Há um ano, neste mesmo local, escrevia sobre o sentido de responsabilidade que nos era a todos pedido. Era o segundo Natal vivido em contexto de pandemia, a que se seguiu o último confinamento que nos remeteu a quase todos para duas semanas de teletrabalho obrigatório. Hoje, este cenário parece incrivelmente distante e, apesar de temas relacionados com a saúde continuarem na ordem do dia, os motivos são bem diferentes. Infelizmente não são novos, e continuam a remeter-nos para as dificuldades de um dos pilares da construção da nossa democracia – o Serviço Nacional de Saúde.
Olhando para o que foi este ano, aqui na Mais Magazine, não podemos deixar de salientar a importância crescente que a Saúde foi ganhando também nas nossas páginas. Pressinto que continuará a ser assim, não só pela necessidade de reformas, mas também pela procura crescente de serviços privados para colmatar as insuficiências dos serviços públicos. Um
tema quente que promete dar muito que falar não só durante 2023, mas seguramente ao longo dos próximos anos, talvez mesmo décadas.
Dito isto, e apesar da guerra, da inflação galopante, da crise energética, da desilusão da seleção nacional e das alterações climáticas, é tempo de celebrar. Pode parecer ironia, e facilmente escaparia por aí, mas não é. Há momentos na vida em que as comemorações e os festejos são um verdadeiro antídoto contra as inevitabilidades. Nem só do espontâneo e do inesperado vive o nosso contentamento.
Há datas que devem permanecer, sempre, como verdadeiras guardiãs das melhores memórias, que fazem e fizeram valer a pena andar por aqui. Desde logo os aniversários das pessoas que nos são mais queridas, mas também as datas marcantes que foram mudando os nossos estados, que nos foram tornando em quem somos a cada a cada ano que passa.
A nível comunitário nenhuma data será tão universal como o Natal, tendo já há muito ultrapassado a barreira religiosa. Para alguns até poderá continuar a ser o solstício de inverno ou tão somente assinalada como a festa da família, mas também esta noção foi mudando ao longo dos tempos. As famílias de hoje têm muitas configurações possíveis, e o discurso inclusivo, tão em voga noutros temas, não pode esquecer aqueles que moram sozinhos, por exemplo. E em Portugal, de acordo com o os resultados revelados pelo Censos recentemente, são muitos.
Por isso, que haja sobretudo muito respeito, por todos, pelas diferenças, pelo que temos em comum e por aquilo que nos distingue e enriquece. Feliz Natal e que 2023 seja, agora sim, aquele ano de viragem que desejámos há um ano.