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É em Coimbra, naquela que é há séculos conhecida como a “cidade dos estudantes”, que encontramos uma das maiores instituições de ensino superior portuguesas. Falamos do Politécnico de Coimbra, força viva da cidade e cuja excelência do ensino já há muito extrapolou fronteiras. Jorge Conde, Presidente do Politécnico de Coimbra, esteve à conversa com a nossa revista para desvendar um pouco mais sobre o presente desta instituição e de que forma pretende, no futuro, continuar a desempenhar um papel preponderante no desenvolvimento económico, social e tecnológico da região e do país.

As raízes do Politécnico de Coimbra remontam a 1979, altura em que foi implementado o ensino politécnico em Portugal. Com mais de 40 anos de dedicação ao ensino, à investigação e à comunidade, o Politécnico de Coimbra é hoje um espaço com história, ilustrativa do património e da experiência que a instituição foi acumulando ao longo dos anos, mas também com um futuro promissor, que se reflete num ensino moderno, de matriz prática, centrado no estudante e na aquisição de competências.

Politécnico de Coimbra é importante agente do desenvolvimento económico, social e tecnológico
Fazem parte do universo do Politécnico de Coimbra seis escolas – Escola Superior Agrária, Escola Superior de Edu[1]cação, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Escola Superior de Tecnologia da Saúde, Instituto Superior de Contabilidade e Gestão e Instituto Superior de Engenharia – e cerca de 12 mil estudantes, que frequentam áreas de formação completamente distintas, como agricultura, ambiente, educação, comunicação, turismo, artes, gestão, contabilidade, marketing, saúde e engenharias. Atualmente, o Politécnico de Coimbra ministra 59 licenciaturas e 67 pós-graduações, cinco dezenas de mestrados e ainda 26 cursos técnicos superiores profissionais, onde impera, sobretudo, a vertente prática. Com uma oferta formativa diversificada, adequada às expetativas de cada um e às necessidades sociais e do mercado, o Politécnico de Coimbra assume-se hoje um importante motor de desenvolvimento económico, social, cívico e tecnológico da região e, consequentemente, do país. “De há seis anos para cá, a região começou a encarar-nos como uma instituição fundamental para o seu desenvolvimento. Muito graças a um conjunto de projetos e iniciativas que fomos desenvolvendo”, começa por explicar Jorge Conde. Da lista de iniciativas realizadas, com o objetivo de promover a aproximação aos agentes do território, destaca-se o Projeto @GIR – Gabinetes de Inovação Regional, criado com o objetivo de abrir portas à transferência de conhecimento, ao desenvolvimento de projetos de inovação, à dinamização de ações de integração dos estudantes do Politécnico de Coimbra no mercado de trabalho e à qualificação das empresas e instituições da região. “Criámos uma equipa que visita regularmente os concelhos e se reúne com as autarquias e com os pequenos empresários. Ao longo do tempo, fomo-nos tornando no Gabinete de Inovação dessas pequenas empresas, ajudando-as a desenhar os seus projetos, a elaborar candidaturas, ajudando-os a perceber pequenas mudanças que podem potenciar o crescimento do seu negócio. O @GIR ‘agiu’ pelo território e está a fazer com que sejamos hoje uma interface na inovação, mas também na investigação, destas pequenas empresas regionais.” Mais recentemente, e com o objetivo de potenciar a uma escala empresarial o trabalho desenvolvido pelo @GIR, foi dado um novo passo com a criação da Coimbra iTEC, uma associação que integra o Politécnico de Coimbra, o Instituto Superior Miguel Torga e o Conselho Empresarial da Região de Coimbra. “Através desta associação pretendemos fazer a articulação entre as empresas, os municípios, o Ensino Superior e a ciência”, explica o Presidente.

Seguindo esta filosofia, a formação do Politécnico de Coimbra baseia-se também numa forte aprendizagem interativa, potenciada através de sinergias internas e externas, locais e regionais, com instituições sociais e culturais, organizações empresariais e instituições de ensino, promovendo assim o crescimento científico, técnico, artístico, cultural e cívico dos jovens e adultos que procuram a instituição. “Muitos dos projetos ligados ao terreno que temos desenvolvido envolvem os estudantes. Estas sinergias têm aberto portas, criado campos de estágio e de prática para os nossos estudantes e permitido que as empresas os conheçam, saibam as suas competências e que fiquem interessadas em contratá-los”.



i2A promove nova dinâmica na área da investigação
Hoje, é quase impossível pensar a investigação desligada do ensino e, muito menos, o ensino desligado da investigação. Falamos de duas áreas indissociáveis num ensino superior que assume como principal missão formar novos profissionais para um mundo desafiante e em constante evolução. Consciente deste propósito, o Politécnico de Coimbra vem, ao longo dos anos, apostando numa forte componente de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&- D+i). Exemplo disso mesmo é o Instituto de Investigação Aplicada (i2A), uma unidade orgânica de investigação, criada com o objetivo de promover, estimular e gerir atividades de investigação aplicada, desenvolver a transferência de conhecimento e tecnologia para a indústria e para a comunidade. “Como sabemos, há alguns anos a investigação era, tradicionalmente, uma realidade apenas das universidades. Os politécnicos só mais recentemente começaram a ter os apoios necessários para investir nesta área. Apesar de termos chegado a este universo mais tarde, percebemos que facilmente poderíamos recuperar o tempo perdido com a criação do i2A, uma estrutura orgânica que vincula todos os investigadores do Politécnico de Coimbra. E neste contexto, temos feito um trabalho muito interessante. Hoje, já temos um volume de investigação interessante e esperamos que, com esta dinâmica que envolve diversas pessoas, consigamos ter cada vez mais gente a investigar e cada vez mais projetos de investigação.”



Internacionalização é vetor essencial na abertura da instituição ao mundo
Dos eixos de desenvolvimento da política institucional do Politécnico de Coimbra faz ainda parte uma forte política de internacionalização, que assenta na criação de protocolos de mobilidade e cooperação internacional, na gestão de mobilidades, incoming e outgoing, entre alunos e docentes. “Temos um grande conjunto de parceiros que permitem aos nossos professores fazer mobilidade para a Europa, América Latina e até África. Temos estado empenhados em mostrar o nosso conhecimento e o nosso saber, junto de diversos parceiros para que saibam as nossas competências e em que contexto nos podem procurar e trabalhar connosco”, esclarece Jorge Conde.

Para além da vertente das mobilidades, o Presidente considera ainda que o Erasmus+ assume hoje um papel preponderante na capacitação académica, social e cívica dos alunos. “O Erasmus+ é a grande invenção do ensino superior nos últimos 50 anos. Costumo dizer que esta devia ser uma experiência obrigatória. Todos os alunos deviam poder ter a oportunidade e os meios, sobretudo financeiros, para poder desfrutar desta experiência única.” Ainda no âmbito da internacionalização, a participação em feiras nacionais e internacionais e a criação de protocolos e parcerias com diversas entidades da área do ensino, têm sido algumas das estratégias seguidas pelo Politécnico de Coimbra para captar mais alunos estrangeiros e assumir um papel importante enquanto parte das redes de IES internacionais. “Nos últimos cinco anos, no âmbito do projeto “Portugal Polytechnics”, temos conseguido captar cada vez mais estudantes estrangeiros. Passámos do valor residual de menos de 20 estudantes para um valor de captação anual sete vezes maior do que aquele que tínhamos há seis anos. Esta dinâmica internacional é muito importante para nós e temos vindo a fazer um esforço para que cresça ainda mais. É claro que, se tivéssemos a colaboração das autoridades competentes, naquilo que é a emissão de vistos para estudantes, acredito que teríamos ainda mais estudantes.”



Sustentabilidade é importante bandeira que o Politécnico de Coimbra espera continuar a erguer
É inegável que todos podemos – e devemos – promover e implementar boas práticas ao nível da sustentabilidade. Hoje, mais do que nunca, devemos também considerar o importante papel que as instituições de ensino superior devem desempenhar neste domínio, através da adoção de medidas, na criação de projetos e no desenvolvimento de iniciativas ambientalmente mais sustentáveis. Nesse sentido, e comprometido em alcançar os objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas, o Politécnico de Coimbra já colocou “mãos à obra” e começou a “pedalar” rumo a um futuro mais sustentável. “Sem dúvida que a sustentabilidade é uma das nossas grandes bandeiras. Ao longo dos últimos anos implementámos um conjunto de medidas com o objetivo de contribuir para uma Agenda Climática que precisa da nossa colaboração educativa”. Através do projeto +Sustentável, o Politécnico de Coimbra pôs já em prática diversas medidas, que passam pela redução da utilização de plástico e papel, pela redução de desperdício alimentar e do consumo de água, e ainda pelo aumento da eficiência energética. “Todos os projetos que a Agência do Ambiente colocou na rua para incentivar as pessoas a serem mais amigas do ambiente existem no Politécnico de Coimbra”, afirma.

Esta filosofia estende-se ainda à oferta formativa do Politécnico que, contando já com duas Licenciaturas em Saúde Ambiental e em Tecnologia Ambiental e um Mestrado em Engenharia Ambiental, viu, há dois anos, ser aprovado, pela primeira vez no país, o curso de Cidades Sustentáveis e Inteligentes. No entanto, as novidades não param por aqui. O Politécnico de Coimbra espera em setembro abrir as portas do polo académico “Escola da Floresta”, localizado na Lousã e que contará com cursos nas áreas da floresta e do combate aos incêndios. Fruto de uma estratégia pensada e decidida, em parceria com a Câmara Municipal da Lousã, desde a altura dos terríveis incêndios florestais de 2017 que assolaram a região nesse ano, a Escola da Floresta contará com uma oferta formativa diversificada, abrangendo diversas áreas, direta e indiretamente, ligadas à floresta. “Pretendemos acrescentar, paulatinamente, novas ofertas ligadas à área de formação da floresta, como, por exemplo, o turismo e o desporto de natureza. Mais do que uma Escola da Floresta, vai ser uma escola para falar da economia verde.”



“Polytechnic University of Coimbra”, uma instituição portuguesa virada para o mundo

Graças às recentes alterações da Lei de Bases do Sistema Educativo e do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, o Politécnico de Coimbra vai poder atribuir o grau de doutor e adotar a designação “Polytechnic University of Coimbra”. Para Jorge Conde, esta decisão, fruto da proposta apresentada à Assembleia da República pela Comissão de Educação e Ciência, veio assim reconhecer a possibilidade de o Ensino Superior Politécnico outorgar doutoramentos nas áreas em que tem as devidas competências. “Esta luta reivindicou o nosso desejo de poder dar doutoramentos nas áreas em que éramos competentes. Graças a esta decisão, a Assembleia da República veio legislar e dizer que, a partir de agora, os doutoramentos não são exclusivos do ensino universitário, nem do ensino politécnico. São de quem tem competência para os fazer. E nós temos essa competência.”

Além disso, para Jorge Conde, a alteração da designação em inglês para “Polytechnic University”, adotando uma designação universal e conhecida no mundo inteiro, poderá ser determinante no processo de internacionalização do ensino superior politécnico, contribuindo para o reconhecimento da instituição no estrangeiro e para atrair estudantes de outros países.

É já em agosto que milhares de jovens do país dão um dos passos mais importantes na construção do seu futuro, através das candidaturas ao Concurso Nacional Público de Acesso ao Ensino Superior. O nervosismo que antecede a chegada dos resultados das colocações é inevitável. Afinal, falamos da ambição de conseguir frequentar uma instituição de referência, que forneça as ferramentas e competências necessárias para a tão desejada entrada no mercado laboral. A todos os estudantes que, no próximo ano letivo, escolham o Politécnico de Coimbra como a sua “casa”, Jorge Conde garante uma cidade única e uma instituição de excelência, apta e capaz de os ajudar a “erguer o seu sonho”.