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A CSSC (Casa de Saúde de Santa Catarina), cujo público-alvo são pessoas com patologias neuropsiquiátricas de todas as idades, está em plena expansão. Em entrevista, o diretor clínico João Palha aborda o novo projeto, que trará melhorias significativas no atendimento aos pacientes.

A CSSC, focada no cuidado de pessoas com patologias neuropsiquiátricas em todas as faixas etárias, está prestes a dar um passo significativo na ampliação dos seus serviços. Devido às limitações da atual estrutura física, e às crescentes necessidades da população (pacientes e famílias), a CSSC desenvolveu um novo projeto que aumentará e diversificará a sua capacidade de atendimento. Em 2025, a sua estrutura será transferida para a estrada interior da Circunvalação, nº 14569, junto ao Hospital CUF, numa localização de fácil acesso. A CSSC orgulha-se de contar com uma equipa multidisciplinar de referência, que reúne especialistas em psiquiatria, pedopsiquiatria (psiquiatria da infância e da adolescência), geriatria, psicologia, enfermagem especializada, neurologia, medicina geral e familiar, terapia ocupacional, entre outros. O acompanhamento é oferecido em diversos formatos, incluindo consultas de especialidade e subespecialidade, internamento, e um novo centro de atendimento integrado (CAI). Nas consultas, a atuação da CSSC abrange a avaliação, diagnóstico e desenvolvimento de programas de recuperação, para pessoas com problemas de saúde mental, além de intervenções de promoção da saúde mental e prevenção de doenças.

A CSSC destaca-se também no âmbito do internamento, sendo pioneira no primeiro serviço de internamento privado de pedopsiquiatria do país, preenchendo uma lacuna relevante. O internamento para adultos inclui modalidades de curta e longa duração. O de curta duração destina-se ao tratamento de patologias psiquiátricas descompensadas, enquanto o de longa duração, para pacientes residentes, foca-se principalmente em patologias neurodegenerativas, como demências, com ênfase na população idosa. Com a abertura das novas instalações, será inaugurado um centro de atendimento integrado, especializado em reabilitação psicossocial, focado nas doenças mentais graves e demências. Este centro funcionará nos moldes de um Centro de Dia e Hospital de Dia. Além disso, o novo espaço contará com um departamento de formação e investigação, com parcerias estabelecidas com diferentes instituições académicas. Destaca-se o investimento previsto em tecnologias inovadoras, como a realidade virtual, aplicadas ao tratamento de ansiedade, fobias e à remediação neurocognitiva em casos de demência. A nova estrutura da CSSC integra também um departamento de neuromodelação, que incluirá neurofeedback, biofeedback e estimulação magnética transcraniana, complementando as terapias já oferecidas, como a eletroconvulsivoterapia.

O objetivo da CSSC é continuar a prestar um serviço necessário, único e integrado, alinhado com as melhores práticas, que abrange todas as fases da vida, desde a infância até à velhice. O novo projeto reforçará a capacidade de responder aos desafios da saúde mental e neuropsiquiatria, oferecendo um serviço de qualidade, de fácil acesso, e que combate o estigma associado a essas patologias. A CSSC aguarda com expectativa a oportunidade de continuar a oferecer os seus cuidados nas novas instalações, a partir de 2025.


João Palha, Diretor Clínico da CSSC

Como começou e se desenvolve este projeto?

Este projeto foi um sonho que se concretizou. Há anos que sentíamos a necessidade de criar instalações que, além dos cuidados clínicos de excelência, proporcionassem um atendimento acolhedor e de qualidade, tanto para os nossos pacientes quanto para os seus familiares. A concretização deste sonho foi possível graças à união de um grupo de profissionais dedicados e inspirados, que, de forma quase improvável, abraçaram este desafio e o transformaram em realidade. Eu e o meu pai, António Palha, na área da psiquiatria, Sara Melo e João Guerra, especializados em pedopsiquiatria, e Paulo Pessanha, na Medicina Geral e Familiar (MGF), juntamos forças para dar vida a este projeto. Também João Preto, através do grupo Tensai, teve um papel fundamental, acreditando e abraçando o projeto desde a primeira hora, através de apoio financeiro significativo e indispensável.

Sabendo nós do drama que é ter um familiar com demência, o que a Casa de Saúde pode oferecer para minorar este grave problema?

A CSSC posiciona-se como o local ideal para o tratamento da demência, desde as fases iniciais até as mais avançadas. O processo começa com uma consulta de diagnóstico, que orienta o paciente e a família sobre as próximas etapas a seguir. Dependendo da situação, o paciente pode continuar a ser acompanhado em consulta ou ser encaminhado para o nosso Centro de Atendimento Integrado (CAI), que promove atividades de reabilitação cognitiva e suporte diário. Em situações mais complexas, disponibilizamos a opção de internamento de curta duração, especialmente útil para a gestão de fases de maior agitação ou para proporcionar um descanso aos cuidadores familiares, seja durante períodos de maior exaustão ou para férias programadas. Nas fases mais avançadas da doença, quando manter o paciente em casa se torna extremamente difícil devido a uma série de fatores emocionais e práticos, oferecemos a possibilidade de internamento de longa duração, proporcionando um ambiente seguro, acolhedor e de confiança. Finalmente proporcionamos através de parcerias, apoio domiciliário. Queremos que a CSSC seja vista como um lugar seguro e acolhedor, onde o contacto entre os nossos profissionais e os familiares do paciente seja contínuo e próximo.

O que destacaria neste novo projeto?

Eu diria que a integração de saberes e de ambientes terapêuticos. É a capacidade de cobrir as necessidades de qualquer patologia, em qualquer fase da doença e em todas as idades, através de um corpo clínico multidisciplinar, experiente e muito diferenciado. Podemos tratar todos os elementos de uma família: um avô com demência, e tê-lo connosco no CAI ou no internamento de longa duração; o filho a tratar uma depressão, tanto na consulta, como no internamento, como usufruindo de diferentes tratamentos diferenciadores; e um neto com um problema de desenvolvimento seguido em consulta de pedopsiquiatria e com necessidade de intervenção por terapia ocupacional em integração sensorial numa sala especializada para esse efeito. Também o departamento de formação e investigação que permitirá consolidar conhecimento e alavancar novas áreas de trabalho. Por fim destacaria o novo espaço físico com condições excecionais para o desenvolvimento de todo este novo projeto, incluindo um espaçoso jardim, indispensável para o conforto que se pretende oferecer.

E que reserva o futuro?

Para já temos de consolidar este passo. Garantir um funcionamento fluido, eficiente e competente, num ambiente que se pretende de grande conforto, familiar e muito empático. Também consolidar a nossa relação com outros clínicos, que podem usar as nossas instalações para dar consulta e tratar os seus pacientes. Mas sempre com os olhos no futuro, continuando a crescer e a atualizar, a par da evolução dos conhecimentos, orientados por uma forte dimensão médica e humana.