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A Sociedade Técnica de Construções Férreas (Steconfer) é uma especialista global em infraestrutura ferroviária. Em entrevista à Mais Magazine, Luís Bairrão, Managing Director da Steconfer, fala-nos da experiência e do know-how da empresa neste setor, e projeta um futuro que se espera tão promissor como foram os seus primeiros 25 anos.

Fale-nos um pouco do percurso da Steconfer. Como surgiu a ideia e como se transformou naquilo que é hoje?
A história da Steconfer começou há 25 anos, em agosto de 1997, uma empresa rica em valores humanos dedicada exclusivamente ao mercado ferroviário. Nasceu do espírito empreendedor dos seus três sócios fundadores, Paulo Caldeira, Pedro Pereira e eu próprio. A nossa experiência no setor das infraestruturas ferroviárias permitiu-nos identificar a necessidade no mercado de um novo prestador de serviços altamente qualificado.

Hoje, a Steconfer é uma empresa madura e sólida, com a sua marca presente em 14 países de quatro continentes distintos, continuando a sua estratégia de expansão e de enriquecimento do seu portfólio de serviços no setor ferroviário, o qual inclui, entre outros, projetos chave na mão e contratos de instalação e manutenção de infraestruturas ferroviárias.

Como funcionam os procedimentos da Steconfer?
A Steconfer está organizada de acordo com as melhores práticas de gestão internacional, com uma distribuição horizontal de responsabilidades e grande delegação de poderes, criando unidades flexíveis e profissionais. A qualidade dos nossos Recursos Humanos e de Gestão permitem-nos ainda realizar internamente muitos dos processos de gestão de risco habitualmente associados a projetos internacionais de grande envergadura.

Qual a diferença dos procedimentos realizados em Portugal, relativamente àquilo que se faz no estrangeiro?
Em Portugal, os concursos públicos na área ferroviária são menos objetivos que nos outros países em que operamos, nomeadamente, na Suécia, Noruega, Irlanda ou Canadá. Em Portugal, 50% da avaliação das propostas nos concursos de manutenção, construção ou renovação de linhas férreas são por avaliação qualitativa de documentos apresentados pelos concorrentes na fase de concurso e que podem ser, inclusivamente, preparados por elementos externos às empresas. Esta forma de procedimento levou a que nos últimos dois anos a Steconfer tenha sido preterida em cinco concursos públicos ferroviários, onde apresentava o preço mais baixo, pela empresa pública Infraestruturas de Portugal. Estas decisões tiveram por base avaliações subjetivas que conduziram a custos públicos adicionais nestes contratos. Este tipo de procedimento não é encontrado na Noruega, na Suécia ou no Canadá, onde os preços mais baixos são, normalmente, o único critério, habitualmente precedidos por uma pré-qualificação em termos de experiência prévia relevante.

De que forma a Steconfer pode contribuir para o desenvolvimento de transportes mais sustentáveis para o meio ambiente?
A Steconfer desenvolve a sua atividade maioritariamente na construção de infraestruturas urbanas de transportes públicos de massas – Metro de Superfície e em túnel de tração elétrica –, e no caminho de ferro clássico. Nesse sentido, contribuímos, ao longo dos últimos 25 anos, para a remoção, de largas centenas de milhares de veículos dos centros urbanos, com a consequente poupança diária em emissões de centenas de toneladas de dióxido de carbono.

Qual o papel da Steconfer no Plano Ferroviário Nacional que o governo pretende criar?
Na realidade o papel que o Governo português venha a pretender dar-nos. Se este Plano vier a ser concretizado com regras pouco claras ou subjetivas é natural que a nossa participação seja mínima. Realce-se que a Steconfer tem, nos últimos anos, uma percentagem de vendas em Portugal inferior a 10% e em alguns anos 5% do total, desenvolvendo a sua atividade, maioritariamente, nos países mais desenvolvidos da Europa e América do Norte, bem como em Israel.



O que distingue a Steconfer de outras empresas concorrentes?
A Steconfer está organizada como uma pequena multinacional, levando as suas competências para os países mais desenvolvidos do mundo e, em paralelo, aprendendo e interiorizando as formas de operar, procedimentos e valores desses países. Em relação a outras empresas portuguesas, apenas um número muito restrito conseguiu atingir este nível de sofisticação. As restantes empresas construtoras portuguesas com presença internacional trabalham, maioritariamente, em países de língua oficial portuguesa em África e no Brasil, em que os níveis de sofisticação dos mercados são inferiores.

De que forma a Steconfer pode inovar os seus serviços no futuro?
Ao longo dos seus 25 anos de história, a Steconfer foi-se transformando e expandindo, sendo atualmente uma empresa certificada em múltiplos referenciais, com equipamento especializado e com equipas qualificadas, com grande capacidade de adaptação e resiliência. A empresa contribui para o transporte sustentável, capacita o uso sustentável de recursos, apresenta soluções inteligentes de engenharia, possibilita a circularidade de desperdícios e resíduos, contribui para a redução da pegada ambiental e desenvolve sistemas sustentáveis, duráveis e eficientes. A procura de melhoria contínua de processos e aprendizagem, com as melhores práticas internacionais nos 14 países em que operamos, garantem a continuidade da inovação permanente na empresa.

Que projetos estão a ser desenvolvidos para o futuro da Steconfer?
Atualmente, contamos com grandes projetos na área do metro de superfície em Bergen, Noruega, em Toronto, Canadá, em Jerusalém, Israel, bem como com um projeto MRT em Manila, nas Filipinas. Temos novos trabalhos em carteira, nestes e noutros países, e contamos manter uma trajetória de crescimento sustentado nos próximos anos.

Qual a margem de crescimento da Steconfer?
A Steconfer tem apostado num crescimento orgânico sustentado e, em simultâneo, tem migrado as suas operações para países mais desenvolvidos e sofisticados na medida da progressiva interiorização nas suas operações e RH, de maior know-how internacional e sofisticação. Neste ano, em que completamos 25 anos de história e registamos o nosso melhor ano de sempre, ultrapassaremos os 40 milhões de euros de volume de negócios, com mais de 90% em exportação, num grupo internacional que consolida em Portugal.