: 24 de Outubro, 2025 Redação:: Comentários: 0

Patologia Clínica: a Medicina Interna dos Meios Complementares de Diagnóstico

Pouco visível para o público, mas imprescindível para a saúde de todos, a Patologia Clínica é a especialidade que transforma análises clínicas em diagnósticos, orienta tratamentos e salva vidas! Estima-se que 70 a 80% das decisões médicas se baseiem em resultados laboratoriais — e é o médico patologista clínico quem garante que estes dados são rigorosos, interpretados no contexto certo e comunicados aos colegas de outras especialidades. O Patologista Clínico não se limita a entregar resultados. É um médico com visão global, que interpreta exames à luz da história clínica do doente, contribuindo diretamente para diagnósticos e decisões terapêuticas. A sua consultoria é transversal a todas as áreas médicas, fazendo desta especialidade a “Medicina Interna” dos meios complementares de diagnóstico. A Sociedade Portuguesa de Patologia Clínica (SPPC) é hoje pilar da especialidade em Portugal. Nos últimos 8 anos reforçou a formação pós-graduada, a representação e a cooperação nacional e internacional através de:

  • Webinars e formações anuais em áreas-chave como Química Clínica, Hematologia, Genética, Microbiologia e Imunologia;
  • Congresso nacional com especialistas nacionais e internacionais de referência, conferências e cursos práticos de elevado nível científico;
  • Publicação bimensal da revista científica Medicina Laboratorial, um espaço de referência para divulgação do “estado da arte” incluindo investigação, boas práticas na área e artigos científicos;
  • Apoio ao Núcleo de Internos de Patologia Clínica, promovendo a integração dos jovens médicos na vida científica e institucional da especialidade;
  • Atribuição da Bolsa de Formação Prof. Doutor Germano de Sousa, um incentivo financeiro à formação avançada e/ou investigação para internos e recém-especialistas;
  • Patrocínio científico de congressos e ações formativas em Portugal e no estrangeiro;
  • Parcerias estratégicas com sociedades nacionais e internacionais, colocando a Patologia Clínica portuguesa no mapa global.

Graças ao trabalho da SPPC, a especialidade ganhou voz, espaço e projeção — e, mais importante, garantiu que médicos especialistas e internos tenham acesso a formação de excelência. O avanço da medicina personalizada, da biologia molecular e da inteligência artificial abre novas oportunidades e desafios para a Patologia Clínica. A SPPC está já a preparar terreno para que os profissionais da especialidade possam liderar esta revolução médica, mantendo a ciência como guia e o doente como foco.

Helena Brízido, MD

Presidente da SPPC

Médica Especialista em Patologia Clínica ULS Viseu Dão-Lafões

Membro da Direção do Colégio de Patologia Clínica da OM


A Ordem dos Médicos tem como missão essencial garantir a qualidade do exercício da medicina em Portugal, promovendo a defesa do Ato Médico, a formação contínua, a ética, a independência técnica dos médicos e a liderança nos serviços, centros de saúde, laboratórios e unidades clínicas. No quotidiano, este compromisso concretiza-se através da defesa das competências próprias dos médicos, da supervisão da formação, da regulação da profissão e da promoção de uma medicina centrada na pessoa. Neste quadro, o médico patologista clínico assume um papel essencial. Enquanto Bastonário, identifico três grandes desafios estruturais: a escassez de médicos no SNS, aliada à degradação contínua das suas condições de trabalho; a necessidade de uma reorganização profunda dos serviços, assente em modelos de gestão clínica com verdadeira autonomia; e a urgência de recentrar as políticas públicas na pessoa, utentes e profissionais de saúde, combatendo a burocracia excessiva e valorizando a relação médico-doente como pilar de um sistema de saúde verdadeiramente humanizado.

Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos

Médico Especialista em Patologia Clínica


O paradigma Anátomo-Clínico que predominou até meados do século XX na Medicina, modificou-se gradualmente com o evoluir da investigação laboratorial que construiu e integrou o paradigma Clínico-Laboratorial, fazendo sentido pensar num futuro que, no meu entender, já começou, no qual o laboratório é central e se imporá inevitavelmente junto do doente agudo ou crónico como o modelo mais eficaz em resultados diagnósticos e terapêuticos para a pessoa doente. Obviamente, a importância fulcral do Clínico-Assistente em nada será diminuída, mas este terá uma informação profunda sobre a fisiopatologia e etiopatogenia do mal que afeta o seu doente e disporá de ferramentas que lhe permitirão terapias mais informadas e personalizadas.O veículo natural dessa informação é o Patologista Clínico. A Patologia Clínica é uma especialidade que resulta de um cruzar constante de conhecimentos tecnológicos sólidos e em constante evolução, com um pensamento formado no aprofundar da fisiopatologia e nas novas aquisições da patologia molecular, nunca esquecendo que é médico e que o doente é a sua primeira preocupação. Assim, a sua postura é colaborar total e eficientemente na busca de um diagnóstico, de um prognóstico ou de uma via terapêutica que melhor sirvam os interesses do doente, tendo também em conta as decisões do colega Clínico que assiste esse doente.

Germano de Sousa, MD, PhD

Médico Especialista em Patologia Clínica

Administrador do Grupo Germano de Sousa


O Colégio de Patologia Clínica (PC) da Ordem dos Médicos (OM) é o garante da qualidade da Medicina da PC. Promove padrões de qualidade, define a estratégia para o futuro, defendendo e valorizando a especialidade, e representa os Médicos PC. Realiza visitas de verificação de idoneidade a Serviços de PC, emite normas sobre questões técnicas, regula a formação, entre outras atividades. A direção do Colégio de PC assumiu uma estratégia de diferenciação da especialidade. Elaborámos o novo Programa de formação do Internato Médico de PC, que passa a especialidade de 4 para 5 anos, incorporando as mais recentes evoluções da PC e permitindo uma maior diferenciação.

Defendemos a consulta de PC, a consultoria Médica, a participação em grupos multidisciplinares médicos e uma aposta na capacitação em gestão e liderança. Elaborámos a proposta de novos critérios de idoneidade formativa, novo inquérito de caracterização de serviços, nova grelha da prova final e o documento da atividade do Médico PC. Participámos na atualização da tabela de PC da OM, na criação do ForTem e do programa da competência CIURA. Elaboramos, anualmente, a lista de capacidades formativas da PC e participamos em diversos grupos de trabalho e em reuniões da UEMS. Estamos a desenvolver o Logbook da PC e o modelo de Censos da PC. Temos tido uma postura de aproximação aos Serviços de PC, em que nos colocamos como seus parceiros. Promovemos reuniões com Conselhos de Administração para valorizar e diferenciar a PC. Sugerimos a realização de Seminários dirigidos para alunos das Faculdades de Medicina como forma de divulgação da PC. Propusemos a criação do Dia do Médico Patologista Clínico para dia 7 de outubro de cada ano, como forma de reconhecer o papel essencial dos Patologistas Clínicos no sistema de saúde e para celebrar a sua dedicação e os seus esforços na prestação de cuidados de saúde de qualidade.

As exigências estão a mudar e as necessidades dos doentes requerem melhores resultados. A população está envelhecida, há uma carga crescente das doenças crónicas e os doentes requerem cuidados mais individualizados. A carga de doença está a mudar para doenças não transmissíveis e até 2035, estima-se que cerca de 50% da carga global de doença será nas áreas das Doenças Cardiovasculares-metabólicas, Oncologia e Neurologia. Há uma complexidade crescente dos sistemas de saúde e um aumento exponencial de dados de saúde. A inteligência artificial desempenhará um papel importante. Nos cuidados de saúde, os recursos, humanos e materiais, continuam sobre pressão, levando a incentivos por resultados em saúde em vez de volume de produção. Mais do que nunca, os cuidados devem ser prestados de forma eficiente. O valor do Médico Patologista Clínico neste contexto é inestimável, desempenhando um papel crucial na gestão de desafios de saúde. O diagnóstico in vitro contribui em cerca de 70% dos casos para a tomada de decisão clínica. O Médico PC presta cuidados nas áreas de promoção de saúde e prevenção da doença, rastreio, diagnóstico, prognóstico, terapêutica e monitorização. A ação do Médico Patologista Clínico, para além do papel fulcral no diagnóstico, ajuda a reduzir o número e duração das hospitalizações, introduzir estratégias de tratamento direcionadas e melhorar a gestão dos doentes crónicos, entre outros. Estamos empenhados na busca de um melhor estado de saúde para os nossos concidadãos.

João Mariano Pego, Presidente do Colégio de Patologia Clínica da Ordem dos Médicos

Membro da Direção da SPPC

Médico Especialista em Patologia Clínica na ULS de Coimbra

Competência em Gestão dos Serviços de Saúde pela Ordem dos Médicos


No meu trabalho como patologista clínico na área da hematologia laboratorial, sinto diariamente a diferença que a nossa intervenção faz no processo diagnóstico. O que fazemos vai muito além de descrever células ou lançar números: é integrar morfologia, química, imunologia, microbiologia e clínica numa leitura única, sustentada pelo raciocínio médico. Os outros profissionais de laboratório desempenham um papel fundamental no funcionamento técnico dos Serviços de Patologia Clínica, mas cabe-nos a nós assumirmos a responsabilidade de relacionar achados laboratoriais com a história do doente, garantindo que o resultado final não seja apenas um dado isolado. Muitas vezes somos chamados a lançar diagnósticos urgentes e emergentes, como uma leucemia aguda ou uma microangiopatia trombótica, em que cada hora conta no desfecho clínico. Nestes momentos, a clareza e a assertividade do relatório citomorfológico não são uma mera formalidade: são o suporte de confiança que permite ao colega assistente clínico avançar sem hesitações. Do sangue periférico ao aspirado medular, de uma morfologia aparentemente simples a uma imunofenotipagem mais complexa, o nosso papel é interpretar, integrar e comunicar com rigor. É transformar dados das ciências básicas em decisão clínica. É esta responsabilidade, silenciosa, mas decisiva, que faz da patologia clínica um alicerce indispensável da medicina moderna.

Samuel Rodrigues, Médico Especialista em Patologia Clínica

ULSAR / GGS


Foi no primeiro Serviço de Imunologia criado em Portugal que desenvolvi o percurso mais marcante da minha carreira como Patologista Clínica. Uma estrutura pioneira e altamente qualificada, onde o papel do médico Patologista Clínico sempre foi considerado essencial para a qualidade dos cuidados prestados ao doente. A atividade laboratorial exige conhecimentos médicos sólidos e o diálogo constante com outras especialidades, atitude que sempre foi cultivada como valor essencial neste Serviço. A abordagem integrada e centrada no doente, segundo a qual a orientação dos estudos e a interpretação dos resultados laboratoriais pelo médio Patologista Clínico, fundamentados no processo individual do doente, beneficia todos os intervenientes e promove decisões médicas mais seguras e personalizadas.

Compreendi a amplitude da Patologia Clínica e os seus domínios de conhecimento, a evolução digital e tecnológica que a caracterizam e as oportunidades formativas e científicas que oferece, assim como a sua posição privilegiada na interface entre as ciências básicas e a prática clínica, favorável à investigação aplicada e medicina de translação. Continuo este percurso, convicta de que a Patologia Clínica representa um desafio, de elevado potencial para todos os que optam por esta profissão e que será uma das ciências médicas com papel cada vez mais relevante na medicina no futuro.

Esmeralda Neves, Médica Especialista em Patologia Clínica

Especialista em Imunologia

Diretora do Serviço de Imunologia da Unidade Local de Saúde de Santo António


Após 5 anos dedicados à Hematologia, foi-me proposto um novo papel na Biologia Molecular, área a que me dedico desde 2009. O grande desafio que senti aquando desta mudança foi o estudo do genoma viral. É este um dos entusiasmos da Patologia Clínica, poder assistir ao longo dos anos ao forte desenvolvimento técnico-científico, como o estudo Genotípico e Resistências ao VIH-1, agora realizado por Sequenciação de Nova Geração, ou quando assistimos à revolução da Hepatite C crónica, com forte impacto laboratiorial. É ainda o desafio de, num futuro próximo, começarmos a disponibilizar um teste urinário molecular não invasivo para a deteção de alterações epigenéticas associadas ao carcinoma urotelial, complementando ou substituindo procedimentos invasivos em determinados contextos clínicos.

No entanto, a grande alegria da Patologia Clínica é sabermos que o esforço da equipa permite obter um diagnóstico rápido que nos permite atuar de forma antecipada, com grande impacto para a probabilidade de sucesso da terapêutica. É o sentimento gratificante de alegria e dever cumprido da participação na recuperação da criança que dá entrada no hospital em estado crítico, é durante meses acompanhada sob o ponto de vista clínico-laboratorial, e passado mais de meio ano tem alta pelo seu próprio pé, com um grande sorriso de agradecimento. É este um dos encantos da Patologia Clínica, o trabalho realizado em permanente diálogo e colaboração com todas as especialidades, e com grande impacto para a saúde e bem-estar dos muitos utentes que colocam em nós a sua confiança.

Guilhermina Gaião Marques, Assistente Hospitalar Graduada – Serviço de Patologia Clínica

Responsável Laboratório de Biologia Molecular e Laboratório de Hematologia

Coordenadora da Equipa da Qualidade do SPC


Sabia que, para além do seu médico assistente, existe outro médico atento aos seus resultados analíticos? A Patologia Clínica é uma especialidade médica que abrange a Hematologia, a Química Clínica, a Imunologia, a Microbiologia e a Patologia Genética e Molecular. Pela sua natureza multidisciplinar, requer formação avançada e atualização contínua, permitindo uma visão integrada que alia conhecimento laboratorial à prática clínica, reforçando o papel do laboratório na prevenção, diagnóstico, tratamento e monitorização, bem como na decisão clínica subjacente.

O médico patologista clínico atua na interface entre a clínica e o laboratório: define as metodologias e os painéis de provas analíticas disponíveis, assegura rigorosos requisitos de qualidade e presta consultoria especializada sobre a prescrição e a interpretação crítica dos resultados. Integra ainda equipas multidisciplinares, colaborando no controlo de infeções, no uso racional dos antibióticos, na definição de estratégias terapêuticas seguras e na promoção de boas práticas clínicas. Esta intervenção traduz-se num contributo essencial para a saúde pública. Ciência, inovação, qualidade e segurança não são meras palavras associadas à Patologia Clínica: são compromissos diários de um médico presente no laboratório, que trabalha todos os dias para cuidar da sua saúde.

Sandra Paulo, Assistente Hospitalar de Patologia Clínica

Responsável do Serviço de Patologia Clínica da ULS Castelo Branco


Na atividade diária analiso e efetuo validação médica de análises clínicas, incluindo a elaboração de relatórios médicos clínico-interpretativos. Essa análise inclui o estudo do enquadramento clínico do doente com a adição sequencial ou supressão de parâmetros analíticos em função dos resultados obtidos e da clínica, com ganhos na rapidez de resposta e eficiência. Consoante os resultados posso ajustar a terapêutica do doente. Estabeleci algoritmos diagnósticos, que geram enormes mais-valias para o doente e para o hospital. Presto, igualmente, consultoria médica, incluindo a participação em reuniões multidisciplinares médicas, e realizo urgências no Serviço de Patologia Clínica.
Recebo, para realizar estudos especiais de coagulação, amostras de todo o País, incluindo de vários hospitais públicos e privados. Recebo, igualmente, para análise amostras vindas do estrangeiro, nomeadamente para estudos de reconhecidas Sociedades Científicas, como a International Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH) e a Sociedad Española de Trombosis y Hemostasia (SETH).
Tenho, igualmente, intervenção como Perito do International Council for Standardization in Haematology (ICSH), membro não governamental da Organização Mundial de Saúde, com participação nas reuniões dos grupos de trabalho e na elaboração de Guidelines Internacionais.
Sou, também Perito da SETH.
Em 2021 fui vencedor do Prémio Internacional: Eberhard F. Mammen Excellence in Thrombosis and Haemostasis.

João Mariano Pego, Presidente do Colégio da Especialidade de Patologia Clínica


A escolha por Medicina é baseada na ajuda ao próximo, curiosidade e compaixão, e reflete um profundo compromisso com o bem-estar dos outros. Os anos dedicados à prática clínica e ao contacto direto com o doente são aquilo para o qual fomos formados. Em 1991, optei pela especialidade de Patologia Clínica movida pela convicção profunda de que, após a licenciatura em Medicina, seria fundamental adquirir um conjunto alargado de competências que permitissem estabelecer uma ponte sólida de confiança e colaboração entre esta e as demais especialidades médicas. Desde o início, o meu conhecimento dos algoritmos clínicos foi o alicerce que sustentou todo o meu percurso nesta área, permitindo uma abordagem rigorosa e integrada ao diagnóstico e tratamento dos doentes. A minha escolha foi a mais estranha, mas a que mais se entranha. Médica gostar da área mais técnica da especialidade? Como assim. Mas é verdade, foi a Química Clínica que mais me seduziu. Reações, enzimas cinéticas, calibradores, controlos de qualidade, estudos comparativos, teste t de student, correlação linear, desvio padrão, mediana, intervalo de confiança, enfim, conceitos matemáticos, de probabilidade e química. Novos biomarcadores de doença aguda, degenerativa, monitorização de doença crónica, prognóstico. Estar por trás do doente, a criar valor dos resultados imediatos, no serviço de urgência ou no internamento, na consulta ou no bloco. Amo profundamente o que faço, fui uma privilegiada por ter escolhido uma formação tão rica, tão humanizada e simultaneamente tão técnica. Hoje, como Assistente Graduada Sénior, entendo que a Patologia Clínica se posiciona num patamar estratégico de consultoria e diálogo, integrando a relação direta com o doente, a consultoria especializada entre pares e o ato médico de consulta com o paciente. A liderança do serviço laboratorial, aliada a um compromisso inabalável com a ética e a governance, são essenciais na prática clínica diária. É por tudo isto que, desde 1991, escolhi com orgulho e convicção esta especialidade médica, que me permite contribuir de forma decisiva para a saúde e bem-estar dos doentes.

Helena Ferreira da Silva, Médica Especialista em Patologia Clínica

Helena Florisa


A formação de um médico é um caminho longo, feito de estudo, dedicação e de uma profunda construção ética. Esse percurso molda-nos para uma responsabilidade maior: cuidar de vidas. O Médico Patologista Clínico faz uma formação longa e exigente, tanto durante os 6 anos da licenciatura em Medicina, como nos 2 anos de Internato geral (ou nos dias de hoje o ano comum) e finalmente com os 4 anos de Internato da Especialidade. Cada etapa deste percurso contribui para consolidar a responsabilidade maior de quem escolhe esta profissão: colocar a ciência ao serviço da vida humana. No caso do patologista clínico, essa missão traduz-se num trabalho muitas vezes invisível para o doente, mas decisivo no seu percurso. Somos os médicos do laboratório, aqueles que transformam números, imagens e marcadores biológicos em informação clínica útil. Hoje, a evolução tecnológica permite-nos identificar alterações moleculares antes mesmo de surgirem sintomas, possibilitando uma intervenção precoce e personalizada. Recordo, por exemplo, situações em que a deteção atempada de um marcador alterou totalmente a estratégia terapêutica, oferecendo ao doente mais tempo e qualidade de vida. O nosso papel é ser mediador: ajudamos o clínico a escolher os exames certos e a interpretar resultados complexos, evitando desperdícios e acelerando decisões. Essa ponte entre laboratório e a clínica só é possível graças à formação transversal que recebemos e ao compromisso ético de colocar sempre o doente no centro. No fim, cada resultado validado é mais do que um dado laboratorial — é um passo concreto para um diagnóstico mais rápido, um tratamento mais eficaz e, muitas vezes, uma esperança renovada.

Maria José Rego de Sousa, MD, PhD

Médica Especialista em Patologia Clínica

Vice -Presidente da SPPC

Professora Auxiliar Convidada, FCM-NMS e FM-UCP

Administradora do Grupo Germano de Sousa


O Médico Patologista Clínico, no Laboratório de Microbiologia, desempenha um papel central na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças infeciosas. Para além de identificar microrganismos como bactérias, vírus, fungos e parasitas, assume também um papel determinante na decisão terapêutica. Participa ativamente na escolha do antimicrobiano mais adequado para cada situação clínica, assegurando maior eficácia no tratamento, o uso racional dos antibióticos e contribuindo de forma decisiva para o combate à resistência microbiana — um dos maiores desafios da medicina contemporânea. Outro aspeto essencial do trabalho do Médico Microbiologista é a sua atuação na vigilância epidemiológica e no controlo de infeções hospitalares. Participa ativamente na monitorização de surtos, na elaboração de protocolos e na implementação de medidas preventivas que visam reduzir a transmissão de microrganismos em contexto hospitalar. Assim, o Médico Microbiologista não apenas intervém no cuidado direto ao doente, mas também desempenha um papel estratégico na saúde pública, garantindo maior segurança e eficácia na luta contra as doenças infeciosas.

Luís Nogueira Martins, Medico Especialista em Patologia Clínica

Subespecialista em Microbiologia Médica