: 25 de Abril, 2025 Redação:: Comentários: 0

Formada em Psicologia, Rosa Roeder acabou por trilhar caminhos bem diferentes dos que imaginava. Movida por uma inquietação constante e pelo desejo de se sentir desafiada, construiu uma carreira multifacetada, assumindo diversas funções ao longo dos anos. Hoje, sente-se finalmente realizada e com a ambição de retribuir à sociedade um pouco do que aprendeu e conquistou ao longo da sua jornada, tal como conta à Mais Magazine.

Conte-nos sobre o seu percurso profissional e fale-nos dos projetos em que está envolvida atualmente.

Sou formada em Psicologia Aplicada, com pós-graduação em Terapia Familiar. Mais tarde, conclui também uma formação em Gestão de Empresas. Em 1988, eu e o meu marido fundámos uma clínica de hemodiálise e doenças renais, à qual se seguiu, em meu nome, um centro de psicoterapia, consultoria e formação dois anos depois. Em 1993, fui convidada por uma instituição de ensino superior a integrar o corpo docente, convite que aceitei com grande entusiasmo. Já em 1998, lancei-me num novo desafio: criei o Hotel Mestre de Avis, do qual sou, desde 2010, proprietária única. Nesse espaço, integrei também uma galeria de arte — a Galeria 40.

Mais recentemente, em 2023, criei uma empresa dedicada à compra e venda de imóveis.

Atualmente, estou mais focada no planeamento e organização da transmissão das empresas na Alemanha, onde resido.

Como é, para si, ser uma mulher bem-sucedida em várias áreas, tal como a Rosa é?

O sucesso não é um ponto de chegada garantido. Sinto-me profundamente grata pelas oportunidades que tive ao longo da minha carreira e que soube aproveitar com consciência. Mas claro que, como em tudo na vida, é necessário ter alguma sorte e estar no lugar certo, à hora certa.

Pessoalmente, preciso de me sentir desafiada, de ter a sensação de que estou constantemente a aprender e a evoluir. Sempre na base da determinação, resiliência, paixão e uma vontade contínua de crescer. Para além disso, é fundamental ter uma boa dose de autoconfiança — especialmente na gestão de uma empresa.

Hoje em dia, sinto-me perfeitamente realizada. Nunca imaginei chegar onde estou. Um dos segredos, está na capacidade que sempre tive, graças à minha imaginação, em conseguir visualizar o próximo passo a dar.

Tendo acumulado várias funções ao longo da vida, quão difícil foi encontrar equilíbrio entre a vida profissional e pessoal?

Nós, mulheres, muitas vezes somos subestimadas pelos homens — e isso pode, curiosamente, tornar-se uma vantagem, se soubermos usá-la a nosso favor.

Quando nos dedicamos com paixão a um projeto, corremos o risco de dar prioridade ao trabalho em detrimento da vida pessoal, claro. Conciliar as necessidades da empresa com as da família é sempre um desafio. Mas é importante lembrar que um filho não tem apenas uma mãe — tem também um pai. As responsabilidades devem ser partilhadas. Por isso, aprendi, ao longo do tempo, que não tenho de fazer tudo e que o segredo está num bom planeamento familiar e na organização da vida em geral.

As mulheres não têm de ser perfeitas. Digo muitas vezes a mim mesma: “Tenho a liberdade de querer ser perfeita, mas não a obrigação de o ser.”

Durante a sua carreira, quais foram os principais desafios que enfrentou enquanto mulher? Ainda sente que há disparidade entre géneros?

Sim, sem dúvida.

Por exemplo, quando comecei a lecionar numa faculdade de engenharia, há mais de 30 anos, entrei num ambiente maioritariamente masculino, o que me trouxe muitos desafios. Tinha quase a mesma idade dos alunos, maioritariamente homens, e os meus colegas docentes também eram quase todos do sexo masculino. Enfrentei preconceitos e atitudes machistas. Foi um período exigente.

No nosso país, infelizmente, a disparidade de género ainda é uma realidade. Basta olhar para a desigualdade salarial: em Portugal, as mulheres têm, em média, mais formação superior do que os homens — e, ainda assim, ganham significativamente menos em muitas áreas.

E mesmo quando se trata da vida pessoal dos casais se vê a disparidade e os preconceitos ainda existentes. Quem realiza as tarefas domésticas no final do dia? Quem cuida dos filhos quando estão doentes? Regra geral, continua a recair sobre as mulheres. Isso precisa de mudar. É fundamental haver uma verdadeira partilha de responsabilidades.

Que conselhos dá às jovens mulheres que estão a entrar no mercado de trabalho ou a iniciar os seus próprios negócios?

O mais importante é ter confiança em si mesma. Não é preciso copiar o que já existe. Reconheçam os vossos próprios desafios e procurem soluções criativas. Não têm de fazer tudo sozinhas, mas tudo aquilo que fizerem, façam-no com paixão, dedicação e persistência.

Aceitem os erros e estejam abertas ao feedback— eles podem revelar-se oportunidades valiosas de aprendizagem e crescimento.

Quais são as principais metas profissionais que ainda gostaria de alcançar?

Neste momento da minha vida, a minha principal meta é ter mais tempo para mim, para viajar, explorar o mundo e viver novas experiências.

Mas continuo entusiasmada com novos projetos.

Mas, acima de tudo, sinto uma necessidade profunda de retribuir à sociedade. Por isso, estou atualmente envolvida num projeto educativo voltado para crianças em situação de vulnerabilidade.