágios Pós-Docs e garante ainda formação de Patologia Molecular aos internos da Formação específica em Anatomia Patológica .

São igualmente dinamizados alguns cursos e conferências que “se iniciaram na altura da covid-19 e que pretendemos continuar a desenvolver”, refere. Paralelamente, este instituto assegura vários serviços às Comunidades Científica e Médica, nomeadamente ao nível da Histopatologia, Citopatologia, Imunohistoquímica, Patologia Experimental e Patologia Molecular. São várias as caraterísticas que fazem com que esta instituição marque pela diferença no panorama do ensino em Portugal, desde o corpo docente composto por uma equipa relativamente jovem, dinâmica e altamente qualificada, e o facto de estarem constantemente a desenvolver novas metodologias baseadas na transição digital, passando ainda pelo know-how e pela experiência que possuem ao nível do diagnóstico.

O maior Museu de Anatomia Patológica da Europa

Dentro das imponentes instalações deste instituto reside o maior museu da Europa de Anatomia Patológica, cuja história remonta a finais do século XIX e inícios do século XX. Tal como explica a Professora Lina Carvalho, “naquela época, o uso do microscópio ainda não era uma prática comum, conduzindo o estudo de peças cirúrgicas e autópsias através da macroscopia, uma análise das caraterísticas percetíveis a olho nu”. Esta abordagem permitiu a preservação notável de casos fixados em formalina, modelos desidratados, esculturas em cera, além de uma rica coleção de livros e fotografias, fazendo deste museu uma referência inigualável no campo da Anatomia Patológica.

Em termos de espaço ocupa uma área de 500 metros quadrados e é frequentemente visitado por estudantes do ensino secundário, do ensino universitário e também por artistas. Apesar de, neste momento, se encontrar “muito bem sistematizado”, para o futuro estão em vista alguns projetos que visam a modernização das visitas ao museu, tornando-as mais interativas: “queremos virtualizar algumas das peças expostas no museu utilizando, por exemplo, o QR Code.

Esta abordagem permitirá aos visitantes interagir tridimensionalmente através de tablets e/ou telemóveis, proporcionando uma experiência enriquecedora e informativa sobre as peças que lhes despertarem maior curiosidade”, acrescentou o Professor Vitor Sousa.

Envolvimento em Projetos de Destaque Nacional e Internacional

Atualmente, o IAP-PM está a participar em vários projetos de investigação, muitos deles ligados ao desenvolvimento de teses de Mestrado ou Doutoramento em áreas como a Patologia Pulmonar e a Patologia Renal. “Alguns destes trabalhos de investigação científica são realizados com o apoio da Inteligência Artificial no desenvolvimento de algoritmos aplicados tanto no diagnóstico, como na avaliação de prognóstico ou decisões terapêuticas”, explicam a Professora Lina Carvalho e o Professor Vitor Sousa. Em colaboração com a Universidade de Aveiro, a Universidade do Minho e universidades alemãs e empresas de tecnologia e software, o IAP-PM alcançou uma nova etapa na gestão de dados. Juntos, desenvolveram uma plataforma que arquiva laminadas digitalizadas, proporcionando uma forma eficiente de observação, elaboração de relatórios e disponibilização dos mesmos, também usada no ensino da Anatomia Patológica em Coimbra e em universidades associadas. Este instituto desempenha ainda um papel crucial como integrante do consórcio “Health from Portugal (HfPT)”, uma iniciativa dedicada a promover avanços significativos em Medicina, incluindo também Patologia Digital. Neste contexto, refere-se o desenvolvimento contínuo de algoritmos de Inteligência Artificial e a conceção de sistemas inovadores para o ensino. O IAP-PM está também envolvido num consórcio europeu que se dedica ao estudo dos mesoteliomas malignos e o microambiente pleural. “Estamos confiantes de que este estudo terá resultados significativos, especialmente na identificação de biomarcadores com valor prognóstico. Acreditamos que terá implicações cruciais na orientação de decisões terapêuticas, potencialmente contribuindo para avanços fundamentais no tratamento dessas patologias”, sublinha a Diretora. É de salientar que vários projetos de pesquisa científica conduzidos por estudantes do IAP-PM alcançaram não apenas reconhecimento a nível nacional, mas também internacional.

O futuro promissor do IAP-PM

Nos próximos tempos, a direção do IAP-PM dará continuidade ao trabalho que tem sido realizando até ao momento, apostando cada vez mais na inovação, de forma a acompanhar os tempos que correm, não esquecendo nunca o riquíssimo passado histórico desta instituição. A Diretora Lina Carvalho expressa ainda o seu desejo de que este instituto mantenha a sua capacidade de “atrair quer jovens médicos de Anatomia Patológica que pretendam ser docentes e entrar no programa doutoral da Faculdade de Medicina, quer talentosos investigadores que mantenham o elevado padrão científico já estabelecido” pelo grupo de trabalho, onde se destaca o Professor Vitor Sousa.

A importância atribuída às pessoas reflete-se na intenção de expandir o quadro de colaboradores, fortalecendo as capacidades técnicas e científicas da Faculdade de Medicina. A estratégia inclui ainda a manutenção e a expansão de parcerias, por representarem portas abertas a oportunidades e desafios, consolidando assim o compromisso do IAP-PM com o crescimento contínuo e a excelência da Universidade de Coimbra.