Uma apaixonada pelo Design, Andreia Matias é a fundadora e força criativa da DZINE & Co., uma incubadora de “ambientes com Alma” Mais Magazine (MM)– A DZINE & Co. distingue-se pelos seus serviços de excelência nas áreas de Arquitetura, Design de interiores e Decoração.
Por que decidiu apostar neste ramo e qual foi o percurso para alcançar a notoriedade que tem nos dias de hoje?
Andreia Matias (AM) – Sou uma adepta do “Belo”. Desde muito jovem senti uma forte atração por todas as vertentes do Design e da Arquitetura. Fui fortemente influenciada pela cultura urbana, pela dinâmica das grandes cidades. A minha juventude foi marcada por alguma rebeldia o que me levou a ser uma fervorosa adepta do “contracorrente”. Apaixonei-me pelo graffiti, numa altura em que não se ouvia falar de Street Art, de Banksy ou de Basquiat. O design está presente em tudo o que fazemos no nosso quotidiano – os pratos e talheres com que comemos, as cadeiras onde nos sentamos, os carros onde viajamos, os sapatos que calçamos – o que despertou em mim uma grande paixão. Descobri a minha vocação. Com essa descoberta, surgiu também a noção que nem todo o Design tem a qualidade desejada, logo um grande desejo de intervir e deixar uma marca no mundo. A DZINE nasceu desse “espaço” e do sonho de criar ambientes com alma. Na harmonia, na proporção, nos materiais, nas cores, nas texturas, e na relação de todos estes elementos, sentimos o toque do “divino”. O ambiente em que nos inserimos, a paisagem que escolhemos, influenciam o nosso comportamento, as nossas decisões e até o nosso estado de espírito. Encontramos o tal “Belo” nos sítios mais improváveis, numa ruína, na tinta desbotada pelas intempéries, nas árvores contorcidas e secas pelo sol. Talvez por isso, gosto tanto de fotografia, a única arte capaz de captar o momento.
Quando iniciámos a DZINE, todos fazíamos um pouco de tudo. Éramos formiguinhas (muito!) trabalhadoras e apesar de todas as dificuldades que uma jovem empresa tem de enfrentar, foi um período muito feliz e estimulante. Hoje, os desafios são outros. Manter os padrões de qualidade a que habituámos os nossos clientes e parceiros, apesar do crescimento da empresa. Tratar cada projeto como único, original e exclusivo. Criar e inovar sem nos deixarmos condicionar pelas tendências ou fórmulas pré-estabelecidas, melhorando e fazendo a diferença na vida de quem vive os espaços que criamos e aos quais nos dedicamos. Diria que a palavra-chave no nosso trabalho é dedicação. Dedicação ao cliente, saber ouvi-lo, saber traduzir o seu sonho. Temos uma equipa constituída por Arquitetos, Designers de Interiores, 3D Artists, e Gestores. Acreditamos que na diversidade de experiências, competências e culturas, encontramos força. Os diferentes backgrounds da equipa, são uma enorme mais-valia para os nossos projetos: desde a criação do conceito, até à sua execução, o cumprimento rigoroso de prazos, assim como do orçamento definido, etc. Desenvolvemos projetos chave-na-mão de Arquitetura, de Interiores, Decoração, e coordenamos a execução dos nossos projetos, desde a obra (executada pelos nossos parceiros de confiança), ao fornecimento de mobiliário, do apetrechamento e até ao acompanhamento do fornecimento de água, luz, gás e telecomunicações, e de tudo o mais que seja necessário para garantir a conforto e a confiança de quem nos contrata. Foi a confiança depositada na DZINE pelos nossos clientes que possibilitou o nosso crescimento.
MM – Sendo a alma e o coração os denominadores comuns à decoração de residências, hotéis, escritórios, restaurantes e lojas, o que difere cada uma dessas áreas, na vertente decorativa?
AM – Como refere, a alma e o coração são transversais a todas as áreas do Design. O que difere é a funcionalidade, ou seja, os requisitos que temos de cumprir, nos diferentes projetos. Nos projetos residenciais podemos utilizar materiais e mobiliário mais delicados do que, por exemplo, nos projetos de restauração, hotelaria ou retalho onde as exigências de resistência ao uso, durabilidade e até segurança, são completamente diferentes. Os materiais escolhidos têm de cumprir critérios como a ignifugação, a resistência à abrasão e ao impacto. Por outro lado, hotéis, restaurantes e lojas, proporcionam ocasionalmente a escala e, consequentemente, a oportunidade de arriscar em soluções criativas mais arrojadas; lobbies de hotéis de grandes dimensões que por não serem locais de permanência, ou de habitação, permitem o uso de cores, materiais e mobiliário mais cénicos, com uma linguagem mais vincada.
MM – E em que medida é que os objetivos de negócio dos clientes da DZINE interferem na elaboração dos projetos?
AM – O trabalho da DZINE é pensado e executado em função dos objetivos dos nossos clientes. A elaboração de projetos dirigidos a atividades comerciais (hotelaria, comércio de retalho, escritórios, etc.) requerem um conhecimento profundo sobre o seu funcionamento, sobre a marca, os seus valores e conceito, e ao mesmo tempo a criatividade para agregar todas as necessidades funcionais, estéticas, de segurança dos colaboradores e do público, de forma original e inovadora. Num hotel de cidade, com um modelo de negócio em que o core business são estadias curtas e em que a marca pretende oferecer previsibilidade e eficiência aos seus clientes, a tendência é uniformizar para criar reconhecimento e familiaridade junto dos seus hóspedes, mas também para reduzir custos e facilitar a manutenção. Por contrapartida, num hotel boutique onde se pretende proporcionar experiências únicas aos clientes, a tendência é fazer quartos diferenciados. Mesmo neste género de hotéis temos sempre presente a otimização dos custos da operação, quer no investimento necessário para a execução do projeto, quer em termos de manutenção. Ainda que a qualidade da experiência do hóspede seja uma prioridade, a sustentabilidade do negócio também o é.
MM – A Andreia consegue entender as necessidades de cada cliente mas como o faz sem abdicar da sua identidade, da identidade da DZINE? Houve algum projeto que se tenha destacado nas suas preferências?
AM – Gosto de pensar nos projetos, como penso nos filhos. Eles estão-nos “emprestados” durante o tempo em que os criamos, educamos, e lhes damos muito amor, transmitindo tudo aquilo que temos de melhor. O respeito e aceitação pelas suas personalidades e diferenças, são peças fundamentais nesta equação, para que um dia possam voar sozinhos. Não há preferidos, são todos especiais. Com os projetos, passa-se o mesmo. A dedicação, o amor, e o respeito pelas necessidades (estéticas e funcionais) dos nossos clientes, são uma constante na nossa forma de pensar os projetos. Sabemos ouvir. Os clientes esperam de nós esta capacidade de os ouvir mas também a capacidade de criar uma linha condutora, coerente, que traduza na prática a sua visão. É aí que se faz sentir o traço da DZINE.
MM – A DZINE utiliza a sua página do Instagram para partilhar alguns projetos e dicas de decoração. Quando o faz, que feedback espera obter?
AM – A DZINE tem ainda muito para crescer no marketing digital e na gestão da sua presença nas redes sociais. A verdade é que a grande maioria dos nossos clientes chega até nós pela recomendação de outros clientes, o que tem constituído a nossa melhor publicidade mas tem tido o efeito perverso de não termos ainda sentido a necessidade de uma aposta clara no digital. Tendo dito isto, temos mantido uma presença regular nas plataformas digitais que nos parecem mais relevantes para o desenvolvimento do nosso negócio. Através dessa presença, testamos conceitos e tendências e, claro, divulgamos os nossos trabalhos. A presença nos canais digitais é essencial para servir a nossa base de clientes, maioritariamente internacional. Tendo dito isto, orgulhamo-nos das nossas origens e da nossa “condição lusitana” que, acreditamos, transparece nos nossos trabalhos. Gosto muito da velha máxima “Think Global, Act Local”.
O futuro
MM – O que espera alcançar no futuro e quais os próximos passos que pretende seguir?
AM – Estamos a desenvolver um projeto de imobiliário highend, mas ainda estamos na fase de definição do conceito. Trata-se de um imóvel de traça histórica do princípio do século XX, com 7 apartamentos, na zona histórica de Caxias. Próximo da praia, tem vista de mar e para o Convento da Cartuxa. Os apartamentos dos pisos inferiores terão um magnifico jardim privado com piscina. A otimização dos resíduos da obra, a reciclagem, a utilização de materiais ecológicos e o respeito pelo ambiente, são as bases deste projeto. Nos jardins, projetamos utilizar um sistema de captação e reutilização das águas pluviais para a respetiva rega. Estou muito entusiasmada porque acredito que será um projeto de referência em Portugal, quer pela qualidade da arquitetura e design de interiores, quer pela preocupação com a sustentabilidade ambiental.