Sabia que a grandiosa Batalha de Aljubarrota, decisiva para assegurar a independência do país face a Castela, decorreu em Porto de Mós? Nesta edição da revista Mais Magazine, levantamos um pouco o véu sobre o que Porto de Mós tem para ver e viver, da história ao património. Fica desde já o convite para visitar este território, sabendo que o que não se pode dizer em palavras conquista o olhar e o coração de quem cá vem.
Falar de Porto de Mós é falar de um território imenso e rico, em tantas vertentes. Acarinhado pela natureza e ruralidade do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, o Município de Porto de Mós foi palco de uma das batalhas mais importantes de toda a época medieval, entre portugueses e castelhanos, que consolidou a identidade nacional – a Batalha de Aljubarrota. Na verdade, existem diversas opiniões sobre o verdadeiro nome da batalha, considerando o espaço onde esta ocorreu e os seus intervenientes. A batalha não teve lugar em Aljubarrota, vila próxima, mas sim no planalto de São Jorge, onde se encontra o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota. Este é, aliás, dos poucos campos de batalha medievais cuja localização exata é conhecida. A escolha do local para o confronto, pelo Condestável, não foi um acaso. Tirou partido da sua localização, no cruzamento de vias milenares, e das características topográficas e fortifica-o, conseguindo travar a marcha castelhana em direção à capital, numa batalha determinante na afirmação da independência do Reino de Portugal.
Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota
Atualmente, o campo onde ocorreu a Batalha de Aljubarrota está classificado como Monumento Nacional, consagrando, desta forma, todo o inestimável trabalho desenvolvido no Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA) criado pela Fundação Batalha de Aljubarrota. O CIBA é a face mais visível da Fundação e tem investido na valorização, promovendo estudos históricos e arqueológicos, que fizeram recurso a modernos processos de análise.
Situado na povoação de São Jorge, o CIBA conta com uma área expositiva que combina um conceito inovador de entretenimento e inovação, que se divide em quatro núcleos. Para além de poder estar em pleno campo de batalha, o visitante tem acesso a um centro de interpretação com as mais recentes tecnologias expositivas e visitas com áudio-guias ou guias. No interior, pode ser visualizado um espetáculo multimédia sobre o período histórico, experimentar as armas, vislumbrar alguns dos ossos dos combatentes com ferimentos e experimentar alguns workshops e recriações ao vivo.
Uma varanda para a serra de Aires e Candeeiros
No contexto do património histórico-militar, ênfase ainda para o Castelo de Porto de Mós. Para além da arquitetura singular do castelo que o distingue dos demais, o grande destaque ainda vai para o facto de este ter sido um dos marcos na defesa de Leiria e de Coimbra. A sua importância estratégica deve-se à posição de domínio dos acessos aos corredores naturais que atravessam o Maciço Calcário Estremenho e pelos quais o Vale do Tejo e a Alta Estremadura comunicam. Isto foi particularmente importante no caso das ofensivas cristãs vindas de norte, com D. Afonso Henriques, e para resistir às ofensivas muçulmanas vindas de sul, ainda em finais do século XII. Aliás, é neste contexto que, por volta de 1200, D. Sancho I terá mandado reerguer a fortaleza com a planta, no essencial, correspondente ao que hoje conhecemos, substituindo qualquer fortificação anterior.
Passeio pedestre pela estrada romana
O Concelho de Porto de Mós possui um vasto património histórico e cultural genuíno que, aliado à paisagem natural e outros recursos endógenos, fazem deste concelho um lugar aprazível para visitar. Neste contexto, a Estrada Romana de Alqueidão da Serra constitui um dos marcos mais notáveis do património cultural do Concelho de Porto de Mós. Esta via romana, na sua tipologia e nesta região, é das mais bem conservadas e permite reconhecer as técnicas de construção da época. Esta era uma via de importância regional, que, desde o século I, ligava entre si o Médio Tejo e o litoral estremenho. Além da via em si, o seu enquadramento permite observar toda a região envolvente e é um convite à descoberta de um território com paisagens únicas, dominadas pelo carso.
Aposta no turismo militar
Tendo Porto de Mós um património histórico e arquitetónico com um valor universal, o turismo militar assume-se cada vez mais como um dos principais eixos que permite enriquecer as escolhas de quem visita o concelho e atrair públicos de rotas bem implantadas, como é o caso do turismo religioso. Apesar da pandemia, já foi possível constatar que as referências de caráter militar alavancaram o turismo local. A visita ao castelo, por exemplo, tem motivado muitos visitantes a descobrir o território envolvente que dali se avista e, por essa via, descobrir todas as suas facetas menos conhecidas, como a gastronomia ou as arquiteturas de pedra seca.
Seja qual for o motivo, vale a pena aproveitar as muitas possibilidades que este território oferece. Assim, para descobrir as terras de Porto de Mós, aconselhamos uma visita de dois a três dias, para desfrutar de uma experiência imersiva mesclada de cultura, paisagem e sabores. O castelo é um bom ponto de partida. A jornada pode continuar com um passeio pela antiga linha de caminho-de-ferro transformada em ciclovia e pista pedonal, ou por um dos múltiplos percursos pedestres que nos levam a majestáticas formas geológicas moldadas pela água, como a Fórnea e os grandes vales de Alvados e de Mira/Minde. A descoberta das lagoas de Arrimal é imprescindível, assim como tirar umas horas para saborear a morcela de arroz, grelhados e outras iguarias. E porque falamos de Porto de Mós, o roteiro só fica concluído com uma visita a pelo menos uma das grutas visitáveis de Alvados, Mira de Aire ou Santo António. Por fim a caminho de uma imperdível visita ao CIBA, procure as olarias, e contacte com as artes do barro vermelho, tão típicas desta região.