A UNESCO já efetuou em Portugal 25 classificações de Património da Humanidade. Entre centros históricos, paisagens culturais, parques naturais e sítios arqueológicos são diversos os pontos de visita obrigatória. Vila Viçosa pode, brevemente, ser o mais recente município a ver parte do seu património classificado como “património de todos”. Tiago Salgueiro, o Vice-Presidente da Câmara Municipal, dá a conhecer as principais linhas de orientação do renovado processo de candidatura, que se encontra já em fase final.
Conhecida pelo seu património histórico e monumentos renascentistas, Vila Viçosa é candidata a Património Mundial pela UNESCO. A decisão de candidatar a vila a Património Mundial, numa primeira instância, sob a designação de “Vila Viçosa – Vila Ducal Renascentista”, assentava nas caraterísticas da sua expansão urbanística do século XVI, de acordo com os ideais renascentistas difundidos na época. Após uma primeira candidatura, a Câmara Municipal de Vila Viçosa e a Fundação da Casa de Bragança preparam agora um novo dossier de acordo com as alterações solicitadas, pelo Grupo de Trabalho do Património Mundial da Comissão Nacional da UNESCO. “O renovado processo de candidatura de Vila Viçosa encontra-se em franco desenvolvimento. A Casa de Bragança, a sua história e o seu património são agora fatores fundamentais no projeto e a sua inclusão como promotora desta iniciativa parece-nos ser determinante na forma como estamos a definir o planeamento e a estruturação dos conteúdos”, adianta Tiago Salgueiro. Se anteriormente a questão urbanística de Vila Viçosa constituía o eixo fundamental do processo, nesta nova etapa a Casa de Bragança e a constituição da “corte na aldeia”, como uma espécie de “governo-sombra” face à Monarquia Dual, até à chegada ao poder em 1640, afigura-se como o elemento diferenciador “para que todos percebam a importância política e geoestratégica de Vila Viçosa em diversas vertentes”. Para além da importância do urbanismo e da componente do mármore, neste novo caminho, a inclusão da Tapada como elemento diferenciador em termos do planeamento político da Casa de Bragança, a sua promoção no espaço ibérico como parque cinegético de excelência e a valorização do culto mariano na vertente imaterial, no âmbito do critério VI, são dois dos aspetos fundamentais deste renovado projeto. “Avançamos também para uma primeira campanha de sondagens arqueológicas, que visam procurar elementos das antigas fortificações quinhentistas e estão a ser também desenvolvidos novos estudos históricos sobre as vertentes que não estavam devidamente assumidas no anterior processo”. Toda a história, o património e a excecionalidade deste território justificam claramente que a UNESCO possa atribuir este galardão à vila alentejana. Tiago Salgueiro mostra-se confiante na obtenção desta classificação mundial, sem nunca esquecer que este é apenas o primeiro passo: “Como calipolense, acredito que Vila Viçosa tem todas as condições para merecer essa classificação. Mas há um longo caminho pela frente. Não basta a obtenção de um merecido prémio. É necessário trabalhar afincadamente para perpetuar a classificação, sem correr riscos. Temos que olhar na direção do futuro e encontrar no horizonte formas de recuperar o património”. Sabendo que este processo acarreta dificuldades e desafios, o atual executivo está empenhado na valorização, preservação e classificação de um legado histórico/ patrimonial inigualável. Para isso, conta com o apoio e participação de toda a população, uma vez que a colaboração e inclusão de todos os agentes locais no desenvolvimento desta ação, é fundamental e prioritária para o município. “O envolvimento dos calipolenses nesta candidatura é absolutamente fundamental. Sem um processo democrático em que as pessoas estejam realmente comprometidas com as responsabilidades e desafios, torna-se impossível levar este projeto a bom porto.”