
As Termas, conhecidas historicamente como locais de relaxamento e tratamento, têm se reinventado para se adaptarem às mudanças na sociedade, às expectativas dos consumidores, às inovações tecnológicas e aos novos paradigmas de saúde e bem-estar. Nos últimos anos, mais vincadamente desde o final da pandemia, houve um ressurgimento do interesse pelo Termalismo, impulsionado pela crescente preocupação das pessoas com o bem-estar e a promoção da saúde. Esta tendência é demonstrada pelo facto de 2024 ter sido o ano em que o sector das Termas em Portugal ultrapassou os números pré-pandemia, a nível de volume de negócios, tendo sido também o melhor ano de sempre em número de clientes.
A preocupação de cidadãos e governos com a sustentabilidade é um dos fatores chave que tem orientado o desenvolvimento das Termas. O Guia de Boas Práticas de Sustentabilidade para as Termas, desenvolvido em parceria com o Turismo de Portugal no âmbito do Plano Turismo + Sustentável 20-23, veio dar resposta a essa preocupação e dotar os empresários do sector com ferramentas que permitem reforçar e inovar a proposta de valor da oferta termal. Sustentabilidade ambiental, sustentabilidade na gestão e valorização das águas minerais naturais (águas termais), sustentabilidade e eficiência energética com destaque para a aposta crescente em geotermia como fonte de energia renovável, e sustentabilidade social através do envolvimento com as comunidades locais para a criação de experiências turísticas mais autênticas e diferenciadas.
O turismo de saúde e bem–estar encontra nas Termas um enorme potencial de desenvolvimento e crescimento futuro, num contexto que lhe é favorável, destacando entre outros:
- o aumento da esperança de vida e envelhecimento da população europeia;
- a alteração do padrão de comportamento dos turistas, valorizando destinos desmassificados e sustentáveis;
- o crescimento de patologias crónicas e das denominadas “doenças da civilização”;
- as alterações na forma como se viaja e das motivações de procura de férias e lazer, com cada vez mais turistas que dão prioridade ao bem-estar físico e mental, escolhendo destinos que incluam alimentação saudável, atividade física e cuidados para o corpo e para a mente.
Este é o pano de fundo da evolução futura esperada para as Termas, como protagonistas na oferta de serviços de saúde, bem-estar e lazer. As empresas do sector estão cada vez mais orientadas para a inovação através da estruturação de produtos e serviços, em ligação com os ativos turísticos diferenciadores endógenos e os ativos qualificadores que tornam a oferta dos territórios termais mais rica, proporcionando aos seus clientes experiências de maior valor.
Num mercado internacional fortemente competitivo, a autenticidade e a diferença conferem vantagem competitiva, pelo que a oferta termal está a evoluir e a modernizar-se em rutura com ofertas indiferenciadas. Esta ambição será tanto mais bem-sucedida quanto maior for o envolvimento dos decisores da política de Turismo, da política de desenvolvimento e coesão regional, e da política de Saúde, através de uma visão estratégica e programática que integre as Termas como protagonistas dos objetivos da promoção de saúde e de estilos de vida mais saudáveis, bem como das ações que promovam a longevidade ativa e saudável da população portuguesa.
Victor Leal, Presidente da Direção da Associação das Termas de Portugal
