Romana, termal e fronteiriça – falamos, claro está, da bela cidade de Chaves. Com uma história milenar da qual fazem parte povos como Romanos, Suevos ou Muçulmanos, passear por Chaves é como embarcar numa autêntica viagem no tempo, como comprova a sua ponte romana, considerada a mais antiga de Portugal. Nesta edição da Mais Magazine damos-lhe a conhecer um pouco melhor esta cidade transmontana, cuja história começou a ser escrita há milhares de anos, quando se descobriu que lá brotavam águas termais com propriedades terapêuticas únicas. Bem-vindos a Chaves, bem-vindos à eterna “Aquae Flavie”.
Para quem procura um local idílico e carregado de história para visitar em Portugal, Chaves estará certamente no topo da lista. A sua história remonta há cerca de dois mil anos, quando o imperador Flávio Vespusiano, reconhecendo a qualidade das águas com poderes curativos que brotavam das nascentes lá situadas, fundou a “Aquae Flavie” que ainda hoje dá nome aos seus habitantes, flavienses. “A água termal que brota em Chaves é, de facto, muito especial e os romanos já tinham isso bem claro. Aproveitaram as qualidades destas águas para cuidar da sua saúde e construíram um Balneário Termal na cidade, que batizaram de “Aquae Flaviae” (As Águas de Flávio), em homenagem ao amor do Imperador da época pela água”, começa por explicar Nuno Vaz, presidente do Município de Chaves.
Águas quentes de Chaves com tradição milenar de cura
É junto à margem direita do Rio Tâmega, a 92 metros de profundidade, que nasce esta água medicinal. Brota a 76 graus centígrados e tem uma composição única na Península Ibérica: é gasocarbónica, bicarbonatada e rica em minerais. As caraterísticas únicas desta água termal, aliadas a técnicas termais reconhecidas, tornam- na indicada para o tratamento de várias patologias, como as músculo-esqueléticas, que podem incluir doenças degenerativas, inflamatórias e de recuperação pós-traumática e que tipicamente se associam a artrites, espondilites e fibromialgia. Além destas, as Termas de Chaves são ainda indicadas para a prevenção e tratamento de patologias digestivas e das vias respiratórias. Estas indicações são transversais a qualquer idade, desde crianças até aquistas mais velhos, que escolhem as termas como um aliado no que toca não só à saúde, mas também ao bem-estar. “Nas Termas de Chaves existem respostas para diversas patologias, bem como para as sequelas que se vão reconhecendo nas pessoas infetadas com a Covid-19”, elucida Nuno Vaz. De facto, no último ano as termas têm vindo a registar uma procura acrescida para o tratamento de problemas de saúde que ficaram para trás durante os últimos anos, assim como outros que surgiram durante a pandemia. Falamos das sequelas físicas, mas também emocionais, em muitos dos doentes recuperados da Covid-19. Como se trata de uma infeção das vias respiratórias esta tem-se traduzido essencialmente em problemas respiratórios a longo prazo para os quais existe uma resposta singular. “Como cada pessoa é diferente, antes de iniciar o tratamento, o aquista tem uma consulta com um médico Hidrologista que avalia as sequelas apresentadas e desenvolve um programa pensado especificamente para cada um dos utentes”.
Museu das Termas Romanas de Chaves
O turismo é uma das grandes apostas estratégicas do município para o desenvolvimento de Chaves. Tendo como grande vantagem competitiva as propriedades únicas das suas águas termais, Chaves diversifica a sua atratividade e oferta com novos e renovados espaços, como é exemplo o recém-inaugurado Museu das Termas Romanas de Chaves, o maior balneário da Península Ibérica e um dos maiores da Europa. Visitar o Museu das Termas Romanas de Chaves é recuar cerca de dois mil anos no tempo. Foram descobertas durante a construção de um parque de estacionamento e são verdadeiramente surpreendentes. Consta que estão entre as cinco termas medicinais romanas mais bem preservadas em todo o mundo, motivo por si só suficiente para despertar curiosidade e merecer uma visita. Quem visite o espaço embarca numa autêntica viagem para os tempos em que os romanos cuidavam da saúde com recurso a águas terapêuticas que brotam do solo a cerca de 70 graus centígrados. “A maioria das estruturas deste espaço museológico fazem parte de um Complexo Termal de tipo terapêutico, no qual se destacam duas grandes piscinas alimentadas por nascentes termais e outras de menor dimensão em torno das quais se organizavam salas dedicadas a diversos tratamentos: banhos de imersão individuais, banhos por aspersão de água, tratamentos de vapor e massagens”, elucida o presidente. A história deste local encontra-se patente através das ruínas, de uma exposição de artefactos, bem como dos painéis explicativos, dos ecrãs e mesa táctil interativa que revelam também os vestígios da muralha seiscentista e as imagens da prospeção e escavação, que colocou a descoberto este achado arqueológico. Na visita ao museu é ainda possível observar “o sistema hidráulico em pleno funcionamento e apreciar algumas peças dedicadas à arquitetura e decoração do edifício, às técnicas construtivas e ao culto religioso”.
Um importante ativo turístico para o concelho
Classificado como Monumento Nacional em 2012 e considerado o mais importante Complexo Termal português. As Termas Medicinais Romanas constituem-se agora, a par com a Ponte Romana de Trajano, a “joia da coroa” e um dos principais centros de atração turística para este território, que pretende recuperar as perdas acumuladas em tempos de pandemia, apostando de forma declarada na maximização dos recursos excecionais existentes. “Com a abertura deste espaço museológico, Chaves passa a ter uma complementaridade entre o passado e o presente, entre a história e as atuais termas, que muito têm contribuído para o desenvolvimento económico da região, traduzindo-se uma grande aposta na estratégia do setor do turismo”, explica o presidente acerca da importância deste ativo.
O turismo de saúde e bem-estar é o produto de excelência da região que aliado um conjunto de valências promove um destino com propostas diferenciadoras, a todos os que procuram uma alternativa para recuperar energias. Hoje, mais de dois mil anos depois, Chaves continua a ser, sem dúvida, um destino termal por excelência que muito tem para lhe oferecer. Prova disso são os milhares de aquistas que escolhem o Balneário Termal de Chaves todos os anos – provenientes não só de vários pontos do país, mas também do estrangeiro – para tirarem proveito de um produto endógeno e tão especial como a esta água termal e da excelência dos tratamentos praticados no Balneário Flaviense. “Chaves possui, sem dúvida, uma das unidades termais mais diferenciadas da Península Ibérica, com modernas instalações e onde o visitante pode desfrutar-se da qualidade assistencial e terapêutica das suas águas”. A passagem por Chaves irá desafiar cada visitante a admirar o esplendor da Torre de Menagem, a geometria do Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, das fortificações dispersas pelo território e de todo o perímetro das muralhas, onde a beleza do casco histórico sobressai e em que as típicas varandas floridas o envaidecem e o tornam absolutamente excecional. A visita à icónica ponte romana de Trajano, às igrejas da Misericórdia e Matriz e ao complexo termal de Chaves e Vidago, tornar-se-á o condimento essencial para se degustar de uma forma especial as iguarias gastronómicas como os pastéis, o presunto e o folar de Chaves. “Uma terra de beleza ímpar onde os sentidos se perdem na natureza estonteante das margens do Tâmega, onde o tempo parece sempre pouco para a fruir de toda a beleza deste verde vale, onde épicos e inolvidáveis períodos históricos foram aqui vivenciados por imponentes civilizações que deixaram o seu cunho em cada canto, em cada rua e em cada um de nós”.
Uma cidade mais sustentável e inclusiva
As cidades são os motores da economia, catalisadores de criatividade e inovação. Chaves é um desses polos, geradores de emprego e oportunidades. Neste contexto, o desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo surge cada vez mais como um desafio a ser ultrapassado e para o qual o executivo municipal tem direcionado grande parte dos seus esforços. “Nos últimos anos, o Município de Chaves tem vindo a implementar um programa de regeneração urbana, no âmbito de um Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, que se encontra a transformar Chaves numa cidade mais inclusiva”, esclarece o edil. Neste contexto, o concelho está a ser dotado de uma mobilidade mais sustentável, com acessibilidades mais seguras e confortáveis, mais espaços de circulação pedonal, onde a arborização detém um papel preponderante. O conjunto de intervenções no perímetro urbano permitem, em simultâneo, fomentar o abrandamento do tráfego automóvel, melhorando a segurança dos condutores e peões e, consequentemente, concretiza o objetivo de redução de emissões de CO2. Paralelamente, a estratégia municipal tem incidido na construção de dezenas de circuitos e ecovias, com percursos cicláveis, pedonais e contemplativos, numa promoção do turismo de natureza. “A autarquia tem vindo a realizar um esforço considerável no sentido de intervir em áreas de atuação, que promovem um desenvolvimento urbano harmonioso e sustentável. Para tal, têm vindo a ser implementados diversos projetos que têm permitido a concretização de investimentos em diversas áreas temáticas, como a mobilidade, a reabilitação urbana, a eficiência energética, a inclusão social, a educação, a cultura e turismo, o desenvolvimento económico, o ambiente e a modernização administrativa”. Neste sentido têm sido promovidas ações conjuntas, através de parcerias com diferentes agentes locais, que se têm revelado indispensáveis na identificação e implementação de soluções, capazes de criar dinâmicas económicas e sociais que potenciam a melhoria da qualidade de vida da população local. “A título de exemplo, o conjunto de iniciativas de apresentação aos munícipes dos projetos mais relevantes para o território, ou a concretização das Medidas Compensatórias relativas à Fauna e Flora, estabelecidas no Sistema Electroprodutor do Tâmega – “Barragens do Tâmega”, que incluíram intervenções de reflorestação de cerca de 90 hectares, com a plantação de cerca de 50 mil árvores de diversas espécies como cerejeira-brava, sobreiro, carvalho-alvarinho, castanheiro ou medronheiro”.
Água: Um bem de todos e para todos
Numa edição dedicada ao Dia Mundial da Água ressalvamos a importância da preservação e do uso consciente deste recurso natural. Esta tem sido também uma temática muito abordada pelo Município de Chaves que vem apostando na consciencialização da importância deste recurso, nomeadamente através do projeto “Eficiência Hídrica com Remuneração por Desempenho”, desenvolvido em parceria com a Indaqua. “A água é um recurso endógeno transversal ao território do Alto Tâmega, que por se tratar de algo tão valioso, foi escolhido como base para a estratégia de desenvolvimento territorial dos municípios do Alto Tâmega. Esta matéria adquire especial relevância no concelho, tendo em conta que em 2017 se encontrava numa situação insustentável de ineficiência hídrica, registando perdas de água superiores a 70 por cento”, confidencia Nuno Vaz. Com este contexto de partida, a aposta na eficiência da gestão do abastecimento de água no concelho foi identificada como uma prioridade absoluta, de forma a concretizar um futuro mais sustentável para todos e a preservação de um bem cada vez mais escasso. “Trata-se de uma nova ação que vem reforçar o caminho trilhado, representando mais um investimento de aproximadamente 1,7 milhões de euros, procurando garantir ao território benefícios ao nível ambiental, bem como ao nível económico, já que o concelho é expectável a obtenção de uma poupança superior a 2,3 milhões de euros”, esclarece o presidente que adianta ainda que, para alcançar tais metas, irão prosseguir com a reabilitação de infraestruturas, que contam com a implementação de sistemas de inteligência artificial que permitirão a análise dos dados recolhidos e apoiar na rápida atuação no terreno para eliminação de fugas ao longos dos 495Km de redes de água, permitindo ainda a redução da pressão em zonas críticas, de forma a diminuir o número de roturas e gastos associados à resolução das mesmas. “Para nós, estava claro que o Município não poderia continuar a suportar perdas de água superiores a 70 por cento e nada fazer e com essa perspetiva acreditamos que a mudança só acontece se for acompanhada pela mudança de atitudes e valores que encorajem sentimentos de preocupação com o ambiente e motivem ações de proteção”. É neste sentido que o Município de Chaves tem procurado envolver a comunidade nesta temática e, simultaneamente, consciencializá-la para a importância da preservação e do uso sustentável da água. “Encetámos campanhas informativas de alerta, sobretudo através das redes sociais, campanhas mediáticas específicas e direcionadas especialmente aos públicos mais jovens, pois acreditamos que serão os jovens que detêm a capacidade de mobilização mais eficaz junto dos seus pais e avós”, finaliza. Conhecida pela capacidade de bem-receber e a rica gastronomia, Chaves convida à descoberta da região do Alto Tâmega com tanto para oferecer!