: 27 de Junho, 2025 Redação:: Comentários: 0

O município do Cadaval está a traçar um caminho sólido rumo a um turismo mais sustentável, centrado na valorização dos seus recursos naturais. Através de iniciativas concretas, parcerias estratégicas e aposta na capacitação da comunidade local, a autarquia pretende fazer do turismo um motor de desenvolvimento económico e social, em equilíbrio com o meio ambiente e a identidade do território, tal como conta à Mais Magazine Ricardo Pinteus, Presidente da Câmara Municipal do Cadaval.

Qual a visão e importância que o município do Cadaval atribui ao turismo sustentável na região?

Julgo que o desenvolvimento turístico do concelho está em harmonia com o compromisso da autarquia em matéria de turismo sustentável.

Tem havido um crescimento sustentável da oferta turística, quer daquela que depende da iniciativa do município, quer dos privados. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer.

Queremos potenciar a Serra do Montejunto como um dos destinos de turismo de natureza privilegiados da região, afirmando-se ainda mais na oferta turística da região oeste.

Para além da Serra de Montejunto, a aposta no agroturismo é também um dos objetivos da autarquia, julgo que teremos de dar esse passo, as pessoas que nos visitam adoram a nossa paisagem rural e agrícola, e julgo que é tempo de o setor apresentar essa oferta a par da sua exploração agrícola.

Hoje é comum em muitas regiões agrícolas do país e do estrangeiro, fazer essa ligação entre o turismo e a atividade agrícola, acrescentando valor à atividade e dinamizando a economia local, sempre numa lógica de atividade sustentável.

Porque é que o Cadaval é um destino de eleição para os amantes da natureza? Quais os principais pontos de interesse turístico sustentável que gostaria de destacar?

Como é óbvio, a Serra de Montejunto é sem dúvida o principal foco de atração, mas a nossa paisagem rural, no geral, é também um importante fator de atração. Só o Oeste oferece esta paisagem no país, com campos agricultados e organizados, tudo isto a dois passos da capital e do principal aeroporto nacional.Temos um enorme potencial turís-tico e para isso gostaríamos de contar também com quem já está no terreno, insisto nisso.

No âmbito de uma geminação que temos com o Município de Farroupilha, no Brasil, em que tivemos já oportunidade de acolher um grupo de 5 jovens universitários e recém-licenciados, que vêm de uma região em que o agroturismo é um dos principais empregadores, ficámos a perceber que temos ainda muito por desenvolver.

Lá, as casas agrícolas apostam no turismo como complemento da sua principal atividade, criam mais emprego e conseguem alocar valor acrescentado aos seus produtos, só temos de reproduzir as suas dinâmicas e isso ajudaria em muito a desenvolver a nossa economia e a melhorar o rendimento das pessoas.

Que tipo de iniciativas o município leva a cabo em prol da promoção de um turismo que se quer cada vez mais sustentável e em harmonia com as comunidades locais?

O que fazemos é essencialmente criar condições para que o turismo se possa desenvolver de forma sustentável, nomeadamente através do estabelecimento de parcerias, como é o caso da criação da “Rota do Neveiro” que estabelecemos com os Municípios de Castanheira de Pera e Funchal, na Madeira, que também têm “poços de neve”.

Normalmente, há sempre uma preocupação muito grande com as comunidades locais e o facto de querermos ir ao encontro dos seus interesses e iniciativas, ajuda sempre.

Exemplo disso mesmo é o “Cantar dos Reis”, no Avenal e no Pereiro, que são importantes expressões culturais locais que já tem alguma expressão turística, pois entendemos que a promoção do património cultural imaterial pode também ser uma alavanca ao turismo, como acontece noutras partes do país com o turismo religioso.

Recentemente, o município do Cadaval recebeu uma sessão dedicada ao tema “Turismo: Sustentabilidade, Oportunidades e Incentivos”, que reuniu empresários, agentes locais, investidores e alunos do curso de Turismo Ambiental e Rural do Agrupamento de Escolas do Cadaval. Em que consistiu esta iniciativa e qual a sua importância?

Para desenvolver o turismo em qualquer território é preciso iniciativa, investidores, mas, essencialmente, é preciso também que existam pessoas qualificadas para o desenvolvimento da atividade, pelo que foi a pensar nisto tudo que, nesse mesmo dia, o município do Cadaval assinou com a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste um protocolo de colaboração que visa a capacitação gratuita dos profissionais do turismo.

Este foi mais um passo dado pelo município do Cadaval para o desenvolvimento do turismo e do turismo sustentável.

Como já referi anteriormente, ainda temos um longo caminho a percorrer e, na minha opinião, parte desse caminho faz-se discutindo o setor, a informar e formar as pessoas para as potencialidades do turismo no Concelho do Cadaval. Esta iniciativa inseriu-se no âmbito das políticas e do compromisso que estabelecemos para o turismo sustentável no Cadaval.

Quais as metas que pretendem alcançar nos próximos anos no que concerne ao turismo sustentável?

Não posso deixar de referir um inves-timento que julgo que terá um enorme impacto no turismo local e regional e irá permitir o alavancar do setor no concelho, que é a implementação de um percurso pedestre com passadiços na Serra de Montejunto.

Esta obra, sustentável e que tem em conta a preservação dos recursos naturais e a proteção da fauna e flora existentes, tem como objetivo levar pessoas à serra, de forma organizada e, de certa forma, pouco intrusiva nos habitats, uma vez que existirão percursos bem definidos para serem usufruídos pelas pessoas, com o mínimo impacto na natureza.

O que espero é que este projeto funcione como um projeto “ancora”, em que depois a economia local, através do investimento privado, se dinamize criando postos de trabalho e novos negócios, nomeadamente no âmbito do alojamento, restauração, atividades lúdicas e desportivas, entre outras oportunidades, como a formação e o ensino pedagógico e cívico em torno de um turismo ambientalmente sustentável.