: 25 de Abril, 2025 Redação:: Comentários: 0

Nascida e criada em Itália, mas eternamente apaixonada por Portugal, Stefania Raiola é um caso de sucesso sem fronteiras. Em entrevista à Mais Magazine, a proprietária do “La Pasta Fresca” e consultora imobiliária da “Century 21 Nações” aborda o seu percurso profissional e os desafios encontrado no mercado de trabalho enquanto mulher.

Como surgiu a paixão pela restauração e a oportunidade de abrir o seu próprio restaurante? Por que razão na cidade de Lisboa?

O caminho que me levou para a área da restauração e do empreendedorismo em geral foi bastante articulado. A minha formação é em engenharia mecânica e trabalhei na Fiat durante 20 anos, quatro dos quais na linda e encantadora Lisboa.

Quando voltei para Itália conheci o meu marido, também engenheiro, e começámos o nosso namoro. Foi bastante difícil, porque mesmo a morar no mesmo país, estávamos separados por 1.600 km.

A distância, a vontade de voltar para Lisboa e o desejo sempre crescente de colocar a nossa experiência em gestão empresarial ao serviço de um nosso próprio negócio, deu-nos a motivação para nos despedir dos nossos empregos e abrir o “La Pasta Fresca”, não sem antes termos estudado a fundo o mercado e as suas potencialidades.

Qual foi o maior desafio que enfrentou em abrir um tipo de restauração italiana tão diferente: o primeiro pastifício em Lisboa? Sente a responsabilidade de ser umas das principais responsáveis por dar a conhecer aos portugueses os sabores italianos?

Um dos principais desafios que encontrámos foi a difícil aceitação deste novo conceito gastronómico em Portugal. Há 10 anos o público português não estava tão preparado para receber a verdadeira comida italiana e quase não se conhecia este produto italiano de excelência, que é a pasta fresca.

Tivemos que fazer uma ação de divulgação capilar, mas posso dizer que este esforço valeu a pena, porque atualmente somos reconhecidos como uns dos principais responsáveis da divulgação da cultura culinária italiana em Lisboa, o que nos enche de orgulho.

A igualdade de géneros foi uma das grandes conquistas do 25 de abril. Como é ser uma mulher de sucesso no setor da restauração? Na sua ótica, sente que ainda existe um grande caminho a percorrer rumo à igualdade de direitos e oportunidades entre géneros?

Em qualquer área as mulheres enfrentam preconceitos e desafios.

Inicialmente, quando estávamos a montar o nosso negócio, era muito comum os interlocutores falarem em direção ao meu marido quando o assunto era a gestão ou apresentarem-me a terceiros como a mulher do proprietário. Mas posso dizer com certeza que na minha experiência precedente num ambiente quase exclusivamente masculino como o da engenharia, as dificuldades foram bem maiores.

Na minha ótica, apesar de termos avançado consideravelmente e ter visto progressos importantes, como o aumento de mulheres em posições de liderança, é crucial que continuemos a promover a equidade salarial, a representação feminina em cargos de decisão e o suporte a iniciativas que incentivem o empreendedorismo feminino.

Mas a ação mais eficaz no longo prazo é, sem dúvida, a integração da educação da igualdade de género nos currículos escolares, para que as crianças cresçam conscientes da importância da igualdade e do respeito por todos, independentemente do género. E acrescentaria, etnia, religião e orientação sexual, porque a sociedade inclusiva é a única sustentável, apesar dos desvios assustadores que chegam até nós do outro lado do oceano.

Como equilibra as tarefas de empresária com as responsabilidades pessoais?

Equilibrar o próprio trabalho com mais responsabilidades sempre foi a principal qualidade feminina desde sempre.

No meu caso, como não tenho filhos, resolvi dirigir esta energia aceitando mais um desafio empresarial. Já há alguns anos que dedico parte do meu tempo à consultoria imobiliária que é uma atividade onde é preciso conhecer muitas pessoas e, por isso, concilia-se bem com a minha atividade de restauração. Até tenho a honra de trabalhar numa das agências mais importantes de toda a Península Ibérica: a Century 21 Nações. E como falamos de diferença de géneros, é encorajador ver como esta área é quase completamente dominada pelas mulheres.

Que conselho daria a jovens mulheres empreendedoras que pensam em abrir o seu próprio negócio?

O meu primeiro conselho é acreditar em si mesmas. A autoconfiança é fundamental para superar os desafios que surgem ao longo do caminho.

É também essencial procurar conhecimento, capacitar-se continuamente e construir uma rede de apoio com outras mulheres e profissionais do próprio setor, porque isso pode abrir portas e oferecer perspetivas valiosas.

Por fim, encontrar um ritmo próprio e não hesitar em estabelecer limites. O sucesso não é apenas sobre alcançar metas financeiras, mas também sobre criar uma vida que se ama.

Quais as metas a curto/médio prazo?

O nosso objetivo é continuar a desenvolver a área onde temos um “know-how” único em Lisboa: a venda de massa fresca e de produto de gastronomia a pedido do cliente. Já fornecemos massa fresca e outros produtos de gastronomia a muito restaurantes e hotéis em Lisboa, e cada vez mais entidades comerciais lisboetas procuram os nossos serviços.

Visite o La Pasta Fresca na

Avenida 5 de Outubro 186 A, Lisboa