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Situado no Baixo Alentejo, o concelho de Vidigueira pertence à região vitivinícola do Alentejo, uma das maiores regiões vinícolas de Portugal. Com uma forte identidade cultural, que lhe foi conferida pela história dos seus antepassados, o concelho de Vidigueira afirma-se como uma região de vinhos famosos, mas não só. Fique a conhecer nesta edição tudo o que este território tem para lhe oferecer. O enoturismo de Vidigueira dá-lhe as boas-vindas!

É na fronteira entre o Baixo e o Alto Alentejo, com Beja a sul e Évora a norte, que encontramos a calma e pataca Vidigueira, terra “onde o tempo se vive”. Localizada na bonita planície alentejana esta vila é, desde sempre, (re)conhecida pelos seus pomares, hortas e, claro está, pelos seus reputados vinhos de excelente qualidade.

O nome desta bonita terra deriva da palavra latina vidigeria ou videira, o que explica, desde logo, a sua forte ligação à cultura da vinha. Para além disso, está também ligada à figura histórica de Vasco da Gama, a quem D. Manuel concedeu o título de Conde da Vidigueira. No entanto, os primeiros registos da ocupação humana deste território são bem anteriores a esta data e remontam à pré-história. Ao longo de todo o concelho é possível contemplar inúmeros vestígios da presença romana neste território, de onde merece referência a villa romana de São Cucufate, um marco ímpar no concelho e que espera a sua visita. Na verdade, foi exatamente com os romanos da villa de São Cucufate, em Vila de Frades, que surgiu a ligação deste território ao vinho. Há mais de dois mil anos, os romanos deram início a um processo de vinificação, sui generis, recorrendo a um pote de barro, conhecido como talha. As uvas previamente esmagadas eram colocadas dentro das talhas e a fermentação ocorria espontaneamente dentro do recipiente de barro. Terminado o processo de fermentação, o vinho estava pronto a ser consumido. Um processo simples e natural, tal como o vinho que dele resulta, e que tem vindo a passar de geração e geração de forma inalterável. A forte tradição que ainda se mantém viva nos dias de hoje é possível de com(provar) um pouco por todo o Alentejo, mas é na Vila de Frades, reconhecida como Capital do Vinho da Talha, que apresenta maior expressão. Nesse sentido, e de forma a salvaguardar esse modo de produzir vinho, evitando a perda de identidade e genuinidade da arte do vinho de talha, a autarquia de Vidigueira encabeçou a candidatura do vinho de talha a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO.

Afamado pelos vinhos da talha, mas não só, o concelho de Vidigueira tem atualmente cerca de 3004 hectares, 64% dos quais são preenchidos por vinhas de uvas tintas e os restantes 36% por vinhas de uvas brancas. No entanto, nem sempre foi assim. Até aos anos 90, mais de 80% desta área era coberta por vinhas das castas Antão Vaz e Roupeiro Perrum, que deram durante muitos anos a este concelho uma grande reputação na produção de excelentes vinhos brancos. Hoje, a Vidigueira Wine Landsrealidade não é diferente, pelo menos no que à reputação diz respeito. Afinal, não existe em todo o Alentejo uma sub-região como a Vidigueira que, apesar de pequena, apresenta no seu território a maior concentração de produtores premium.

Com particularidades locais propícias aos bons néctares, os produtores de Vidigueira tentam preservar as castas caraterísticas da região apresentando novas abordagens que valorizam este terroir, tornando-o tão especial. Assim, surgem todos os anos no mercado novos vinhos de sabores elegantes e imagens atrativas, que se distinguem no mercado nacional e internacional.

Oferta enoturística não para de crescer

Toda a cultura do vinho tem muito por descobrir assim como a região, as castas, os métodos de produção, espelhadas nas adegas e no seu território. Para conhecer o que de melhor a Vidigueira tem para oferecer neste âmbito, nada melhor do que fazer uma visita aos seus produtores, conhecer as suas adegas e caves e desfrutar de degustações e provas de vinho numa das mais afamadas regiões vinícolas do país. Ofertas não faltam, como por exemplo a Quinta do Quetzal, Ribafreixo Wines, Morais Rocha Wines, Natus Vini, Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, Casa Agrícola Herdade Monte da Ribeira, Cortes de Cima, Herdade do Peso, Herdade do Sobroso, Paulo Laureano Vinus, Paço dos Infantes, Herdade Grande e a Quinta do Paral.

As adegas promotoras do enoturismo no território têm procurado aliar à promoção dos seus vinhos, experiências que mergulham os turistas nacionais e estrangeiros na autenticidade do território e das suas gentes. Por isso, são inúmeros os espaços que fazem da diversidade de ofertas o seu ADN, como é o caso da Ribafreixo Wines e da Herdade do Sobroso que, além de proporcionarem visitas às adegas e provas de vinho, dispõem de restaurante, que leva até à sua mesa o melhor da gastronomia alentejana. Se procura aliar o enoturismo ao turismo cultural, a Quinta do Quetzal é a escolha ideal, uma vez que une o melhor dos três mundos – vinho, gastronomia e arte -, através do Quetzal Art Center. Com uma proposta similar, a Casa das Talhas (projeto de enoturismo da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito), a Herdade Grande e a Gerações da Talha têm ainda espaços destinados a servir as melhores e mais saborosas refeições, mediante reservas de grupos. Para prolongar a visita, nada melhor do que pernoitar neste território e comprovar a qualidade ímpar do serviço hoteleiro de algumas das mais prestigiadas unidades de turismo rural e de enoturismo da região, como a Herdade do Sobroso, unidade hoteleira de charme onde a modernidade e o conforto se cruzam de forma inigualável, e a Quinta do Paral, o mais recente projeto criado na Vidigueira, que já se encontra aberto para visitas e que brevemente contará com um hotel de luxo.

Entre a muita oferta que as adegas locais disponibilizam a quem pretende vivenciar de um património vivo destaca-se ainda a disponibilizada pela Adega Gerações da Talha que contempla programas que incluem a participação em tours, a realização de piqueniques nas vinhas e provas de vinhos. Se pretende aliar estes programas a visitas a locais de interesse histórico-cultural, o Centro Interpretativo do Vinho de Talha e a Cella Vinaria Antiqua (Adega de Vinho Histórica) prometem levá-lo à descoberta de um património único e identitário, o vinho de talha.

Este verão visite a Vidigueira

Hoje, o enoturismo é uma atividade bastante procurada no concelho de Vidigueira, não apenas por este ser um território desde sempre ligado à produção de vinhos famosos, mas também graças aos vários projetos privados que vão surgindo no concelho direcionados para a valorização e promoção do vinho como património e identidade cultural. Por outro lado, são também cada vez mais as ações desenvolvidas pela autarquia, em parceria com entidades nacionais e regionais, na criação de uma oferta sustentável e de estruturas de apoio à atividade turística, o que se traduz, todos os anos, num aumento do número de pessoas que procura a Vidigueira como destino enoturístico.

A verdade é que o vinho é um chamariz para a deslocação dos visitantes ou turistas a um território, atraindo não só os amantes, como interessados e curiosos do vinho que gostam de obter outras experiências turísticas. Graças à sua história e às suas vivências únicas, rodeadas de vinhas e paisagens deslumbrantes, a Vidigueira convida a usufruir de um território único, quer viaje sozinho, em família ou com amigos. Este verão, nada melhor do que conhecer este território alentejano, provar o seu vinho e partir à descoberta do seu património romano. Até porque em Vidigueira, “o tempo vive-se de verdade”.