A Associação dos Industriais de Vidro Plano de Portugal (AIVTPP) foi fundada em 1976. Desde então tem vindo a desenvolver um trabalho meritório na defesa dos legítimos interesses e direitos dos seus associados e na sua representação junto de entidades públicas e privadas. Numa edição dedicada ao Ano Internacional do Vidro, estivemos à conversa com Rui Oliveira Silva, Presidente da AIVTPP, que nos deu a conhecer a realidade deste setor e a importância que o vidro tem e continuará a ter na sociedade.
Diariamente temos contacto com os mais variados objetos no nosso dia-a-dia. Das janelas aos utensílios domésticos, das montras das lojas aos para-brisas dos automóveis, o vidro é um dos elementos que está, praticamente, sempre presente. Com uma forte tradição neste setor, Portugal conta atualmente com centenas de empresas da indústria vidreira, representadas hoje pela Associação dos Industriais de Vidro Plano de Portugal, que vem ao longo dos anos desenvolvendo um importante trabalho na defesa dos direitos e interesses dos seus cerca de 100 associados. “A AITVPP pretende, igualmente, ser uma referência no âmbito da formação qualificada para o setor. Em geral, desempenhar quaisquer outras funções de interesse para os associados permitidos por lei ou que por esta lhe venham a ser reconhecidas”, explica Rui Oliveira Silva.
Indústria vidreira: um setor em mudança
Antes da crise da Covid-19, o mercado português de vidro plano experimentou um crescimento ininterrupto de 2015 a 2019. No entanto, a Covid-19 teve os seus efeitos na indústria mundial do vidro plano, com repercussões diretas, positivas e negativas, no mercado português. Os dois anos de pandemia despertaram nas pessoas necessidades que até então não eram percetíveis. “Os longos períodos em que permaneceram nas suas habitações fez com que as descobertas de necessidades os levassem a investir mais no seu bem-estar. A poupança e o conforto passaram a ter uma importância acrescida o que levou a que o investimento nestas áreas fosse uma constante nos anos de pandemia”, explica. O mercado da renovação foi assim muito importante para garantir a atividade no setor vidreiro. Por outro lado, a crise no fornecimento de vidro, à semelhança de outras matérias-primas, fez com que este setor fosse fortemente penalizado pela escassez e pelo aumento do preço.
O desafio imposto pela crise constitui uma oportunidade única para os fabricantes, fornecedores e distribuidores de vidro repensarem modelos de negócio e de distribuição, que pouco ou nada mudaram em décadas. A aposta das empresas do setor no aumento da capacidade de produção instalada, na inovação dos produtos e tecnologia, fez com que Portugal consiga hoje ser competitivo em qualquer projeto à escala global. “A pandemia fez também com que as empresas deste setor tivessem de comunicar com os seus clientes de uma forma diferente. Assim sendo, assistimos a um investimento em plataformas digitais e comunicação eletrónica”.
Vidro: uma opção mais sustentável e amiga do ambiente
Reciclar uma embalagem de vidro é sinónimo de economia circular, uma vez que pode ser reciclada infinitamente sem perder a qualidade ou pureza do produto. Numa altura em que, cada vez mais, a proteção do meio ambiente está na ordem do dia, as empresas vidreiras portuguesas têm procurado estar na linha da frente da proteção ambiental, como nos explica Rui Oliveira Silva: “As empresas vidreiras estão muito atentas ao impacte ambiental dos seus produtos. Nesta perspetiva, a produção de vidro incorpora cerca de 30% de material reciclado, sendo que o vidro é infinitamente reciclável”. A separação de resíduos de vidro é feita com efetividade em praticamente todos os intervenientes, sendo que o setor dispõe de empresas especializadas na sua recolha e tratamento. “O setor pretende com estas iniciativas, a preservação dos recursos naturais e a poupança energética, diminuindo a pegada ecológica dos seus produtos”, finaliza.