: 21 de Novembro, 2025 Redação:: Comentários: 0

A Riberalves celebra 40 anos de história e, em conversa com a Mais Magazine, o CEO Ricardo Alves faz um balanço deste percurso, destacando o papel fundamental de todos os colaboradores, clientes e parceiros na construção de uma marca de referência no setor.

A Riberalves celebra este ano quatro décadas de existência. Quais considera terem sido os principais fatores que explicam o sucesso e a longevidade da empresa ao longo destes 40 anos?

Creio que a maior razão para o nosso sucesso está no compromisso com o legado dos fundadores, que se reflete na cultura e ADN da Riberalves. Refiro-me ao legado do respeito absoluto pelo trabalho, pela máxima qualidade dos produtos e pelo serviço prestado, colocando sempre o cliente no centro de todo o processo. Nós temos um grande orgulho e responsabilidade, que é a de podermos partilhar as mesas de milhões de famílias pelo mundo, com um produto icónico como é o bacalhau. Em momento algum vamos ceder nos nossos valores e na nossa exigência máxima, de procurar proporcionar a melhor experiência em torno do bacalhau de cura portuguesa.

Ricardo Alves, CEO da Riberalves

A gala comemorativa dos 40 anos, realizada no Pátio da Galé, em Lisboa, marcou de forma especial esta data. Que balanço faz deste evento e que significado teve para a empresa e para si pessoalmente?

Foi um evento extraordinário, de verdadeiro tributo a todos os nossos colaboradores, clientes e parceiros, os grandes responsáveis por este percurso de 40 anos. O grande objetivo desta gala foi precisamente evocar o contributo de todos os que ajudaram a construir estas quatro décadas de sucesso, desde as nossas equipas e consumidores, a fornecedores, distribuição, banca e parceiros institucionais, sinalizando também o nosso compromisso conjunto com o futuro. Desse ponto de vista, o feedback que recebemos deixou-nos verdadeiramente orgulhosos, porque sentimos que a nossa mensagem foi muito bem acolhida, de forma muito genuína e até emocionante. Tivemos momentos muito simbólicos, por exemplo, quando foram reconhecidos os mais antigos e relevantes clientes Riberalves do Canal Horeca, 22 restaurantes cujos representantes subiram a palco, assinalando parcerias de décadas, na valorização da gastronomia associada ao “Fiel Amigo”. O Canal Horeca, recorde-se, vale cerca de 30% das vendas da Riberalves. E estes 22 restaurantes, em conjunto, representam vendas anuais de 180 toneladas de bacalhau. São parceiros de grande compromisso e exigência, que validam diariamente, juntos dos consumidores portugueses e estrangeiros, toda a qualidade dos nossos produtos e serviços.

Ao longo destes 40 anos, a empresa enfrentou certamente diversos desafios. Qual considera ter sido o momento mais decisivo na história da Riberalves — aquele que mais marcou o seu percurso?

O momento mais marcante, que veio transformar o mercado e fazer com que o bacalhau pudesse chegar, de forma prática, a todas as famílias, foi a aposta pioneira no Bacalhau Pronto a Cozinhar, no ano 2000. A partir daí, desenvolvemos tecnologia específica para este processo e, paralelamente, veio todo o investimento ao nível da marca e de novos produtos, instituindo o nome Riberalves como a referência no setor – até aí o Bacalhau não tinha marca! Ao mesmo tempo, investimos também nas equipas, na indústria e em sustentabilidade. O foco esteve sempre na atenção permanente à qualidade do produto e do serviço. Temos uma grande capacidade de resposta e a relação com os nossos parceiros é absolutamente decisiva. Chegámos a novos consumidores, abrimos também novos mercados a nível internacional e democratizámos o consumo de um produto tão icónico na nossa cultura – o bacalhau de cura portuguesa. Foi toda a inovação que, ao mesmo tempo, nos fez evoluir para a maior fábrica mundial de transformação de bacalhau, para uma equipa de mais de 500 colaboradores, e para a notoriedade que temos hoje, como principal empresa e marca do setor do bacalhau.

A Riberalves é uma referência no setor alimentar português. Como tem a empresa acompanhado as novas tendências de consumo e as exigências de sustentabilidade?

A inovação é permanente. Apesar de o Bacalhau Pronto a Cozinhar já ser um produto extremamente versátil e rápido de cozinhar, desenvolvemos novas referências e entrámos também no segmento dos pré-cozinhados (com receitas saborosas que ficam prontas em 10 minutos, garantindo paladar caseiro e autêntico) para nos adaptarmos a novos padrões de consumo, com maior ênfase nas gerações mais jovens. Damos uma grande atenção à capacidade de desenvolvimento de produto, até consoante os mercados onde estamos inseridos. No domínio da sustentabilidade, somos parceiros do MSC – Marine Stewardship Council, de modo que possamos contribuir para as melhores práticas relacionadas com a pesca e a defesa dos oceanos, em particular, a salvaguarda das populações de bacalhau. Paralelamente, na nossa indústria, temos investido fortemente na eficiência energética, na capacidade de produção (fotovoltaico instalado em todo o Grupo), mas também na implementação de sistemas de gestão que nos permitiram baixar exponencialmente os consumos (o que é crucial numa indústria onde temos mais de 40.000 metros de área refrigerada).

A internacionalização é um eixo importante para muitas empresas portuguesas. Qual tem sido o papel dos mercados externos no crescimento da Riberalves e que planos existem para reforçar essa presença global?

A exportação é crucial para a Riberalves e representa cerca de 30% das vendas. O mercado internacional é sobretudo alavancado pelo Bacalhau Pronto a Cozinhar, precisamente porque permite entrar em países onde o constrangimento da demolha ainda é maior do que em Portugal. Aí, o nosso maior mercado de exportação é o Brasil. Mas a Riberalves tem já presença em mais de 20 países, desde Angola ao chamado ‘Mercado da Saudade’, e continua atenta a novas geografias. Por exemplo, entrámos nas Caraíbas, onde identificámos localmente a tradição de consumo de peixes curados e/ou maturados no sal. Esses mercados são para nós uma oportunidade também. Temos uma grande capacidade de adaptação aos mercados, inclusivamente desenvolvendo produtos específicos. E continuamos a olhar para várias oportunidades em diferentes países, que tenham potencial de crescimento.

Olhando para o futuro, qual é a sua visão estratégica para a Riberalves? Que novidades podemos esperar nas próximas décadas?

A nossa visão é muito clara. Queremos ser uma empresa reconhecida globalmente, pela paixão e liderança na produção de Bacalhau, e pelo desenvolvimento de novos produtos, sustentáveis e de elevada qualidade. No imediato, queremos consolidar as apostas nos mercados onde estamos presentes e onde entrámos mais recentemente; vamos também consolidar as novas áreas de negócio desenvolvidas, em particular, a dos pré-cozinhados; sobretudo, vamos continuar a investir no desenvolvimento de produtos, antecipando as necessidades dos consumidores; queremos estender o método de cura portuguesa a outras espécies de enorme potencial, para além do Bacalhau. Mas vamos, claro, continuar a colocar toda a atenção do Bacalhau de Cura Portuguesa, esse produto tão emblemático da Portugalidade, onde queremos continuar a ser a referência.