: 24 de Outubro, 2025 Redação:: Comentários: 0

As Misericórdias são uma das raízes vivas dos cuidados a quem mais precisa. Hoje, a sua escala é inegável: 388 Santas Casas, cerca de 52 mil profissionais e quase 160 mil pessoas apoiadas por dia. Num país envelhecido, a proximidade é essencial. É o elo que transforma atos isolados em percursos assistenciais contínuos, com avaliação, seguimento e responsabilização multidisciplinar. Na prestação direta de cuidados, as Misericórdias articulam tradição e tecnologia. O Grupo Misericórdias Saúde integra 21 hospitais de agudos e mais de 120 unidades de cuidados continuados, bem como respostas ambulatórias e comunitárias. Em muitas localidades são a primeira porta que se abre, da consulta ao apoio domiciliário, da reabilitação aos cuidados paliativos e à saúde mental. O conhecimento do território evita deslocações, antecipa agudizações e assegura continuidade pós-alta, reduzindo reinternamentos evitáveis. A sua atuação é igualmente estruturante na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Cuidar dos mais vulneráveis é a medida moral de qualquer sistema de saúde. Nas Misericórdias, quem tem menos voz é ouvido, quem está só encontra companhia, quem enfrenta o fim de vida encontra dignidade e alívio. A ética é prática diária, privacidade, decisão partilhada e transparência. Esta visão honra a tradição e lembra que nenhuma tecnologia substitui o olhar atento e a mão estendida.

O Outro Rosto da Saúde em Portugal tem o rosto das Misericórdias, proximidade e competência. Valorizá-las não é nostalgia, é visão de futuro. A excelência clínica precisa de calor humano, a proximidade com tecnologia social antiga e moderna é caminho para um sistema mais justo. Quando ninguém fica para trás, ganhamos todos, com um SNS mais robusto, comunidades coesas e cada pessoa melhor acompanhada e mais cuidada.

Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos