Apaixonada pela arquitetura desde criança, Luísa Teixeira, sócia fundadora da Cria+ Arquitectos, transformou o sonho de projetar espaços numa carreira marcada por inovação, diversidade de projetos e valorização da colaboração — sempre com o propósito de criar valor para clientes, comunidade e equipa, tal como conta à Mais Magazine.
Como nasce a sua ligação à arquitetura. Sempre foi uma área apaixonante e desafiante para si?
Já em criança o meu sonho sempre foi ser arquiteta. Sonhava em dar forma às minhas ideias onde um dia as pessoas iriam viver. Quando chegou a hora de ir para a Universidade eu não tinha qualquer dúvida que seria esta a profissão que me preencheria e que eu queria abarcar, ainda que a informação que tínhamos ao nosso dispor fosse escassa, se comparada com o que os jovens hoje têm. Poderia ter-me enganado redondamente.
Como surgiu a oportunidade de abrir portas à Cria +? Quais as razões, objetivos e ambições que levaram à sua abertura?
Quando me formei o que mais queria era aprender, ganhar experiência aprendendo com os mais velhos e foi o que fiz. Não tinha nessa altura pretensões de abrir o meu escritório. A vida, contudo, levou a que, 6 anos depois, já com alguma experiência adquirida, achasse que devia começar o meu próprio caminho. Sendo filha de empresários não foi uma decisão estranha dado que cresci nesse meio. Estávamos numa época em que os escritórios de arquitetura ainda eram ateliers com poucas pessoas e geridos de uma forma muito amadora. Eu queria mais. Levou o seu tempo, mas hoje, olhando para trás, tenho muito orgulho do meu percurso.
Que tipo de projetos a sua empresa realiza? Entre todos os trabalhos do seu portefólio, existe algum em que deposita maior carinho e orgulho?
Na Cria+ temos tido a oportunidade, ao longo dos últimos 18 anos, de desenvolver projetos muito diversos, tendo sido alguns deles premiados — desde moradias unifamiliares, edifícios de habitação coletiva, residências, clínicas médicas (incluindo cirúrgicas), hotéis, unidades de alojamento local, SPA’s e até crematórios. Cada projeto é sempre concebido em estreita colaboração com o cliente, porque acreditamos que a melhor arquitetura nasce do diálogo e da partilha.
Quando me perguntam qual é o projeto de que mais gosto, é sempre difícil escolher apenas um. A verdade é que o projeto a que dedico maior carinho é a própria Cria+. Foi ela que nasceu há 18 anos com a ambição de fazer a diferença — não apenas na vida dos clientes, mas também na vida de todos os que trabalham connosco. Esse é, para mim, o nosso maior projeto.

Quais as caraterísticas que tornam a sua empresa e equipa diferenciadas no mercado? De que forma inovam nos vossos projetos?
O que nos diferencia é a forma como encaramos cada projeto como uma oportunidade única de criar valor para o cliente e para a comunidade. Na Cria+ não seguimos soluções padronizadas: cada proposta é personalizada, unindo sensibilidade arquitetónica, rigor técnico e escuta ativa.
Contamos com uma equipa multidisciplinar, coesa e motivada, onde a colaboração é potenciada porque acreditamos que as melhores soluções surgem do cruzamento de ideias.
Destacamo-nos também pela utilização de tecnologia BIM há mais de uma década, que assegura eficiência, precisão e sustentabilidade. Para além da tecnologia, inovamos na relação com os clientes, promovendo processos participativos, transparentes e colaborativos que garantem resultados alinhados com as suas expectativas.
Como é ser uma mulher arquiteta de sucesso? Sente que existe maior participação do sexo feminino na área? Ainda sente que existe disparidade de direitos e oportunidade entre géneros na área? Que caminho falta percorrer?
Ser mulher arquiteta de sucesso é uma enorme satisfação, não apenas pelo reconhecimento profissional, mas sobretudo pelo caminho que representa. Ao longo destes anos tenho sentido cada vez mais a presença feminina na arquitetura, o que considero um sinal muito positivo: há hoje mais mulheres a liderar, a criar e a deixar a sua marca no sector.
É verdade que ainda existe uma disparidade, sobretudo em cargos de liderança, onde os homens continuam a ser maioria. No entanto, já não sinto que haja barreiras intransponíveis — sinto, sim, que estamos num processo de transformação.
O caminho que falta percorrer passa por continuarmos a promover igualdade de oportunidades, reforçar a visibilidade de mulheres em posições de destaque e, acima de tudo, valorizar o talento sem rótulos de género. Acredito que quanto mais diversidade trouxermos para a arquitetura, mais rica e inovadora ela será.

