
Num mundo cada vez mais acelerado e dominado pela tecnologia, os animais de companhia ocupam hoje um lugar central na vida de muitas pessoas.
São uma ponte para o que é natural, genuíno e emocional. Ter um animal não é uma obrigação — é, antes de mais, uma escolha. Uma escolha que se quer consciente.
Essa escolha implica um compromisso diário. Um compromisso que não tira férias.
Cães, gatos e outros animais são hoje membros da família, companheiros que garantem companhia e conforto. Numa sociedade marcada pelo envelhecimento e pela solidão, a presença de um animal pode significar o resgate de uma rotina, o estímulo ao exercício físico ou simplesmente a companhia que preenche o silêncio de uma casa.
Existem benefícios em ter um animal de companhia — amplamente comprovados pela ciência —acarretam também responsabilidades. Decidir ter um animal terá sempre de ser um ato profundamente consciente. Exige recursos — tempo, dedicação, e também recursos financeiros.
Em Portugal, os serviços médico-veterinários continuam a ser taxados com uma taxa de IVA de 23%, o que penaliza quem procura cumprir com os cuidados básicos de saúde dos seus animais. Esta realidade contrasta com a promoção da posse responsável e levanta a necessidade urgente de revisão desta política fiscal.
Importa sublinhar que a posse responsável começa antes mesmo da adoção: ponderar se se está em condições de garantir uma vida digna ao animal é um dever. A identificação dos cães, gatos, furões com o microchip, a vacinação, as consultas regulares, a atenção aos sinais de doença e o acesso a cuidados médico-veterinários de qualidade são pilares essenciais desse compromisso.
Infelizmente, todos os anos assistimos a um fenómeno que se agrava com a chegada dos períodos festivos, nomeadamente o verão: o abandono animal. Este é um ato cruel punido pela Lei Portuguesa, desde 2014.
O abandono, perpetua os animais errantes, é também um problema de saúde pública, de segurança e de bem-estar animal. Para além de tudo o que já elenquei, planeamento é a palavra-chave. As férias devem ser pensadas com responsabilidade: encontrar soluções adequadas ou, sempre que possível, integrar o animal nas deslocações.
Importa recordar que os animais vivem hoje mais tempo e com mais qualidade. Isto é possível graças ao conhecimento e dedicação dos médicos veterinários, que, diariamente, trabalham em prol da saúde e bem-estar animal.
Em suma: ter um animal é um compromisso inadiável que muito nos enriquece..
Inês Guerra, Vice-Presidente Ordem Médicos Veterinários
