Estende-se pela margem sul do Tejo e confere aos visitantes “experiências ligadas ao mundo rural”. Atualmente, “produzem vinhos de
personalidade vincada e qualidade reconhecida, caminhando para uma produção total de aproximadamente 700 mil garrafas”. E nos 50 hectares de vinhas é possível encontrar “castas nacionais e internacionais”, destacando-se a Fernão Pires nas brancas e a Syrah nas tintas. Tendo uma oferta diversificada no enoturismo, desejam em breve apostar em eventos e nas estadias.
É preciso folhear os livros da História de Portugal até ao século XII para começar a contar a origem da Quinta da Lagoalva de Cima. Essa, na época, pertenceu à Ordem de Santiago de Espada durante seis séculos e, mais tarde, já com o 2º Duque de Palmela é que “passou a pertencer à família Palmela, que ao longo de cerca de duzentos anos foi sucedendo o legado pelos seus descendentes até ao dia de hoje, em que as terras são pertença do Grupo Lagoalva”. Todos estes dizeres históricos fazem “parte integrante do DNA dos vinhos produzidos” nesta quinta, onde “a tradição e a inovação são indissociáveis em todas as atividades e na produção vinícola”, conta-nos Miguel Campilho, Vogal do Conselho de Administração da Quinta da Lagoalva de Cima. O mesmo adianta que a “equipa de enologia liderada por Pedro Pinhão procura conjugar o melhor do modelo do ‘Novo Mundo’ com as importantes opções tradicionais, afirmando os vinhos como um resultado das características e personalidades marcantes das castas”. Por isso, a Lagoalva, foi “um dos primeiros produtores de vinho a apostar na casta Syrah, em Portugal”. O savoir-faire vai mais longe, visto que ainda este ano vão lançar “um branco sem adição de Sulfitos, o SO2 Free”.
O enoturismo também é uma das áreas principais deste espaço, possibilitando experiências que “estão sempre ligadas à história da quinta, à
natureza e à experiência agrícola”. Na primeira há a possibilidade de visitar a propriedade, “incluindo o recente museu de carros de cavalos”; na segunda os visitantes têm à sua disposição “o observatório de aves, os passeios a cavalo ou de charrete pelo campo, as demonstrações equestres e as visitas ao picadeiro e às cavalariças”; e na terceira encontram-se disponíveis as “visitas técnicas ao campo”. Conhecer a adega e apreciar os vinhos e o azeite são “pontos comuns” em grande parte destas atividades, com o intuito de “dar a provar o sabor daquilo que se produz”. Além disso, existe a oportunidade de o turista “partilhar refeições com os acionistas’’ do grupo. Neste momento, o conceito deste serviço passa por “reformular e testar novas fórmulas e modelos, com vista a que no futuro possam diversificar a oferta, através de eventos e estadias na Quinta, potenciando assim as infraestruturas existentes”. A administração acredita “que o enoturismo é um produto turístico em crescimento e tem um papel cada vez mais importante na promoção da Quinta e da região onde está inserida, contribuído para promover uma imagem positiva das mesmas e para a construção de uma presença distintiva de marca”.
Os apreciadores e curiosos destas experiências encontram-se “entre os 35 e os 70 anos, essencialmente portugueses, mas também há um
mix diversificado de nacionalidades (americanos, franceses, espanhóis e brasileiros).” Miguel Campilho conta que ao longo do tempo procuram comunicar e estimular a prática de enoturismo nas redes sociais, mas também ao “investir em parcerias com agências e operadores turísticos”, bem como ao marcarem presença “em feiras e meios de comunicação da especialidade”. Esta simbiose tem vindo
a conquistar a geração mais jovem, que procura os “programas para momentos, como os aniversários, ou as despedidas de solteiros”, todavia ainda carece de alguma recorrência.
Um vinho chamado sustentabilidade e os prémios nacionais
“Vinhos que vão bem com o ambiente” é uma das iniciativas da Quinta da Lagoalva de Cima que incentiva a promoção de comportamentos sustentáveis. A gama de vinhos que cabe nesta campanha é “de qualidade apreciada pelo consumidor” e estes são “produzidos em harmonia com a preservação do meio ambiente”. Nas vinhas, “certificadas em modo produção integrada”, é praticado “o enrelvamento da entrelinha, que permite a preservação da estrutura do solo e evita a mineralização da matéria orgânica”. Neste sentido, dispõem de “sondas de monitorização de água no solo, que juntamente com os dados da estação meteorológica ajudam a regar de forma eficiente e quando necessário”. A par disso, estão “neste momento no segundo ano de conversão para o modo de produção biológico, de uma parcela da casta Alfrocheiro”.
Recentemente, alguns vinhos da gama da Quinta da Lagoalva foram premiados no Concurso Vinhos 2022. Questionado sobre a importância destas distinções, o vogal revelou a honra que sentem e que as mesmas são “sempre um estímulo” ao trabalho desenvolvido.
Miguel Campilho termina a conversa com otimismo, afirmando que existem “planos ambiciosos de consolidação da marca, com boas perspetivas de crescimento na área do vinho e enoturismo, mas sem nunca abdicar dos valores e tradição”. O próprio ainda acrescenta que “no futuro muito próximo pretendem alargar a oferta turística e conciliar essa atividade com uma Quinta em plena atividade agrícola”. Acreditando que se vai falar muito sobre a Quinta da Lagoalva, o entrevistado convida todos os nossos leitores a visitarem o espaço e a provar os vinhos, garantindo que “vai valer a pena”.