Eunice Neves, diretora do CINDOR, fala-nos da trajetória de um centro de formação em constante crescimento.
O CINDOR – Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria foi fundado em 1984, fruto do protocolo celebrado entre o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP). Poderíamos começar a nossa conversa por conhecer um pouco melhor o CINDOR e os valores que o têm guiado ao longo das últimas décadas?
Sendo o único Centro de Formação do país instituído para formar os recursos humanos do setor de Ourivesaria, Joalharia e Relojoaria, o CINDOR foi criado para responder às necessidades específicas do setor, disponibilizando formação profissional altamente especializada, capaz de muscular o tecido empresarial. Qualificar a mão-de-obra, acompanhar a trajetória de evolução, antecipando os desafios que foram – e continuam – surgindo, e trabalhar estrategicamente para um posicionamento cada vez mais firme, é essa a missão que nos acompanha desde 1984.
CINDOR vem desenvolvendo um importante trabalho junto das empresas e profissionais, valorizando os recursos humanos numa perspetiva transversal a todos os setores de atividade, com particular incidência no setor da ourivesaria. Presentemente, qual a oferta formativa disponibilizada pelo CINDOR, a quem se destina e como aceder a ela?
Aceder à nossa formação é muito simples! Nesta era de transição digital, o CINDOR tem bem presentes questões ambientais e de sustentabilidade, pelo que basta clicar em www.cindor.pt, escolher as formações de interesse e proceder à pré-inscrição. Todo o processo pode ser feito online com um acompanhamento próximo dos nossos serviços. Formar para o setor implica, hoje, qualificar mão-de-obra especializada em diferentes vertentes da cadeia de valor, começando na formação das diferentes técnicas de ourivesaria – no chamado “trabalho de banca”, mas passando também por áreas determinantes para fortalecer a competitividade das empresas, como o design de joalharia, a fotografia de joias, o marketing digital, a gestão de vendas internacionais, gemologia e outras que temos vindo a implementar. A modalidade de e-learning, nascida em plena pandemia, surgiu como resposta rápida à intempérie, posicionando claramente o Centro na era 4.0 em termos de resposta de formação à distância, à qual – orgulhosamente – tem sido reconhecida muita qualidade.
O CINDOR tem vindo a consolidar as suas metodologias inovadoras de formação, permitindo uma respostas individualizada ou em grupo, assente num modelo intencionalizado, autónomo e qualificante. Fale-nos um pouco mais sobre este modelo operacional diferenciado e de que forma constitui uma importante ferramenta na formação de profissionais mais competentes e qualificados?
A diversidade da oferta formativa, nas suas diferentes vertentes e modalidades, aliada à heterogeneidade do perfil dos formandos que constituem os grupos formativos, exige do CINDOR uma maior diversificação das metodologias de ensino aplicadas em formação. Ensinar para uma área profissional é também ensinar para a cidadania e para a capacidade de responder a desafios que certamente irão surgir nos diferentes percursos. É relacionar o saber com o pensamento pedagógico contemporâneo e as práticas de formação profissional aplicadas em contexto de aprendizagem. É preparar profissionais capazes de responder com eficácia e eficiência não só às necessidades no âmbito das hard skills– essenciais, bem sabemos -, mas também ao nível das soft skills, não menos importantes no mercado de trabalho deste século. Esta consciência pedagógica, que não pode afastar-se da nossa missão, leva-nos a não descurar um processo de melhoria contínua que temos vindo a desenvolver, com constante adaptação às mudanças do mercado de trabalho e aos desafios que não param de surgir. A preocupação em acompanhar a evolução das empresas e do mercado, mas também dos processos de ensino-aprendizagem, leva- nos a desenvolver anualmente projetos educativos e planos de atividades assentes nos planos curriculares definidos para cada saída profissional e complementados com atividades pedagógicas muito diversificadas – dentro e fora de portas – que facilitem o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e tecnológicas. Mais do que transferir conhecimento, preocupamo-nos em criar um ecossistema de aprendizagem que estimule a produção e construção de conhecimentos e saberes capazes de preparar formandos – e profissionais – para as grandes transições da atualidade: Digital, Indústria 4.0, Sustentabilidade Ambiental e Economia Social.
O CINDOR tem sido parte ativa no desenvolvimento de diversos projetos inovadores no setor da ourivesaria e joalharia, como é exemplo a participação no projeto “coração colaborativo”. De que forma o CINDOR tem procurado, através da formação ministrada, dar as devidas respostas aos novos desafios?
Os planos anuais de atividades do CINDOR têm sempre em conta o trabalho de proximidade, sendo regularmente implementamos em articulação com entidades parceiras, sempre com o objetivo principal de cativar formandos, motivando-os para a formação e para a área profissional. Esta estratégia tem permitido encontrar respostas estruturadas e concertadas para as necessidades do território, através do fortalecimento de relações em diferentes campos de atuação, propiciando projetos colaborativos que levam o setor e o país aos quatro cantos do mundo e nos projetam mundialmente. O projeto que ficou conhecido como “Coração Colaborativo”, orgulhosamente coordenado pelo CINDOR, a convite do Município de Gondomar, implicou dezenas de empresas de ourivesaria de Gondomar e viajou em 2022 para o Dubai, materializando em forma do maior coração de filigrana do mundo, esta nossa visão concertada.
O CINDOR pretende manter-se na vanguarda, em que o presente inova o passado e a tradição se reinventa e recria, numa dinâmica que alia as pessoas ao mercado de trabalho. O que podemos esperar do centro de formação para o futuro?
O CINDOR do futuro manterá certamente firme a aposta na excelência da formação e na abertura de novas áreas estratégicas para robustecer o tecido empresarial. Será um Centro alicerçado na tradição, no legado e no saber dos mestres artesãos, mas que não descansará na busca do novo, na disseminação do conhecimento, na qualificação de novos talentos, de novas mentes e de novas mãos que continuarão a dar forma aos metais mais preciosos. Um Centro mais tecnológico, que insistirá na inovação pela investigação, capaz de apoiar a trajetória de evolução das empresas num posicionamento cada vez mais competitivo da Joalharia Portuguesa, dentro e fora de fronteiras. Um Centro que continuará a cruzar e fundir o valor incalculável da manualidade com a modernização da joalharia portuguesa, agregando no mesmo espaço criatividade, digital, craftsmanship, sustentabilidade e técnica.