Situada no coração do Alentejo, Beja encanta os viajantes com a sua história milenar, belas paisagens e rica gastronomia. Chegando pela EN-18, explore roteiros que revelam heranças romanas, tradições vinícolas e delícias regionais. Visite os miradouros e descubra a magia desta cidade, onde cada canto conta uma história única.
No centro da planície, no centro do Sul, todos os caminhos deste território desenham-se para chegar à cidade outrora conhecida com o nome de “Paz”. A estrada EN-18 é um desses caminhos. Ao entrar no concelho pelo seu lado norte, é desta estrada que se vislumbra ao longe a silhueta de Beja, cidade antiga, que há quase três milénios estende o seu olhar sobre a peneplanície do Baixo Alentejo. Com tamanha antiguidade, são muitos os lugares para o viajante da EN-18 conhecer. Dois roteiros, “Pelos Campos de Beja” e “Pelas Ruas de Beja”, oferecidos pela Câmara Municipal de Beja no seu Posto de Turismo, com morada no Castelo da cidade, constituem guias preciosos para esta descoberta dos seus tempos e lugares. Ambos contam a história da paisagem agrária e dos aglomerados populacionais. São Matias é um desses lugares; aldeia à beira da EN-18, e onde facilmente se ouve falar de vinho. Na verdade, outrora conhecidas como “terras de pão”, as paisagens belíssimas de Beja foram e são cada vez mais, terras de vinho. Aumentam os produtores deste líquido de afetos, da amizade tão prezada pelo povo Alentejano e retomam-se velhas tradições, como o milenar vinho de talha. Em Beja são vários os lugares de prova a cujo roteiro podemos juntar pequenos passeios a lugares de fabrico de talhas, como Beringel (em estrada próxima que conflui com a EN-18), ou espaços de antigas tabernas e adegas.
Para passar o tempo é preciso um lugar, de preferência onde muito se possa abarcar e Beja, já o dissemos, é mais alta do que a planície em redor. Chegado à cidade, o viajante da EN-18 poderá apreciá-la visitando os miradouros da cidade, no Terreirinho das Peças, por exemplo, ou a partir do alto da Torre de Menagem, de onde é possível contemplar a paisagem envolvente, com dezenas de quilómetros de extensão, e ter um vislumbre de Espanha, com as faldas de Aracena a leste, ou da Serra de Portel a norte. A paisagem tem lonjura, mas voltemos à medida do tempo. Por aqui habitaram primeiro comunidades da Idade do Ferro cujos vestígios podem ser apreciados no Núcleo Museológico do Sembrano. Por volta do ano século I a.C. instalam-se em Beja outros forasteiros, homens de Roma que conquistaram todo o Mediterrâneo. É no quadro de um vasto império que Beja ganhará ainda mais importância. Vem a ser denominada de Pax Iulia, e o seu estatuto de colónia romana garantia aos seus habitantes direitos semelhantes aos da cidade capital do império; é a segunda cidade mais importante da província da Lusitânia e, por essa razão, a cidade mais importante a Sul do rio Tejo no que é o atual território português. Dos séculos seguintes, até aos nossos dias, são vários os testemunhos que podem ser visitados neste périplo por Beja, mas aconselhamos um passeio pelas ruas do seu Centro Histórico. O peso e a beleza do tempo estão nos pequenos pormenores arquitetónicos, nas Arcadas Manuelinas da Praça da República, centro da cidade, na incomum, mas bela Igreja da Misericórdia. Tudo isto a vista pode abarcar no Centro Histórico de Beja. É um tempo que pesa, por ser antigo, o que obrigará a um merecido descanso que privilegie outro tesouro desta região: a sua gastronomia. Na cidade e nas aldeias em seu redor, é possível encontrar vários restaurantes e cafés onde a comida regional, da mais tradicional à mais sofisticada, vai à mesa. Delícias como a carne de porco alentejano, o cozido de grão ou as diferentes sopas de pão, como o gaspacho ou a açorda. E se para além de comer, o visitante quiser aprender a cozinhar para impressionar amigos e familiares, Beja tem ao dispor do visitante oficinas de gastronomia tradicional. Espreite o catálogo Beja Experience e veja como sozinho ou em família pode conhecer esta e outras tradições da região de forma criativa. Para além destes pratos, outro ex libris da cidade, delícias de suprema, diríamos divina, felicidade, é a doçaria conventual de que Beja emanou para muitos outros locais do país. Tanta doçura exige uma caminhada, a visitar, por exemplo, o comércio tradicional, com algumas lojas de artesanato onde pode levar consigo um mimo do Alentejo.
Para continuar a “desmoer”, como se diz por estas terras, de tão boas refeições, o ideal é regressar à estrada EN-18 e seguir em direção ao Penedo Gordo. Um pouco antes dessa aldeia, pode virar à direita por um caminho rural assinalado e visitar a Villa Romana de Pisões. Já lhe dissemos que Beja, Pax Iulia nesse tempo, era um território muito importante, não dissemos? Pisões testemunha esse legado. Não perca a oportunidade de visitar as ruínas e, se lhe apetecer um mergulho, dar um salto à Praia Fluvial, ali a cerca de dois quilómetros. Mas a estrada continua e antes de sair o concelho ainda há tempo para outras descobertas. Na área da antiga aldeia de Santa Vitória tem a oportunidade de ficar a conhecer o ecossistema da Barragem do Roxo, uma paisagem esverdeada onde poderá contactar com manchas de montado tradicional. É um exemplo de como poderá aproveitar Beja e calcorrear ainda mais a planície, desfrutar o que oferecem as suas quinze aldeias, da beleza da paisagem às tradições rurais, às atividades de ar livre, como o voo de balão de ar quente, as descidas do Guadiana, o grande rio do Sul, em caiaque, ou passeios de jipe pelas maravilhas do montado. Teríamos muitos mais motivos de visita para vos contar, mas o viajante da EN-18 sabe que por onde passa há sempre muito para descobrir, assim o é por Beja, onde é largo o tempo e a paisagem ou como escreveu o poeta local Martinho Marques, “onde são maiores as horas e os horizontes”.
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