Quem passa férias em Lagoa vem sobretudo em busca de sol e praia. Mas visitar Lagoa é igualmente sinónimo de contemplação de património e de vivência cultural. Há uma Lagoa que a maior parte conhece, a da orla recortada com as suas praias e paisagens costeiras deslumbrantes, a da variadíssima oferta hoteleira de qualidade e da prática do golfe, no fundo a Lagoa turística. Mas há a outra Lagoa, a que só chega a ser descoberta pelos mais atentos, a que queremos que fique também conhecer.
Lagoa, um município com história
A vigilância e defesa da costa de Lagoa constituiu, sobretudo a partir da época medieval islâmica, uma premência constante. Justificou, em sucessivos séculos, a construção de castelos, fortalezas e torres de atalaia formando frentes de controlo que permitiam avistar e repelar incursões hostis. Com a definição das fronteiras e instalação da paz, muitas destas construções caíram em desuso. As fortalezas da Senhora da Rocha (Porches), Senhora da Encarnação (Carvoeiro) e S. João Baptista (Ferragudo) foram estrategicamente erguidas nos promontórios mais reentrantes no mar. A última foi igualmente importante no controlo do acesso ao rio Arade, que era a espinha dorsal do desenvolvimento económico das povoações surgidas nas duas margens. Outros dispositivos similares existiram antes das fortalezas modernas. Destas fortificações modernas só nos chegou uma parte. No caso da Torre de Atalaia do Vale da Lapa, das poucas sobreviventes no litoral algarvio, o Município promoveu a sua recuperação e classificação como Imóvel de Interesse Público.
A estratégia de salvaguarda e valorização do património cultural do Município de Lagoa foi aplicada noutra escala, com a criação dos Percursos
dois trajetos. o Percurso do Mar ao Campo e o Percurso pelo Litoral, itinerários que abrangem distintos tipos de património cultural, incluindo os fortes e as torres de vigia, e o património natural que, para muitos, é o ex-líbris de Lagoa. do Património de Lagoa do Algarve, em dois trajetos. o Percurso do Mar ao Campo e o Percurso pelo Litoral, itinerários que abrangem distintos tipos de património cultural, incluindo os fortes e as torres de vigia, e o património natural que, para muitos, é o ex-líbris de Lagoa.
Forte de São João Batista
No concelho de Lagoa, é no litoral que se concentram os vestígios relacionados com a defesa militar. Classificado pelo extinto Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) desde 1975, o forte de São João Batista continua a ser uma das construções militares de maior imponência e relevância na região. Conhecido como Castelo do Arade devido à conversão em habitação que lhe conferiu um aspeto acastelado ao estilo neogótico, o forte de São João Batista é uma fortaleza abaluartada mandada construir em 1640, após a Restauração. Substituiu a estrutura defensiva precedente, que perdera eficiência. Em primeira instância a fortificação, apelidada de Santa Catarina da Ribamar, tinha por finalidade fazer face às investidas da pirataria marítima, protegendo a embocadura do rio de forma articulada com a fortaleza predecessora da outra margem, a de Santa Catarina da Baixa-mar. A defesa do Arade era essencial, sobretudo para registar (fiscalizar) o tráfego das embarcações de mercadorias que entravam na barra com destino a Portimão ou Silves. Em 1896, preterida na função, foi vendida em hasta pública. Para tal contribuiu o estado de ruína a que chegou em 1861. Nos finais do século XIX foi salão literário e, nos inícios do séc. XX, o poeta Joaquim Coelho de Carvalho fez ali residência. Em grande medida, foi a conjugação da história enquanto bastião do Arade com a intervenção arquitetónica dos usos posteriores, as quais não lhe retiraram as características originais, que está na base da classificação do imóvel.
Algumas das mais belas praias do Algarve ficam em Lagoa, emolduradas pelas suas caraterísticas falésias. Aqui chegaram grandes civilizações da Antiguidade, como a romana, com a sua expansão imperialista até que, no século VIII, a região do Algarve foi palco de uma ocupação islâmica. Da sua história e legado resultou um valioso património cultural, hoje possível de contemplar por quem visite este município algarvio. Venha descobri-lo.
Da vasta oferta de âmbito militar fazem ainda parte monumentos como o Castelo de Estômbar, o Forte de Nossa Senhora da Rocha, ou ainda o Forte de Nossa Senhora da Encarnação.
Centenário Farol de Alfanzina
Edificado sobre a arriba que lhe deu o nome, o Farol de Alfanzina celebrou, em 2020, o seu centenário, representando assim um dos pontos de visita obrigatória no concelho. Este monumento destaca-se pela sua composição arquitetónica simétrica, com torre ao centro de dois volumes horizontais conexos, com paralelo em exemplos coevos como o farol da Ribeirinha (Ilha do Faial) ou o do Cabo Sardão (Odemira). Entrou em funcionamento em 1920, estando há mais de um século a orientar a navegação marítima ao largo da costa barlaventina. É parte de um vasto role
de equipamentos de alumiamento da costa portuguesa e integra a linha de seis faróis erguidos no Algarve entre o Cabo de São Vicente (Vila do Bispo) e Vila Real de Santo António.
De 1920 para cá evoluiu e foi intervencionado em inúmeras ocasiões por forma a não interromper a missão de facho-guia. Valorizar e dar a conhecer este exemplar de património faroleiro, mostrando como era originalmente e como chegou ao município, foram propósitos implícitos às comemorações do centenário do farol, em parceria com a Associação Socioprofissional dos Faroleiros. Hoje, há outras tecnologias aplicadas à ajuda à navegação marítima mas os faróis e os faroleiros que os põem a funcionar continuam a ter um papel determinante na segurança dos que ousam desbravar o mar.
A sua viagem começa em Lagoa
O Concelho de Lagoa possui um vasto património histórico e cultural genuíno que, aliado à paisagem natural e a outros recursos endógenos, fazem deste concelho um lugar aprazível para conhecer. Visitar Lagoa é partir à descoberta, ingressar numa autêntica viagem pelo tempo onde somos envolvidos e fascinados pelos séculos de história e momentos que contribuíram para a construção deste concelho e da identidade do seu povo. É sabido que Lagoa tem um clima ameno durante quase todo o ano, solarengo nos meses de verão, propício para ir até à praia mergulhar. Em alternativa, é possível caminhar nos trilhos do litoral ou ficar pela piscina do resort a tomar uma bebida. A gastronomia é de reconhecida qualidade, e neste domínio o vinho tem cada vez mais um papel de destaque, não fosse Lagoa terra com passado ligado à produção do néctar báquico. Experimentar desportos náuticos ou passar um dia de diversão no parque aquático são outras diversões merecedoras de serem experienciadas. Além disso, este território, não sendo vasto e tendo um relevo muito pouco acentuado, servido por boas redes de comunicação, é muito fácil e rápido de percorrer. Tanto podemos ir fazer praia à Senhora da Rocha, na extremidade oriental, como momentos depois degustarmos um belo peixe grelhado na zona ribeirinha de Ferragudo. Deambular pelas ruelas labirínticas da vila, visitar de barco as grutas e algares, ver um esplendoroso pôr-do-sol no passadiço de Carvoeiro, onde podemos ficar para jantar, ou desfrutar da noite e pernoitar. Depois de uma descrição destas, que certamente o deixará com água na boa, o que havemos mais de dizer!?