
Sofia Ferreira de Almeida, Head of Property & Asset Service da Nhood, partilhou com a Mais Magazine a sua trajetória profissional, marcada por transições estratégicas, e destacou o papel central da formação na construção de uma carreira sólida e bem-sucedida.
Para começarmos, poderia partilhar um pouco do seu percurso profissional e contar-nos como surgiu o interesse pelo setor imobiliário?
Iniciei a minha carreira na área financeira, onde trabalhei cerca de 10 anos. Primeiro, no Banco Mello, na análise de risco de crédito avaliando se o Banco deveria ou não financiar determinada empresa ou projeto. Depois de acabar um MBA em Finanças, mudei para a Banca de Investimento, na área de Research de Ações, onde fazia avaliação e recomendação de empresas cotadas. Por volta dos 30 anos, comecei a procurar um trabalho menos financeiro e mais comercial, de maior contacto com pessoas. Por coincidência, na altura, enquanto ajudava no lançamento de um colégio em Lisboa, conheci uma pessoa da CBRE que me falou de uma vaga em Capital Markets, área onde se assessorava a transação de ativos imobiliários comerciais. Pareceu-me uma oportunidade irrecusável, pois juntava a análise financeira, de avaliação dos ativos, com uma vertente comercial, de relacionamento com os investidores. Concorri e fui contratada! Mais tarde, ingressei na Square Asset Management, que faz gestão de ativos imobiliários. Além de integrar o comitê de investimento, era responsável por identificar novas oportunidades de investimento e geri-las em conjunto com os investidores.
Em que altura é que o seu caminho se cruza com o da Nhood? Gostávamos também que nos falasse um pouco sobre a empresa e sobre os principais serviços que oferecem aos clientes.
Há cerca dois anos fui convidada, através de uma empresa de recrutamento, para assumir a responsabilidade pelos serviços de Property, Leasing e Asset Management na Nhood. Uma vez mais, este novo desafio surgiu no momento certo. A Nhood pertence ao grupo francês AFM (Association Familiale Mulliez), que inclui marcas como a Auchan, Leroy Merlin, Decathlon e Norauto. É uma empresa de serviços imobiliários criada há quatro anos, resultante de um spin of do braço imobiliário do grupo. Com um ADN forte no segmento de retalho, a Nhood oferece serviços de Property Managent (gestão operacional, com forte componente de Marketing), de Leasing (comercialização), Asset Manage-ment (gestão de ativos em representação de investidores) e Development (apoio à promoção imobiliária).Com presença em 10 países, a Nhood aposta numa abordagem estratégica, inovadora e próxima dos clientes. Hoje, em Portugal, a maioria dos nossos clientes já é externa ao grupo e muitos estão fora do segmento dos centros comerciais.

Quais têm sido os maiores desafios que enfrentou ao longo da sua carreira, enquanto mulher e líder neste setor em particular? Que conselhos deixaria a quem ambiciona seguir um percurso semelhante ao seu?
Nunca senti qualquer tipo de discriminação por ser mulher num setor tradicionalmente mais masculino. O maior desafio foi conciliar a vida pessoal – com marido e quatro filhos – com a carreira. Embora a vida profissional me traga uma enorme satisfação, a família sempre foi prioridade e tive sorte de conseguir adaptar o meu percurso às minhas necessidades e da minha família. Aconselho quem está no início de carreira a investir numa formação o mais sólida possível e a aproveitar ao máximo os primeiros anos para aprender e ganhar experiência, sem se focar demasiado em salário, horários ou teletrabalho. Sejam formigas e não cigarras, o esforço inicial compensa no futuro! No caso das mulheres, diria que é importante conhecer os seus próprios limites e definir claramente quanto tempo querem dedicar ao trabalho. Conheço ótimas profissionais que acabam por desistir das suas carreiras por não conseguirem lidar com o ritmo. É uma grande pena.
Como se imagina dentro de cinco anos? E no que diz respeito à Nhood, que metas gostaria de ver concretizadas até lá?
Espero estar a trabalhar com motivação, rodeada de bons profissionais, e a divertir-me no que faço. Sem entusiasmo, boas discussões e humor, o trabalho perde a graça. Quanto à Nhood, gostava que dentro de cinco anos fosse líder de mercado nos principais segmentos onde atua.
