Quando começámos a trabalhar nesta edição da Mais Magazine o país atravessava uma grave seca, e todos os dias víamos e liamos notícias sobre os caudais historicamente baixos de rios e albufeiras. No dia em que escrevo este editorial a situação já é um pouco menos grave, porque felizmente foi chovendo, mas todo o território continental continua em situação de seca, com os casos mais preocupantes a situarem-se em Bragança e a sul do Tejo.
O tema da água, e sobretudo da falta dela, nunca terá sido tão premente. A presença de água é condição essencial para a existência de vida no universo. Até onde a vista humana já tenha conseguido alcançar, com recurso aos mais potentes telescópios, o nosso Planeta Azul continua a ser o local onde ela se encontra em melhores condições de temperatura para fluir no seu estado líquido. No entanto, como a todo o ambiente em geral, andamos a tratar muito mal a nossa água, a poluí-la e desperdiçá-la a um ritmo preocupante. Enquanto ela vai correndo nas torneiras damo-la por adquirida e, como a tantas outras coisas, só se lhe dá o real valor quando ela falta.
A consciência deste problema não é nova e, por isso, as Nações Unidas criaram, há já 30 anos, o Dia Mundial da Água, para alertar todos para a necessidade urgente de preservar e poupar esta maravilhosa combinação de dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio. É neste mês que se comemora, já no próximo dia 22. Portugal, neste aspeto, tem também uma imensa riqueza natural – águas minerais cristalinas de grande qualidade, rios e bacias hidrográficas de enorme beleza e estâncias termais recheadas de História(s) para contar. É disso que lhe falamos nesta recheada edição, para além de outros temas que, esperamos, sejam do seu interesse.
Mas antes de o(a) convidar a passar às próximas páginas há um acontecimento que não posso deixar de referir – a invasão do exército russo de Vladimir Putin à Ucrânia. A guerra de regresso à Europa, com mais uma tragédia humanitária bem à nossa porta. É certo que os critérios editoriais da nossa revista não abarcam este tipo de conteúdos, mas quando esta for uma edição antiga recuperada do fundo do baú, saiba-se que não fomos indiferentes ao que então se passava no mundo. E não só nesse futuro distante, mas já hoje, informamos quem nos lê de que não somos meros observadores acríticos dos acontecimentos. Quem tem o mais pequeno espaço que seja para escrever duas linhas de pensamento não pode, despretensiosamente, deixar passar a oportunidade de se solidarizar com todos aqueles que lutam pela sua (e logo também nossa) liberdade. Hoje com o povo ucraniano, sempre com todos os povos vítimas de ditadores e atrocidades. Que o futuro nos traga de volta a humanidade.