: 26 de Setembro, 2025 Redação:: Comentários: 0

Margarida d’Orey Cabral, Director of Development & Planning da Amora Vida, fala-nos sobre este projeto que alia regeneração urbana sustentável, inovação e impacto positivo na Margem Sul.

Porque escolheu seguir Arquitetura?

O que me atraiu na Arquitetura foi a possibilidade de poder transformar um simples esboço em algo concreto. Esse equilíbrio entre sonhar e realizar fez com que a decisão surgisse naturalmente. Desde cedo tive curiosidade em perceber como as cidades e os edifícios moldam a forma como vivemos, e a Arquitetura fascinou-me pela sua capacidade de atuar em várias escalas, integrar diferentes layers – físicas, sociais, culturais e ambientais – e a devida articulação na transformação urbana.

Pode falar-nos sobre o projeto da Amora Vida e os principais desafios que enfrenta no dia a dia?

A Amora Vida, em parceria com a Surpora, está a liderar um investimento imobiliário de referência na Quinta do Paço do Infante, uma propriedade com 19 hectares situada na Amora, Seixal. Trata-se de um projeto estruturante suportado por investimento internacional. O masterplan contempla cerca de 20.000 m² de área bruta de construção para habitação e serviços, complementados por aproximadamente 5.000 m² destinados a usos turísticos. Este programa diversificado posiciona o projeto como um novo polo urbano de excelência na Área Metropolitana de Lisboa. Com capacidade para mais de 120 unidades residenciais, a par de serviços e equipamentos turísticos, trata-se de um dos últimos grandes ativos ribeirinhos disponíveis tão próximos da capital. A apenas 18 minutos do centro da cidade de Lisboa, é servido por uma rede consolidada de acessibilidades rodoviárias e de transportes públicos. A relação entre localização estratégica, dimensão e escassez de oferta confere-lhe uma competitividade excecional no mercado metropolitano. Este projeto vem dar resposta a uma evidência estrutural: o mercado habitacional no centro de Lisboa está hoje sobretudo orientado para investidores internacionais com elevado poder de compra, com valores que ultrapassam os 10.000 €/m² e afastam grande parte da procura nacional. Enquanto Lisboa já ultrapassou este patamar, a Margem Sul afirma-se como uma alternativa competitiva, com os novos empreendimentos a registarem preços médios em torno dos 3.600 €/m², de acordo com dados apurados pela nossa equipa de market research. Quadros médios e superiores, jovens profissionais qualificados e famílias veem-se crescentemente excluídos dos seus bairros de origem. O Seixal surge, assim, como uma alternativa natural e diferenciadora, oferecendo acessibilidade, qualidade de vida e elevado potencial de valorização.

A estratégia da Amora Vida é clara: desenvolver um produto distintivo para o segmento médio e médio/alto, com uma oferta residencial premium marcada pela qualidade construtiva, eficiência energética, conforto e sustentabilidade. O projeto valoriza a excelência arquitetónica e paisagística, com o objetivo de afirmar uma nova referência urbana e dinamizar a regeneração qualificada de uma área até agora subaproveitada. Em paralelo, o projeto pretende integrar sistemas construtivos industrializados – como componentes pré-fabricados e betão pré-moldado – que visam assegurar rapidez de execução, maior previsibilidade de custos e total conformidade com os critérios ESG.O desafio central reside na atual fase inicial do ciclo de vida do projeto: garantir o alinhamento com as entidades públicas, gerir um enquadramento legal e regulamentar complexo e coordenar múltiplas equipas técnicas multidisciplinares. Este processo, embora exigente, é precisamente o que permite mitigar riscos, assegurar robustez financeira e conferir a credibilidade necessária a um investimento imobiliário de excelência.

Mais do que um desenvolvimento imobiliário, a Amora Vida posiciona-se como um case study de regeneração urbana sustentável, alinhado com as melhores práticas internacionais em placemaking. Representa uma oportunidade única de gerar valor económico, social e territorial, enquanto responde à procura real e crescente por novas centralidades residenciais qualificadas na Área Metropolitana de Lisboa. Este ativo estratégico, posicionado no coração do próximo corredor de crescimento de Lisboa, constitui uma oportunidade exclusiva de investimento para parceiros estratégicos que partilhem a nossa visão, seja no seu co-desenvolvimento ou na sua aquisição.

É também mentora e membro ativo da Wire Portugal – Women in Real Estate. Na sua perspetiva, que qualidades considera essenciais para que as mulheres consigam construir uma carreira de sucesso no setor imobiliário?

No setor imobiliário, acredito que o sucesso das mulheres passa cada vez mais por competências que vão além do conhecimento técnico. É fundamental ter resiliência para navegar num mercado em constante transformação, visão estratégica para antecipar ciclos e shifts urbanos, e liderança colaborativa capaz de alinhar múltiplos stakeholders. Mas o verdadeiro game changer está no capital social: redes de confiança, mentoring estruturado e comunidades colaborativas que não só aceleram carreiras, como abrem portas a oportunidades únicas de crescimento pessoal e profissional. É esta cultura de allyship e sponsorship que a Wire Portugal pretende promover e afirmar no mercado português, colocando o talento feminino no centro da inovação e da sustentabilidade do setor.

Onde se imagina dentro de cinco anos e quais os seus principais objetivos profissionais?

Daqui a cinco anos, gostava sobretudo de ver concretizado este projeto ambicioso da Amora Vida, podendo contribuir assim ativamente para uma verdadeira regeneração urbana na Margem Sul. Para mim, seria a confirmação de que todo o trabalho desenvolvido até hoje – no planeamento, na articulação técnica e na visão estratégica – resultou numa transformação real do território e da vida das pessoas. Mais do que um cargo ou um título, o que ambiciono é continuar a liderar projetos que me desafiem, que tragam inovação e impacto positivo. Se daqui a cinco anos puder olhar para este projeto realizado, sabendo que ajudei a criar uma nova centralidade residencial de qualidade e que consegui mobilizar equipas, investidores e entidades em torno de uma visão comum, vou sentir que cumpri o meu objetivo profissional.