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Lembro-me bem de todas as vezes que fui ao Alentejo. É uma região que nos deixa facilmente imagens na memória, pelo horizonte interminável, pelo ritmo que as distâncias e o calor nos obrigam a respeitar. Regressados de férias, por esta altura, é inevitável pensar com nostalgia num pôr de sol tardio naquelas planícies, momento em que a cumplicidade se torna mais óbvia.

Ainda haverá algum português para quem o Alentejo é apenas a A2 a caminho do Algarve? Penso que não, apesar do trajeto alternativo (que foi o principal até ao início deste século), ter muito encanto – refiro-me ao IC 1 naturalmente.

Com a vantagem de estar a um pulinho de Lisboa, esta é uma região muito habituada a receber turistas nacionais. A Costa Vicentina já não é o segredo bem guardado de outros tempos, mas continua a ter recantos que parecem achados e praias mais sossegadas do que outros destinos. A praia de Odeceixe, já no Algarve, mas paredes meias com o Alentejo, é mesmo uma das bonitas do país.

Da zona mais interior a referência é sempre a fronteira, uma certa noção de limite e de linha a ultrapassar. Em férias, pelas estradas secundárias, é sempre irresistível parar junto aos antigos postos e às placas que nos informam que pisamos chão português ou espanhol. Sempre que o nosso olhar tem espaço para respirar é mais fácil “viajar no tempo”, e é também isso que se pode fazer por aqui.

“Caiado de fresco” é o slogan do Turismo do Alentejo, numa campanha lançada há três anos e que já viu vários dos seus vídeos promocionais premiados em concursos internacionais. O site, em www.visitalentejo.pt, lança-nos para “praias fantásticas, planícies intermináveis, gastronomia única, tanto para ver e viver e saborear.” Sem dúvida, até porque todas as refeições no Alentejo são merecedoras de destaque, a começar pelo pequeno-almoço com o seu famoso pão. Açordas, migas, peixe fresco na costa e porco preto no interior, com o aroma inconfundível dos coentros e tantas outras particularidades de cada zona desta imensa região que ocupa praticamente um terço do país.

E temos ainda o vinho, claro, também ele em grande destaque nesta edição, em plena época de vindimas, embora o calor vá antecipando de ano para ano a altura ideal para a apanha da uva. Espera-se mais um ano de muita produção e de bom vinho em Portugal. Que assim seja, brindemos então ao futuro, com boas novas e esperança: saúde!