Surgiu em 2009 e atualmente é uma das líderes em software de Gestão Académica no Ensino Superior, área onde a empresa se especializou ao longo dos anos. Em conversa com Hugo Querido, Partner da qubIT, abordou-se a evolução e a implementação do projeto FenixEdu, plataforma de maior sucesso da qubIT e uma das principais ferramentas de colaboração entre instituições, bem como o desafio das tecnologias na educação e o futuro da empresa.
Pode contar como surgiu a qubIT e que valores movem a vossa ação no mercado?
A génese até foi em 2004, quando os futuros sócios se graduaram todos em Eng.ª Informática no Instituto Superior Técnico (IST). Mas acabámos por decidir trabalhar uns anos no mercado, mantendo-nos em contacto até formar a empresa. E o que vimos, o funcionamento geral no desenvolvimento de projetos e software, foi grande parte de passarmos também a querer ser algo diferente… uma empresa que não recorresse a táticas duvidosas e sub-reptícias para procurar ter sucesso (desde a gestão das pessoas ao quebrar da confiança e expectativas dos clientes). E isso acabou por se conseguir, pois de imediato ao arrancar a full-time, no final de 2009, fizemos diferente: não há força comercial, damos visibilidade sobre o estado real dos projetos e roadmaps, dizemos ‘não’ sem hesitar se tal fizer sentido; e tudo isso tem gerado sucesso, vemos em parte uma causa-efeito deste modo de operar, seja pelo feedback dos clientes como de quem trabalhou connosco e decidiu depois emigrar, vendo outras realidades.
E quais as principais áreas de atuação, sendo uma empresa de nicho?
Ao início, ainda pre-qubIT, sempre desenvolvemos tecnologias próprias para nos facilitar o dia a dia como programadores (além de engenheiros); ferramentas para nos ajudar a ser mais eficientes e a prevenir cometer erros, fosse por mecanismos como geração de código ou recurso generalizado a (meta-)modelos, foi sempre o que fizesse sentido para cada tipo de tarefa. E ainda realizámos projetos em áreas diversas, mas após ter início a especialização na solução FenixEdu, para Gestão Académica + Apoio ao Ensino, rapidamente decidimos refazê-la para ser utilizada em qualquer instituição. Inicialmente a solução foi feita no IST, para uso interno, mas para ser viável e com efeito de escala, era necessário poder acomodar qualquer realidade. Assim, atuamos hoje apenas neste segmento, o Ensino Superior: desenvolvemos, numa filosofia de produto, a solução Fenix e comercializamos, numa filosofia de subscrição, projetos de implementação da mesma.
O FenixEdu começou como um projeto de código aberto. Mantém essa filosofia de partilha e colaboração entre instituições?
O projeto FenixEdu original, no IST, era efetivamente open-source. Mas tal nunca se traduziu num nível de colaboração que permitisse generalizar a solução, sempre houve recursos escassos para todos esses objetivos desejáveis. Na qubIT, ao refazer a solução, grande parte da mais-valia vem do nosso redesenho e tecnologia, pelo que nunca se aceitou o risco de haver zero contributos de fora ou, pior, a nossa versão da solução ser utilizada por competidores. Mas reconhecendo a importância da colaboração, implementámos diversos mecanismos para partilhar dados (e modelos) entre instâncias; e mesmo no código-fonte, sendo a solução feita nas tecnologias qubIT, esta pode ser evoluída pelas instituições.
A qubIT assegura, num modelo colaborativo de decisão, a implementação e evolução das vertentes basilares do Fenix, genéricas a todos; e as instituições com equipas de desenvolvimento produzem módulos de especificidades internas. Entendemos que é o melhor cenário possível. Uma base igual, com variações onde faz sentido (não impedindo a evolução transversal da base comum).
Quais as principais inovações e benefícios que levam à adoção da vossa solução? Pois conseguiram, nos últimos anos, consolidar o Fenix em várias instituições…
Soa a cliché, mas é através dos clientes, do impacto de ser tão distinta a proposta Fenix face ao habitual. Nós queremos que as instituições possam tirar partido das três maiores vantagens da solução: abrangência, autonomia e inovação. Mas isto deve ocorrer à velocidade dessas mesmas instituições, não a partir da nossa velocidade de projeto. As relações são sempre de parceria para que, no médio-longo prazo, exista autonomia total na utilização das ferramentas que disponibilizamos; e daqui vem uma importante diferença, a instituição não tem a qubIT no caminho crítico do seu negócio, pois pode modelá-lo, configurá-lo, defini-lo como entender. Somos um parceiro tecnológico que, sendo também especialista no segmento, domina o negócio ao ponto de conseguir implementar ferramentas para que os clientes utilizem a solução com livre arbítrio. Este modelo reparte as responsabilidades do modo mais eficaz, com cada entidade especializada naquilo que faz melhor; além de que não queremos (e podemos nem ter tal direito) definir a estratégia de cada instituição ou como esta deve operar internamente.
E como olham para a transformação tecnológica no ensino? Como darão resposta a esse desafio?
Fala do crescimento no ensino à distância? Ou da adequação individualizada dos percursos letivos dos alunos? Nesse aspeto, infelizmente, Portugal ainda está atrasado. Existem já iniciativas de MOOC, mas, em geral, vemos as instituições ainda focadas em desafios operacionais que já deveriam ter ultrapassado, de gestão e integração de informação. Isto tem-nos permitido explorar algumas direções futuras sem a pressão e urgência da realidade, em especial vários mecanismos de Inteligência Artificial que esperamos começar a disponibilizar em 2025.
Para finalizar, que metas gostaria que a qubIT atingisse no futuro próximo?
Atualmente estamos a consolidar o crescimento. É um esforço consciente (além de ser necessário) equilibrar o aumento da base de clientes com a criação de mais/melhores redundâncias internas. A nossa abrangência de atuação, bem como a dimensão das instituições que connosco trabalham, já exige uma estrutura madura e consolidada para conseguir atender a todas as frentes; além de não queremos diluir os valores pelos quais operamos, pelo que preferimos crescer de modo sólido, mas lento vs. um modo mais imediato sem sustentação.
Já na solução Fenix, estamos nas últimas etapas do macro-ciclo de produto em implementação: um conjunto de mecanismos que visa a colaboração e partilha de informação/conhecimento entre a qubIT, as instituições e, no limite, entre estas autonomamente. Queremos instanciar uma ideia de comunidade Fenix, uma soma das partes.