Sintra foi o primeiro sítio na Europa inscrito pela UNESCO como Paisagem Cultural, em 1995. O Valor Universal desta paisagem foi, então, reconhecido como constituindo uma abordagem única ao paisagismo Romântico e um exemplo raro de local que preservou a sua integridade fundamental, conservando evidências das culturas que ali se sucederam e complementaram ao longo dos séculos. Uma visita a Sintra é uma autêntica viagem no tempo em que se conjugam, de forma incomparável, natureza e cultura.
Para assegurar a gestão integrada deste património excecional, em 2000 foi criada a Parques de Sintra, empresa de capitais públicos com a missão de conservar e valorizar mais de 1.000 hectares em Sintra, que incluem alguns dos mais notáveis parques e monumentos desta Paisagem. O seu modelo de gestão é pioneiro, na medida em que a empresa não recorre a contributos do Orçamento do Estado, sendo a sua sustentabilidade fundamentada num círculo virtuoso centrado na capacidade de o património gerar receitas, que são depois reinvestidas na sua recuperação e manutenção. Ao longo dos seus 22 anos de existência, a Parques de Sintra tem vindo a colher um amplo reconhecimento nacional e internacional pela gestão dos valores patrimoniais que lhe foram confiados, através de distinções de elevado prestígio, como dez World Travel Awards consecutivos de “Melhor Empresa do Mundo em Conservação”, conquistados entre 2013 e 2022. Destacam- se, ainda, três Prémios União Europeia para o Património Cultural/Europa Nostra, atribuídos em 2013, 2018 e 2022, respetivamente, ao restauro do Chalet e Jardim da Condessa
d’Edla, à recuperação do Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz e à requalificação do Convento dos Capuchos. Estes parques e monumentos oferecem uma programação diversificada, com numerosas iniciativas culturais e experiências diferenciadoras que tiram partido da memória histórica do património e dos ambientes que os parques proporcionam no decorrer das estações, convidando à sua fruição ao longo de todo
o ano. Pretende-se que quem os visita encontre sempre novos motivos de interesse e espaços vivos, em permanente atualização e reinvenção, onde existe sempre algo novo para fazer e para conhecer. Venha descobri-los.
Parque e Palácio Nacional da Pena – A coroa do rei artista
O Palácio Nacional da Pena é como que uma joia sagrada a coroar a Serra de Sintra e foi também, no século XIX, o grande motor da transformação desta paisagem que é hoje Património da Humanidade. O enorme parque envolvente, em sintonia com o caráter feérico do palácio, desperta emoções de mistério, aventura e descoberta em quem aceita o convite para explorar os seus recantos. Obra eterna de D. Fernando II e expoente máximo do Romantismo em Portugal, a Pena abre portas à imaginação de todos os que a visitam, entre os tons coloridos do palácio e os infinitos matizes de verde que pintam o exótico parque circundante. Este cenário idílico, frequentemente sob o véu do característico nevoeiro da serra de Sintra, parece saído de um conto de fadas e faz sonhar todas as gerações que por ali passam e que com ele se deslumbram.
Chalet e Jardim da Condessa D`Edla – A ópera de uma paixão
No coração do Parque da Pena encontra-se o Chalet e Jardim da Condessa d’Edla, cantora de ópera americana que conquistou o coração de D. Fernando II, depois de este perder a sua primeira mulher, a rainha D. Maria II. Elise Friederike Hensler, Condessa d’Edla, construiu, em conjunto com D. Fernando, um chalet ao estilo alpino na zona ocidental do Parque da Pena, que serviu como local de recreio e refúgio romântico do casal. Este é rodeado por um jardim repleto de encantos por descobrir.
Castelo dos Mouros – Uma história entre muralhas
Com vista privilegiada sobre a Costa Atlântica, as várzeas e a Serra de Sintra, o milenar Castelo dos Mouros, de fundação muçulmana, ocupou, desde o século X, uma posição estratégica fundamental na defesa do território local e dos acessos marítimos à cidade de Lisboa. Habitado pelos mouros até 1147, foi entregue a D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, na sequência da conquista da cidade de Lisboa. O Bairro Islâmico deu então lugar a uma vila medieval, cuja ocupação se estendeu até ao século XV. Mais tarde, já no século XIX, D. Fernando II reavivou o imaginário medieval das suas muralhas, de acordo com o gosto romântico da época. A história dos povos que ali se sucederam, desde o Neolítico até à Idade Média, é contada no Centro de Interpretação do Castelo, através dos achados arqueológicos em exposição e de várias ferramentas interativas.
Convento dos Capuchos – Uma ode à simplicidade
Situado em plena Serra de Sintra, o Convento dos Capuchos contrasta com os edifícios faustosos e exuberantes que existem em Sintra. Este convento franciscano destaca-se pela sua simplicidade, completamente desprovido de luxo e de conforto. As suas reduzidas dimensões, a notável pobreza de construção e o seu revestimento a cortiça fazem parte da mística deste monumento. Aqui, a construção humana funde-se com os elementos naturais, a vegetação envolvente e os enormes penedos de granito, considerados pelos habitantes deste convento como “construção divina”. O bosque que rodeia o edifício foi mantido intacto pelos frades que ali habitaram, sendo hoje um dos mais notáveis exemplos da floresta primitiva de Sintra.
Parque e Palácio de Monserrate – Um sonho exótico de um visionário
Retiro de escritores, Monserrate atraiu inúmeros viajantes estrangeiros, sobretudo ingleses, que exaltaram a sua beleza em relatos de viagens e gravuras. Quando Francis Cook, um rico industrial inglês do século XIX e grande colecionador de arte, visitou este local situado na encosta Norte da serra de Sintra, ficou fascinado. Dessa paixão nasceu uma obra-prima do Romantismo: o Parque e Palácio de Monserrate. Francis Cook materializou o seu sonho, transformando Monserrate naquilo que hoje conhecemos, com os seus exuberantes jardins – que deslumbram o visitante com espécies exóticas vindas dos quatro cantos do mundo –, e um palácio que é uma verdadeira ode à arquitetura romântica.
Palácio Nacional de Sintra – Viagem por mil anos de história no palácio mais antigo de Portugal
No centro da vila de Sintra, marcando a paisagem com a silhueta inconfundível das duas chaminés cónicas que coroam a cozinha real, ergue-se o único palácio que atravessou toda a história de Portugal. O Paço de Sintra atual é formado por muitos paços reais. É um conjunto de edifícios que foram construídos, acrescentados e adaptados ao longo de séculos, sendo a data da fundação paço mais antigo um enigma por resolver ainda hoje. Muito provavelmente, o primeiro edifício foi construído por volta do século X ou XI, quando Sintra era território islâmico. No final da Idade Média, o Paço de Sintra era o centro de um território gerido pelas Rainhas de Portugal, mas foi também um dos espaços preferidos dos monarcas portugueses. Guardião de memórias e testemunha de acontecimentos determinantes para a história de Portugal, o Paço de Sintra proporciona uma autêntica viagem no tempo.