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Portugal enfrenta desafios de modernização a todos os níveis. Desde logo, não pode perder a oportunidade de se assentar como um país na vanguarda do conhecimento, aproveitando o novo paradigma da Transição 5.0, baseada no digital e “verde”, com a particularidade de estes processos de desenvolvimento terem como epicentro as pessoas, não como habituais destinatários, mas como transformadores.

O desenvolvimento do conhecimento obriga a mobilidade e o todo conjugado impõe investimentos em soluções materiais e não materiais, sendo certo que o virtual não se assegura sem investimento material. Ou seja, a base dos investimentos é sempre em infraestruturas. Dos muitos investimentos que são necessários para se ter o pretendido desenvolvimento, praticamente todos eles são interconectividades. Seja de comunicação, energia, mobilidade ou transportes, o mundo é “movimento”, sem paragem e a uma maior velocidade para que a referida interconectividade seja cada vez mais uma ferramenta ou um vetor e não uma centralidade dentro daquilo que são as inter-relações correspondentes.

Das muitas interconectividades, dentro da mobilidade de pessoas e bens e no setor dos transportes, o meio de referência que aponta aos objetivos climáticos, energéticos e digitais de 2050, baseado em baixas emissões de carbono é o transporte ferroviário.

Para Portugal, o setor ferroviário tem uma oportunidade de ouro com o já anunciado Plano Ferroviário Nacional, e cujo desafio é hercúleo para os desígnios de Portugal e porque não para a engenharia portuguesa e para a fileira da construção e energética nacional.

Como Bastonário dos engenheiros portugueses, sou dos que acredita na verdadeira capacidade portuguesa para o cumprimento dos objetivos que Portugal se propõe fazer, mesmo com os pelo menos 20 anos de atraso que leva relativamente ao resto da Europa na Alta Velocidade Ferroviária, assegurando assim com o tecido industrial português e com a liderança nacional dos processos, publica ou privada, mesmo na gestão dos novos desafios, a manutenção em Portugal da riqueza produzida, seja em rendimento, produtividade, PIB e impostos.

Oxalá, nós portugueses, saibamos ser bons para nós mesmos!

Fernando de Almeida Santos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros