Um restaurante suíço em Lisboa? Por que não? Há quem diga “em Roma, fazes como os romanos”. Mas se és suíço, então fazes como os suíços onde quer que estejas…
O Chef Ädu Wahlen, com seu companheiro de há mais de 28 anos, Marc, nascido no Canadá, mas com uma alma completamente alpina, decidiu começar a servir comida suíça em Lisboa, tendo em conta que Ädu Wahlen definitivamente sabe cozinhar as iguarias do seu país de origem, a Suíça. Ele combina o melhor da sua formação na escola de hotelaria suíça de Thun, perto dos Alpes, nos anos oitenta, com as tradições camponesas da sua região nativa do Emmental. E como se isso não fosse exótico o suficiente, Ädu e Marc escolheram fazê-lo num ambiente que recria perfeitamente um chalet de montanha estilo 1974.
Chegaram a Lisboa em 2009, após terem vendido o lounge bar que abriram no final de 2002 em Nice, na Côte d’Azur, com a ideia de deixar a vida noturna para trás. Foi então que inauguraram o Heidi Bar, situado na rua da Barroca, no Bairro Alto, que rapidamente atraiu tanto lisboetas como turistas com o seu balcão florido onde atuava um DJ, e os fardos de palha a fazer de bancos fora na rua. Marc queria ter tempo para encontrar o sítio ideal para fazer um pequeno restaurante, mas acabou por encontrar o local atual do Bistro bastante cedo. Foi um “coup de foudre”, amor à primeira vista, para esta esquina com tanto potencial. Situado no coração de Lisboa, perto da emblemática Praça das Flores, eles consideram-se no olho do furacão. Trata-se de um local sos-segado que contrasta com a agitação que se faz sentir a duzentos metros, em qualquer direção. Um pouco como a Suíça no meio da Europa. A clientela esperada que está “au rendez-vous” não são definitivamente os turistas de massa, mas pessoas que já conhecem as iguarias alpinas tão difíceis de encontrar. Por isso, Marc cumprimenta sempre os clientes dizendo: “bem-vindos à esquina suíça de Lisboa”. Foi durante os primeiros dois anos de vida do Heidi Bar que Marc fez a maioria das obras sozinho enquanto Ädu tratava de servir cocktails. Quando ele descobriu os azulejos verdes típicos dos anos 70 nas paredes, decidiu logo transformar este espaço, bem conhecido dos habitantes do bairro, num espaço com ambiente dos alpes suíços através de uma decoração de inspiração “Après-Ski” dessa década com uma iluminação muito agradável. Marc e Ädu gostam de dizer que o Bistro é um pequeno restaurante com muito espaço e fazem de tudo por manter uma atmosfera íntima e relaxante. Marc diz este chalet kitsch e chic ser datado de 1974, ano escolhido por ser a idade do aparelho televisivo vintage preferido da sua coleção que está numa esquina e também para homenagear a antiga Emissora Nacional que tinha sede no prédio à frente.
Desde o final de 2012, o Bistro Edelweiss traz um pouco da Suíça à cidade de Lisboa. Claro que o fondue de queijos é um dos pratos mais procurados no inverno, mas é bom saber que se encontra sempre disponível, mesmo no verão. Ao longo da última década, o restaurante tem conseguido ter uma clientela fiel que tem descoberto as similaridades da cozinha alpina com os pratos lusitanos. Os donos falam numa “Cozinha da Avó”, quer ela seja dos Alpes ou do litoral Alentejano. As avós sempre souberam confecionar pratos que agradam a toda a família. Uma das particularidades da ementa é que cada um pode eleger os acompanhamentos, independentemente do prato que escolher. Assim, um casal pode, por exemplo, pedir duas vezes fígado de vitela, mas receber dois pratos completamente distintos na mesa. Fazem parte desses acompanhamentos o clássico “Rösti”, uma especialidade de batatas, tal como o “Spätzli”, uma massa fresca caseira. Para os menos aventureiros há sempre um puré de batata que muitos dizem ser o melhor que alguma vez provaram…
A ementa de base mantém-se praticamente inalterada desde a abertura, mas há novidades a cada dois ou três meses, aquando das épocas festivas. Um bom exemplo disso são as famosas “sardinhas alpinas”, uma salsicha típica das festas nacionais suíças do 1º agosto que fazem parte da oferta durante as festas populares de Santo António. Um prato oferecido pela primeira vez este ano é a salada de focinho de novilho. Isto permite convencer os portugueses de que há bons pratos de verão também, até porque já são quase doze anos a combater o preconceito de que a comida helvética consiste, sobretudo, em refeições ricas para os dias frios. O Chef Ädu, sendo um grande apreciador de sopas, conseguiu ser afamado pelas suas confeções líquidas, muitas delas tão deliciosas frias como quentes. É o caso da sopa de espargos verdes e da sopa de cenoura com gengibre que fazem parte da ementa o ano inteiro. Já a sopa de melancia com hortelã Invece só pode ser degustada em agosto. Sempre no sentido de ter afinidade sazonal, novembro traz pratos de caça, nomeadamente veado, e “choucroute garnie” em janeiro, que pode facilmente ser chamado de cozido à suíça. Existem também vários pratos vegetarianos, mas pouco vegan, pois é difícil para o chef abdicar do queijo e dos ovos.
As sobremesas são caseiras, inspiradas nas receitas da sua avó, mãe, irmã, entre outras. Há gelados feitos por Nannarella, uma fábrica de gelados do bairro de elevadíssima qualidade. Um grande êxito sempre foi, desde a abertura, o gelado “Basler Leckerli”, um sabor que só se encontra disponível no Bistro Edelweiss, sendo a receita da sua autoria.
Para acompanhar a comida “alpina” há vinhos portugueses, mas também vinhos suíços, tal como franceses e um alemão. De destacar que a lista de vinhos inclui um Merlot del Ticino, um vinho típico da parte sul do país helvético, junto à fronteira italiana, que os amantes de bons vinhos corposos de Itália vão apreciar.
Para aqueles que preferem cervejas, existe uma grande variedade, quer de cervejas alemãs, quer de cervejas belgas. Para o final da refeição, salienta-se a diversidade de aguardentes. Aliás, Marc está especialmente orgulhoso do Bistro Edelweiss ter sempre muitos produtos da destilaria Etter, na Suíça, que diz serem como os Rolls-Royce dos digestivos. Claro que há também a clássica Williamine Morand para os puristas, mas também outros clássicos franceses como Cognac, Calvados ou Armagnac, tal como um licor de noz do Ticino par a quem gosta de bebidas com menor teor alcoólico.
Ainda de realçar que o Bistro tem uma esplanada, também ela do estilo dos anos 70. Seja na esplanada, seja dentro do restaurante, pode aproveitar a oferta 2 por 1, todos os dias da semana, entre as 17h e as 20h. Faça uma visita ao Bistro e venha saborear as iguarias da Suíça de segunda a sexta, desde as 17h e as 24h, e ao fim-de-semana, das 13h às 24h, havendo interrupção para almoços entre final de maio e 31 de agosto
O Bistro Edelweiss festejará o seu décimo segundo aniversário no final de outubro e ainda é o único lugar onde se pode curtir um ambiente “après-ski” ideal depois de um bom dia de praia!