A TRATOLIXO surgiu nos anos 80 com o objetivo de dar uma resposta eficaz aos problemas relacionados com o tratamento de resíduos sólidos urbanos nos Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra. Hoje, a empresa intermunicipal certificada, detida em 100% pela AMTRES – Associação de Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, é responsável pelo serviço público de tratamento de resíduos urbanos produzidos pelos mais de 800 mil habitantes deste Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos. Fique a conhecê-la nesta edição da Mais Magazine.
A TRATOLIXO foi criada em 1989 por iniciativa municipal – Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra – e em parceria com entidades privadas, a KOCH Portugal e a HLC S.A, e tem como missão assegurar o tratamento e a valorização dos Resíduos Urbanos (RU) produzidos nos municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, correspondendo a uma população de 860 mil cidadãos, que representa 8,3% do território nacional e cerca de 500 mil toneladas de RU por ano.
Tendo como visão a utilização de técnicas mais avançadas, seguras e ambientalmente adequadas, no tratamento de RU, dando especial ênfase à valorização, à sustentabilidade e à circularidade, considerando-os como fonte de potencial matéria-prima, a TRATOLIXO sempre se manteve na primeira linha na valorização de resíduos e na promoção da recolha seletiva nas áreas geográficas que lhe são confinadas. Graças a uma gestão rigorosa, focada no futuro, na sustentabilidade e nas soluções tecnologicamente mais inovadoras, a TRATOLIXO afirma se hoje uma empresa sustentada: “A gestão de resíduos é realizada na ótica do recurso, firmando todos os esforços na sua valorização mais adequada, abordagem esta que tem por base a projeção de um modelo circular de negócios, sustentada por projetos demonstrativos
das práticas circulares de suporte”. Assim, a atuação da organização permite consolidar um posicionamento que se preconiza pela criação de valor no ciclo produtivo, caracterizado pela reintrodução do “resíduo” como “recurso” na cadeia de valor. “Analisando a cadeia de produção de
resíduos, mais especificamente os biorresíduos (resíduos alimentares produzidos nos domicílios), pode-se concluir que representam mais de 50% do resíduo indiferenciado rececionado. Assim, refletindo sobre as metas portuguesas e europeias a cumprir e considerando que os resíduos alimentares têm origem nas cozinhas, adquirimos um estudo para encontrar soluções regulamentares e de design funcional e integrado para três cozinhas já existentes e uma cozinha nova ideal”, explica a empresa. A solução poderá passar por conceber espaços dedicados a este fim, incorporados em mobiliário ou no exterior, onde a otimização de espaço seja tida em consideração.
O modelo inovador de recolha seletiva de biorresíduos implementado na sua área de intervenção com sacos coloridos para separação ótica foi o escolhido, quer pelas mais-valias económicas, quer pelas mais-valias ambientais. O saco verde permite utilizar o contentor indiferenciado já existente, o mesmo transporte de recolha do indiferenciado, o recurso às mesmas equipas, sem lavagens acrescidas dos camiões de recolha e ainda poupar 300 000 m³ de água/ano, bem como economizar cerca de 850 000 litros de gasóleo/ano, ou seja, 2 250 000kg/CO2, quando comparado com o sistema de recolha dedicada. “Um estudo elaborado pela empresa de Consultoria 3DRIVERS aponta que, um sistema de recolha de biorresíduos em sistema de sacos óticos poderá representar um acréscimo dos custos globais de recolha na gestão de RU no intervalo entre 27% a 43%. Já um sistema dedicado implicará um aumento de custos de recolha na ordem dos 38% a 96%, face ao atual custo de gestão dos RU. Este estudo pode ser consultado em: https://bit.ly/2ST1PV9”.
Neste âmbito, estão em curso projetos-piloto e cada município já procedeu à entrega em cada habitação, de um contentor castanho e de sacos verdes, onde se podem colocar os resíduos orgânicos. Os sacos são feitos a partir de plástico 100% reciclado e têm esta cor diferenciada para serem facilmente separados na TRATOLIXO. “Estamos a estudar soluções ambientais e economicamente viáveis de produção de sacos verdes biodegradáveis, para que também eles possam ser incorporados nos processos de Digestão Anaeróbia e/ou
Compostagem, após a sua utilização, garantindo a circularidade de todo o processo”, assume a empresa portuguesa. A produção de microalgas para produção de um pigmento verde, in situ, está igualmente a ser analisada, com o aproveitamento de calor e outros subprodutos da Digestão Anaeróbia. Ao separar os restos de comida estão-se a reduzir os resíduos enviados para aterro, gerando um maior aproveitamento de recursos para a produção de energia. “A partir do biogás produzido geramos energia verde que é vendida à rede elétrica nacional. Produzimos composto orgânico para aplicação agrícola, ótimo contributo para o aumento de fertilidade do solo e reutilizamos a água tratada na Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes (ETAL)”. Promover a reutilização da água que consome nas suas instalações é uma resposta eficaz da TRATOLIXO ao desperdício de água, o que permite a mitigação de impactes ambientais e a redução de custos. Neste âmbito, a TRATOLIXO publicou no seu site o estudo “Relatório final da Avaliação Técnica, Económica e Ambiental do Sistema de Recolha Seletiva de Biorresíduos em Co-Colecção”, em https://bit.ly/3mWCfaY, que conclui que esta solução é “mais rentável, mais resiliente e mais sustentável do que qualquer outra, para o cumprimento das metas que se pretendem atingir tanto em Portugal, como na Europa”.
Investimentos reforçam capacidade da TRATOLIXO no tratamento dos RU
Tendo alcançado a certificação do seu Sistema de Gestão da Qualidade em 2003, e posteriormente do seu Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho, a TRATOLIXO tem vindo a realizar um conjunto de ações e investimentos de modo a desenvolver as melhores soluções para o tratamento dos RU. O recente investimento na construção da nova Central de Triagem (CT) de Resíduos de Embalagem de Trajouce constitui o exemplo mais relevante das medidas implementadas nos últimos anos para fazer face a estas preocupações. “Em 2019 a nova CT, infraestrutura cofinanciada em 85% pelo POSEUR (projeto POSEUR-03-1911-FC-000054), iniciou o seu funcionamento com duas linhas de triagem distintas para os materiais de papel/cartão e embalagens de plástico, metal e ECAL provenientes de recolha seletiva dos ecopontos azul e amarelo”, explica.
As duas linhas apresentam um elevado grau de automatização, através da instalação de equipamentos automáticos tecnologicamente inovadores e mais eficientes, que permitem atingir elevadas taxas de eficiência processuais e que têm como objetivo o cumprimento
das metas e estratégia comunitária para a prevenção, reciclagem e valorização do resíduo como recurso e, consequentemente, uma crescente minimização da deposição em aterro. Atendendo à sua capacidade instalada e aumento de eficiência, o desempenho futuro desta infraestrutura permitirá, assim, uma elevada recuperação destes materiais recicláveis, promovendo a reciclagem e valorização de resíduos, bem como a diminuição da fração rejeitada do processo, o que possibilitará “o cumprimento das metas comunitárias referentes às retomas de recolha seletiva, de preparação para reutilização e reciclagem e contribuirá para a redução da deposição de resíduos em aterro, metas impostas no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020) para o Sistema”.
Mais recentemente, em maio de 2022, entrou em funcionamento a nova Central de Compostagem para Resíduos Verdes oriundos de recolha seletiva. Atualmente, já são recolhidos seletivamente pelos Municípios quantidades significativas de biorresíduos de jardins e parques, no entanto, por falta de capacidade de tratamento, os mesmos não estavam a ser encaminhados para valorização orgânica. “A maioria destes resíduos era encaminhada para valorização em operador externo ao Sistema, não estando a contribuir para as metas de preparação para reutilização e reciclagem do Sistema (PPRR)”. Esta nova Central de Compostagem permitirá à TRATOLIXO o tratamento da totalidade dos resíduos verdes produzidos e recolhidos na sua área de intervenção, sendo relevante o contributo da operação para atingir as metas nacionais com um acréscimo de 44.000 toneladas de biorresíduos de recolha seletiva tratados organicamente. “Assim podemos assegurar que ambos os investimentos potenciam uma gestão tecnológica mais eficiente e conducente ao aumento da circularidade dos resíduos urbanos”, afirma a empresa intermunicipal.
Nova unidade no Ecoparque de Trajouce reforça capacidade de tratamento de resíduos verdes
A TRATOLIXO inaugurou, recentemente, uma nova unidade no Ecoparque de Trajouce, em Cascais, que permitirá o reforço da sua capacidade anual de tratamento de resíduos verdes e a produção de composto orgânico de elevada qualidade. Com um investimento que ascendeu os 5,2 M€, esta nova unidade destina-se ao tratamento de biorresíduos de recolha seletiva e terá uma capacidade anual para tratar 50 mil toneladas de resíduos verdes, o que representa um aumento de 88% dessa capacidade de tratamento da totalidade dos resíduos verdes produzidos e recolhidos na área de intervenção da TRATOLIXO. Para além disso, esta nova unidade irá ainda produzir composto orgânico de elevada qualidade, contribuindo para as exigentes metas relativas à preparação para reutilização e reciclagem, incrementando o desvio de Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB) de aterro e reduzir as emissões de GEE (Gases de Efeito de Estufa), indo ao encontro das políticas de mitigação das alterações climáticas e de promoção da transição para uma economia competitiva e de baixo carbono previstas no PNAC 2020/2030. Para além disso, “esta unidade foi construída através da requalificação dos antigos parques de compostagem da CITRS de Trajouce, sendo que a requalificação e adaptação dos antigos parques de compostagem, assente nos princípios da economia circular, para além dos benefícios económicos, comparativamente à construção de um novo edifício, traz claros benefícios ambientais, pelo menor uso de recursos naturais de uma requalificação, face à demolição e construção de um novo edifício”, esclarece a TRATOLIXO.
No âmbito desta requalificação, a TRATOLIXO, experiente no setor e atenta ao seu desempenho ambiental, teve também em consideração a sustentabilidade, a eficiência energética da instalação e a racionalização do consumo de água. “Considerando que o processo consome energia, foi instalada uma unidade de autoconsumo, baseada em painéis solares fotovoltaicos e, uma vez que este processo de tratamento requer um quantitativo substancial de água para manutenção do teor ideal de humidade para o processo de compostagem, ir-se-á recuperar as águas pluviais para a rega das pilhas, recorrendo a caleiras instaladas nas coberturas que serão encaminhadas para um depósito que alimentará o processo”.