Especial – Entrevista a João Domingos, Vice-Presidente da Fujitsu na Europa Ocidental
O percurso de sucesso de João Domingos e a sua visão do futuro
O lisboeta João Domingos, CEO da região da Europa Ocidental na Fujitsu, não apenas traçou uma carreira internacional de sucesso, como também construiu um lar onde reinam as mulheres. Apaixonado pelo Sporting Clube de Portugal, é um homem multifacetado: economista de formação, líder empresarial por vocação e entusiasta por legos. O seu caminho é marcado pela resolução de desafios, apreço pelo trabalho em equipa e uma autenticidade que o distingue no mundo dos negócios.
Nasceu em Lisboa e é na capital que João Domingos tem feito a sua trajetória, quer em termos pessoais, como profissionais, embora o trabalho o “tenha levado a fazer uma carreira internacional”, começa por dizer. A título pessoal, refere que vive “numa casa praticamente só de mulheres”. Além disso, no âmbito desportivo, assume-se como um adepto fervoroso do Sporting Clube de Portugal. No que concerne à sua formação, licenciou-se em Economia, no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), sendo que, mais tarde fez um mestrado em Gestão de Empresas, na Universidade Católica Portuguesa. Do ponto de vista profissional, atualmente, desempenha o cargo de responsável pela região da Europa Ocidental na Fujitsu. “Estou na empresa há, sensivelmente, 15 anos. Iniciei a minha carreira na área financeira, mas nos últimos cinco anos tenho desempenhado o cargo de Vice Presidente da Fujitsu na Europa Ocidental desta divisão do grupo”, revela. Esclarece ainda que, embora a sua carreira tenha sido predominantemente na área financeira, sempre nutriu um interesse particular pelas áreas de negócio, o que motivou essa transição. Adicionalmente, possui simpatia pela vertente tecnológica, o que justifica a sua escolha por uma empresa inserida neste segmento.
Quando questionado sobre o segredo que lhe tem permitido alcançar o sucesso em termos profissionais, João Domingos assume ter, desde pequeno, uma mente analítica e vocação para resolução de problemas. Aliás, foi também esta “vontade de encontrar soluções para as situações mais difíceis” que permitiu a sua rápida e fácil adaptação ao mundo empresarial. Além disso, o Vice Presidente da FUJITSU Europa salienta a sua apreciação pelo trabalho em equipa, bem como a sua recetividade a pessoas com perspetivas divergentes. Viajar é outra das grandes paixões do Vice-Presidente da Fujitsu e o facto de, com esta profissão, o conseguir fazer é algo que também o deixa bastante realizado. João Domingos revela ainda não se identificar com estruturas hierárquicas rígidas, procurando, por isso, ser sempre um líder “autêntico e genuíno”, mantendo essas caraterísticas nas suas interações no contexto empresarial.
O seu Role na Fujitsu
O cargo ocupado pelo entrevistado na Fujitsu, uma empresa japonesa com uma história de mais de oito décadas, merece ser devidamente contextualizado. Originalmente centrada no setor das telecomunicações, a Fujitsu expandiu-se gradualmente para o campo das tecnologias de informação, abrangendo equipamentos, computadores, servidores, entre outros. Atualmente, a empresa está a passar uma transformação significativa, direcionando-se cada vez mais para a prestação de serviços e apoio às empresas, no que diz respeito à transformação digital e aos desafios tecnológicos que se atravessam pelo caminho. “Esta é uma área extremamente interessante para mim até em termos culturais, uma vez que falamos de uma empresa japonesa”, sublinha. Embora reconheça que a Fujitsu ainda enfrenta alguns desafios relacionados com a modernização, João Domingos expressa a sua confiança de que a empresa está a progredir na direção correta. Um dos principais pilares dessa trajetória é a sustentabilidade, que a Fujitsu procura promover com o auxílio das tecnologias de informação, no sentido de “tentar resolver os principais problemas do mundo e das sociedades atuais”.
Quanto ao convite para desempenhar o cargo de Vice-Presidente da Fujitsu, este surge de forma muito natural, tendo em conta que João Domingos já trabalhava há vários anos na empresa. O entrevistado era CFO para os países da Europa Ocidental, por isso, esta passagem resulta do seu vasto conhecimento não só da empresa, como do mundo dos negócios, bem como da conjuntura do momento certo e pessoas certas que acreditaram nas suas capacidades de liderança e transformação de sucesso.
“A utilização da tecnologia hoje em dia é crucial em praticamente todos os setores e atividades e, por isso, merece que lhe seja atribuída uma atenção especial”
Visão sobre a atualidade do país e do mundo
Na ótica de João Domingos, as eleições legislativas portuguesas que tiveram lugar no dia 10 de março, são uma mera “fotografia do momento” que poderá vir a assumir novos contornos, consoante as circunstâncias. Ainda assim, o entrevistado chama a atenção para as dinâmicas que se fazem sentir atualmente na Europa e no mundo. “Fenómenos como a globalização e todos os conflitos a que temos assistido nos últimos tempos ostracizaram parte da população” e, por esse motivo, “as pessoas não se reveem no caminho que o mundo tem traçado”. Alerta ainda para o surgimento de nacionalismos e populismos que se constituem como grandes entraves na procura de respostas para solucionar alguns dos desafios globais, nomeadamente a questão da sustentabilidade. “Vivemos num mundo cada vez mais polarizado e de extremos, mas não devemos esquecer que a resposta de que existem bons e maus é demasiado simplista e, se as pessoas têm determinada reação, é porque não se sentem incluídas nas respostas atuais”, afirma. Não obstante, considera que Portugal carece de uma visão clara daquilo que se pretende que seja o futuro do país, pois, tal como explica, se por um lado houve quem achasse que Portugal tinha potencial para se afirmar como a “Flórida da Europa”, por outro, “há quem passe da Flórida para a Califórnia e coloque Portugal no centro das tecnologias”. Nesse sentido, é urgente que o governo e que os cidadãos escolham a abordagem que querem adotar. “Tentar ser um pouco de tudo ou tentar ser quase nada, vai fazer com que não avancemos”, declara. No campo da sustentabilidade, João Domingos considera que Portugal tem muito potencial, sobretudo, no que se refere ao turismo sustentável e à preservação dos oceanos. “Creio que Portugal, mesmo sendo um país pequeno, poderia perfeitamente traçar o seu caminho e liderar o mundo ou, pelo menos, o continente europeu, nesses dois tópicos”. Concomitantemente, afirma que é necessário “ser claro nas opções e investir em reformas” para acompanharmos o mundo em que vivemos atualmente, se não corremos o risco de ficar para trás. Quando confrontado com a questão de que se, na sua opinião, as listas deveriam ser uninominais, o Vice-Presidente da Fujitsu afirma que é inegável o facto de existir um elevado número de votos que são desperdiçados. Portanto, é urgente repensar o modelo do sistema político atual, no sentido de incluir a voz de todos os cidadãos, tornando-o efetivamente mais democrática do que tem sido até ao dia de hoje.
Ainda no cenário político, a CIONET defende que deveria ser criado um ministério do futuro. Ora, do ponto de vista de João Domingos, se esse mesmo ministério incluir a componente da tecnologia que é tão importante nos tempos que correm, ele está totalmente de acordo. “A utilização da tecnologia hoje em dia é crucial em praticamente todos os setores e atividades e, por isso, merece que lhe seja dada uma atenção especial”, garante. Voltando ao tema da inovação tecnológica, o entrevistado considera que existem vários pontos essenciais. Em primeiro lugar, é importante que cada ministério tenha uma visão do impacto que a tecnologia poderá ter nas suas atividades. Depois, João afirma que, por vezes, se olha para a utilização das tecnologias, mas não para o processo propriamente dito, isto é, acabamos, muitas vezes, por não tirar proveito da tecnologia. Por fim, o Vice-Presidente refere que ainda existe um problema de confiança no que se refere à utilização das novas tecnologias e, por isso, é urgente trabalhar esta questão. Posto isto, João Domingos reflete também sobre o conflito geracional. Este acredita que cada geração é importante e pode dar o seu forte contributo no delineamento da estratégia para o futuro (que se pretende de sucesso) do país. Na eventualidade de poder ser “advisor” do primeiro-ministro e ter um apoio regulamentar de relevância, o entrevistado colocaria algumas questões para as quais considera fundamental encontrar respostas, tais como, “Onde é que o país deve estar daqui a quatro anos? Qual é o impacto que queremos ter nas pessoas? Quais são as duas ou três coisas que podemos mudar?” Assim, apesar de todas as contrariedades, João Domingos vê Portugal como um país muito atrativo e que possui vários pontos positivos que podem ser trabalhados. “Acredito que Portugal tem imenso potencial para ter o seu papel na Europa”, refere, realçando a importância, do ponto de vista estratégico, das ligações do país a África que, segundo ele, “será o continente do futuro”.
Balanço sobre o caminho traçado até ao momento
Nascido e criado em Queluz, João Domingos nunca pensou chegar onde chegou. No entanto, o Vice-Presidente da Fujitsu refere que este sucesso é o reflexo do apoio da sua família e daqueles que o rodeiam. Por isso, para o futuro, o entrevistado espera continuar este caminho de sucesso, junto dos seus e deseja continuar a ter oportunidades e desafios para aprender, pois isso é algo que o estimula e o motivo a seguir em frente.
“Acredito que líderes ambiciosos serão aqueles que conseguem equilibrar adequadamente decisões imediatas com uma visão estratégica que coloque a sustentabilidade no centro das suas prioridades”
12As alterações climáticas são um flagelo de escala mundial, fazendo-se sentir um pouco por todo o mundo. Por isso mesmo, de forma a que a sociedade contemporânea possa ultrapassar os desafios que esta problemática coloca, não apenas no presente, mas também às gerações, futuras, é necessário que todos, pessoas individuais e empresas, de forma conjunta, adotem um conjunto de medidas que visem mitigar, gradualmente, o impacto que as mudanças climáticas causam. Neste sentido, em dezembro de 2023, os líderes mundiais reuniram-se na COP28 para dar início a uma nova era para a ação climática, concordando pela primeira vez sobre um caminho para acabar com o uso de combustíveis fósseis. Ainda assim, fazer cumprir as promessas propostas exige políticas capazes de transformar os compromissos climáticos em ações de escala nacional, nomeadamente por parte dos líderes mundiais, capazes de estabelecer acordos globais fortes, tal como afirma João Domingos, vice-presidente da Fujitsu. “Os líderes desempenham um papel vital na definição de estratégias e na tomada de decisões entre objetivos de curto e longo prazo. Acredito que líderes ambiciosos serão aqueles que conseguem equilibrar adequadamente decisões imediatas com uma visão estratégica que coloque a sustentabilidade no centro das suas prioridades. Os líderes têm responsabilidades fundamentais na alocação de recursos e essa responsabilidade vai além da escolha entre a opção A e a opção B, e inclui também a forma como a opção escolhida é executada”.Atualmente, o número de indicadores que temos ao nosso dispor que permite avaliar e quantificar a temperatura medida do planeta, o nível de retrocesso nos polos glaciares, o nível médio de ph dos oceanos e a monitorização de eventos climáticos extremos e dos oceanos é bastante abrangente, tendo as grandes organizações acesso aos mesmos. O vasto leque de indicadores permite perceber a seriedade do problema que toda a sociedade tem em mãos, sendo útil para o estabelecimento de metas a curto, médio e longo prazo. Para João Domingos, “a definição de metas e objetivos continua a ser um elemento fundamental para que se possam estabelecer planos de ação e para providenciar um sentido de direção”, sendo que o sucesso na forma como se pode resolver as mudanças climáticas estará, sem dúvida, em metas ambiciosas alinhadas em estratégias bem definidas e suportadas por ações concretas que falarão sempre mais alto que palavras e agora é tempo para as tomar”.
Olhando mais concretamente para o caso de Portugal, João Domingos refere que é inegável que o país pode desempenhar um papel mais ativo no panorama mundial, não apenas pela “sua posição como membro da União Europeia”, mas também pela identificação de áreas específicas de foco nas quais poderíamos investir conjuntamente” (setor público, privado e sociedade civil). O vice-presidente da Fujitsu reforça ainda o seu ponto de vista apresentando dois exemplos que considera serem um reflexo de duas áreas onde Portugal pode retirar boas métricas para o combate às alterações climáticas. “Dois exemplos claros seriam o Turismo Sustentável, englobando práticas responsáveis, preservação cultural e acomodações ecologicamente corretas, e a Conservação dos Oceanos, envolvendo a proteção dos mares, a redução do plástico nos oceanos e a promoção da pesca sustentável. Embora existam outras áreas relevantes, estou convencido de que essas poderiam ser áreas-chave para Portugal, consolidando o seu posicionamento estratégico no contexto da sustentabilidade”. No contexto da sustentabilidade, a modernização das redes de transmissão por meio de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA), é um passo importante, visto que permitirá torná-las mais eficientes e responsivas. Para João Domingos “a IA pode apoiar decisores políticos e empresas na redução do consumo de energia, proporcionando insights valiosos para escolhas mais sustentáveis. A capacidade de análise de dados em tempo real e identificação de padrões complexos contribui significativamente para estratégias eficazes de gestão de emissões de carbono”. Assim, para além do impacto muito positivo que a IA tem criado na gestão dinâmicas das redes e na manutenção preventiva de sistemas e infraestruturas, ela tem ainda um papel fundamental na monitorização e otimização das emissões de carbono. Neste sentido, João Domingos está confiante que a gradual incorporação da IA no setor energético abrirá portas não apenas à melhora da eficiência operacional, mas também impulsiona a transição para fontes de energia mais limpas e práticas mais sustentáveis. “Este é um exemplo claro de como a inovação tecnológica pode desempenhar um papel significativo na abordagem dos desafios relacionados com a sustentabilidade e na construção de um futuro mais verde”, conclui o vice-presidente da Fujitsu.
“Os desafios da sustentabilidade precisam de ser abordados de forma transversal com a colaboração entre governos, setor privado, ONGs e cada um de nós enquanto indivíduos”
O futuro da sustentabilidade é um tema de extrema importância, tendo em conta que envolve a procura por um equilíbrio entre as necessidades humanas, o desenvolvimento económico e a preservação do meio ambiente. À medida que enfrentamos desafios como mudanças climáticas, perda de biodiversidade e escassez de recursos naturais e poluição, a sustentabilidade torna-se uma necessidade cada vez mais urgente. Por isso, quando questionado sobre “quais as tendências que podem moldar o futuro da sustentabilidade?”, João Domingos responde prontamente: “existem diversos fatores que podem ter impacto no futuro da sustentabilidade, mas eu destacaria três principais”. Em primeiro lugar, salienta necessidade de colaboração à escala global, “os desafios da sustentabilidade precisam de ser abordados de forma transversal, com a colaboração entre governos, setor privado, ONGs e cada um de nós enquanto indivíduos”. Esta recomendação por parte do Vice-Presidente da Fujitsu acontece num momento em que se observa uma “tendência geopolítica preocupante em direção a soluções isolacionistas e nacionalistas, o que representa um problema sério”.
Depois, enfatiza a importância da inovação tecnológica. “No mundo atual, todos os países aspiram acompanhar o desenvolvimento económico do chamado Mundo Ocidental”. Ademais, do ponto de vista do entrevistado, sem esta evolução ao nível tecnológico, “o agravamento das emissões de carbono e da desigualdade é inevitável”. Assim, João Domingos aponta para o potencial de tecnologias como a Inteligência Artificial e a Biotecnologia que, certamente, darão um enorme contributo para a resolução destes problemas. Por fim, mas igualmente importante, o entrevistado realça o impacto da regulação e da ação política. “A União Europeia lidera diversas iniciativas legislativas que provavelmente serão adotadas como modelo por vários países ao redor do mundo”, refere. Enquanto profundo conhecedor do cenário político, João Domingos prevê que, da mesma forma que a legislação sobre proteção de dados (RGPD) surgiu na União Europeia, o mesmo acontecerá no que se refere à sustentabilidade. Assim sendo, “as empresas precisam de se preparar e adaptar a uma legislação mais exigente”. Em suma, João Domingos chama a atenção para uma cooperação global, o investimento em inovação tecnológica e a adaptação proativa à mudança regulatória. A ser verdade que o futuro da sustentabilidade em jogo, é imperativo que todas as partes interessadas, desde governos até empresas e indivíduos, unam esforços no sentido de garantir um planeta mais saudável e sustentável para as próximas gerações.
“Os verdadeiros líderes com sucesso serão aqueles que tomarão decisões efetivamente em linha com a maximização do valor para a comunidade onde estão inseridos”
No atual cenário empresarial, onde as mudanças ao nível tecnológico colidem com a incerteza económica, o conceito de liderança está a ser redefinido para enfrentar esses mesmos desafios de forma mais rápida e eficaz. A evolução da liderança, delineada por João Domingos, mostra-nos um caminho onde o passado, presente e futuro se entrelaçam numa narrativa de adaptação contínua e visão estratégica. No passado, a liderança era muitas vezes associada a uma abordagem mais autocrática, onde o líder era visto como um solitário no topo da hierarquia. Porém, à medida que o mundo se tornou mais interconectado e complexo, os modelos de liderança tiveram que se ajustar. “A liderança tem evoluído para se tornar mais inclusiva, colaborativa e com um enfoque especial na inteligência emocional”, destaca o entrevistado. Essa transformação exigiu que os líderes se tornassem mais versáteis, capazes de lidar com a multiplicidade de desafios que caracterizam o mundo em que vivemos atualmente. Um exemplo emblemático dessa adaptação é o impacto da pandemia. Com o advento do trabalho remoto, bem como dos modelos híbridos, os líderes viram–se forçados a repensar as suas abordagens. “De um momento para o outro, a liderança deixou de ser exercida apenas através de presença física”, salienta João Domingos. Nesse novo paradigma, a capacidade de liderar efetivamente através da comunicação virtual e de construir relações de confiança à distância tornou-se imperativa. Além disso, os líderes tiveram igualmente que ajustar a sua abordagem à comunicação. “Os líderes tiveram que se adaptar a um modelo de comunicação menos hierárquico”, observa. Neste novo contexto, a autenticidade, a transparência, o diálogo aberto e o compartilhamento de informações emergiram como elementos-chave para uma comunicação eficaz.
No entanto, o desafio da liderança não reside somente na esfera humana, mas também na interseção com a tecnologia. “Passámos de um mundo onde a tecnologia era uma ferramenta, para um mundo onde os líderes têm que entender bem o impacto que a transformação digital vai trazer aos seus modelos de negócios”, enfatiza o Vice-Presidente da Fujitsu. Neste sentido, a compreensão do impacto da tecnologia, especialmente da Inteligência Artificial, tornou-se crucial para a viabilidade e sucesso das organizações. Olhando para o futuro, João Domingos antecipa uma série de desafios complexos que confrontarão os líderes de amanhã. Em primeiro lugar, destaca os avanços tecnológicos, nomeadamente a Inteligência Artificial, como um dos desafios mais prementes. “A IA e o impacto nos negócios é a preocupação número um na agenda dos CXO’s”, revela. A rápida evolução tecnológica está a redefinir os modelos de negócios e exigirá uma adaptação ágil por parte dos líderes. Paralelamente, João Domingos ressalta a crescente diversidade de stakeholders aos quais os líderes devem prestar contas. “Um CEO hoje responde a acionistas, clientes, trabalhadores, grupos de interesse, poder político, a lista é imensa”, observa. Neste contexto, a liderança eficaz exigirá não apenas habilidades de gestão, mas também uma compreensão profunda das expectativas e necessidades de uma gama diversificada das partes interessadas.
Por último, mas igualmente crucial, o entrevistado enfatiza a necessidade de os líderes incorporarem a sustentabilidade nas suas estratégias de negócios. “Os verdadeiros líderes com sucesso serão aqueles que tomarão decisões efetivamente em linha com a maximização do valor para a comunidade onde estão inseridos”, afirma. Num mundo onde as questões ambientais, sociais e de governança estão cada vez mais em destaque, a liderança sustentável será fundamental para garantir o sucesso a longo prazo das organizações. Em síntese, o paradigma da liderança está em constante evolução, impulsionado pela dinâmica das mudanças globais. Os líderes do futuro serão aqueles que abraçam a diversidade, se adaptam rapidamente às mudanças tecnológicas e integram a sustentabilidade no cerne das suas operações. Em última análise, a capacidade de liderar eficazmente neste novo mundo dependerá da capacidade de se adaptar, inovar e inspirar face aos desafios emergentes.
“A eleição do próximo presidente americano vai marcar muita da agenda até ao final desta década”
A geopolítica, o futuro da Inteligência Artificial e as alterações climáticas têm estado em destaque este ano, nomeadamente no Fórum de Davos. A instabilidade geopolítica global, marcada por conflitos territoriais, tensões entre as grandes potências mundiais e incertezas económicas, têm potencial para afetar Portugal a variadíssimos níveis, a médio e longo prazo. João Domingos, um líder empresarial de renome e uma voz influente no panorama tecnológico, faz uma análise perspicaz dos impactos iminentes de todos estes conflitos nas diferentes esferas da sociedade portuguesa. “O impacto de todas estas tensões já se está a sentir”, ressalta, apontando para a pressão sobre as cadeias de valor que têm contribuído para o recente pico de inflação registado globalmente. Paralelamente, destaca o crescente surgimento de partidos populistas em todo o mundo como uma consequência direta dessas tensões, contribuindo para um ambiente de instabilidade política e social que se estende para além das fronteiras de Portugal. As eleições americanas de 2024 têm criado uma grande expectativa em todo o mundo, levantando questões sobre o futuro das relações internacionais e o papel dos Estados Unidos no campo geopolítico. João Domingos garante mesmo que “a eleição do próximo presidente americano vai marcar muita da agenda até ao final desta década”. Nesse sentido, o entrevistado mostra-se preocupado sobre o impacto que estas eleições poderão ter e questiona se o próximo presidente americano poderá trazer consigo mais conflitos e nacionalismo, não apenas em termos políticos e sociais, mas também ao nível económico. Este refere ainda que, mesmo sem resultados definitivos, a União Europeia já se tem vindo a preparar para estas mudanças iminentes, reconhecendo a importância de fazer ajustes em várias áreas, desde a energia até à tecnologia, para encontrar soluções para os desafios que se avizinham.
A interseção entre a tecnologia e a sociedade emerge igualmente como um ponto crucial de preocupação, nomeadamente no que concerne à cibersegurança. Posto isto, João Domingos faz uma revelação alarmante: “Os hospitais e os serviços de saúde foram das áreas mais atacadas por hackers durante a pandemia”. Este alerta para um possível aumento das ameaças cibernéticas em virtude do avanço da Inteligência Artificial, tecnologia que intensificar ainda mais os conflitos que se fazem sentir num mundo cada vez mais conectado digitalmente. Assim, tal como podemos verificar, Portugal não será imune aos ventos de mudança que sopram pelo cenário global. O Vice-Presidente da Fujitsu leva–nos a uma reflexão profunda sobre de que forma o país se poderá posicionar em termos estratégicos perante estes desafios e implementar medidas eficazes para mitigar os impactos negativos. Adotando uma abordagem proativa e colaborativa, Portugal poderá superar com sucesso os desafios causados pela instabilidade geopolítica, transformando-os em oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável para o futuro.
“O nosso objetivo deve ser sempre deixar um mundo melhor para as próximas gerações”
Num mundo em constante mutação, as tendências tecnológicas emergem como elementos cruciais na determinação do futuro dos negócios. João Domingos, Vice-Presidente da Fujitsu, compartilha a sua visão sobre as tendências tecnológicas que moldarão a próxima década, sublinhando a importância da confiança, segurança na inteligência artificial (IA) e a interação contínua com os clientes. Para João Domingos, líder visionário, a compreensão do impacto e potencial das novas tecnologias não é uma responsabilidade exclusiva do CEO, mas sim de toda a equipa de gestão e força de trabalho. Este enfatiza que os CEOs de sucesso são aqueles que não apenas adotam e patrocinam novas tecnologias, mas também incentivam a experimentação e o investimento em inovação nas suas empresas. “O poder não reside apenas na ação do CEO, mas sim na colaboração e sinergia de toda a equipa”, afirma João Domingos. Este reconhece que a abordagem para a adoção de novas tecnologias pode variar de acordo com as indústrias, mas ressalta a importância de todos os CEOs desenvolverem um plano de transformação digital para os seus negócios. O entrevistado destaca ainda a ciber-segurança, a computação em nuvem e a utilização da tecnologia para melhorar a experiência do cliente como prioridades para os líderes empresariais. Este ressalta a necessidade de os CEOs, bem como as suas equipas de liderança buscarem maneiras de utilizar a tecnologia no sentido de atender às demandas e expectativas dos clientes de forma eficaz.
Concomitantemente, João Domingos advoga por uma mudança na cultura organizacional, promovendo a colaboração através de metodologias ágeis e destruindo barreiras departamentais e hierárquicas, aproveitando para citar o exemplo da empresa chinesa Haier, que implementou com sucesso o conceito de microempresas, como uma fonte de inspiração para promover a inovação e a colaboração em toda a organização. No contexto da transformação digital, João Domingos ressalta a importância de antecipar tendências, adaptar-se continuamente e alinhar as estratégias de negócios para garantir a resiliência e o sucesso a longo prazo. O entrevistado enfatiza que a inovação tecnológica desempenha um papel fundamental na construção de um futuro mais resiliente, sustentável e próspero. “O nosso objetivo deve ser sempre deixar um mundo melhor para as próximas gerações”, reflete, expressando ainda a sua preocupação com o legado que deixará para as suas filhas e destacando a importância de práticas sustentáveis e colaboração global fundamentada em valores comuns. Em última análise, João Domingos enfatiza a importância de deixar um legado de responsabilidade em todas as dimensões da palavra, garantindo que as próximas gerações herdem um mundo onde a inovação, a colaboração e os valores sustentáveis sejam prioridades fundamentais.
“Do que mais me orgulho é de ter um estilo de liderança genuíno e autêntico”
Falar sobre a liderança 4.0, é falar sobre um modelo de liderança que envolve algumas habilidades, tais como a adaptabilidade, a visão estratégica e o conhecimento tecnológico, além de promover a inovação, a colaboração e o trabalho em equipa. Esta abordagem tem como objetivo impulsionar a eficiência operacional, a cultura organizacional e o desenvolvimento dos colaboradores. Por outras palavras, ser líder hoje em dia não se restringe apenas à mera gestão de processos e de recursos humanos. Pelo contrário, a liderança moderna tornou-se um campo fértil para líderes visionários, como é o caso de João Domingos. Por isso, em entrevista, este aproveitou para partilhar o seu percurso enquanto líder, bem como os principais desafios que tem enfrentado num mundo cada vez mais globalizado e complexo. Assim, quando questionado sobre qual seria o segredo para o seu sucesso enquanto líder de futuro, João Domingos foi modesto, mas firme na sua convicção. “É sempre difícil falar de nós”, começou por confessar, “mas do que mais me orgulho é de ter um estilo de liderança genuíno e autêntico”. Segundo o Vice-Presidente da Fujitsu, essa autenticidade é a base da sua abordagem, onde a franqueza e a transparência se assumem como ferramentas essenciais para inspirar e motivar a sua equipa. João Domingos expressou ainda a sua preocupação para com o fenómeno daqueles que “tudo sabem e para tudo têm resposta”, destacando a importância da humildade e da abertura a novas ideias. “Surpreende-me ver empresas contratar pessoas experientes e com imenso para dar, mas no primeiro minuto dizer-lhe exatamente o que têm que fazer”, constata. Essa perceção sobre a liderança, segundo ele, é um desincentivo à criatividade e ao potencial dos indivíduos, comparando-a ao ato de comprar uma planta e privá-la de água. Enquanto líder, a sua missão passa por nutrir e cultivar talento, em vez de restringi-lo. Num mundo cada vez mais interconectado, o entrevistado salienta a importância de uma perspetiva global combinada com a capacidade de localizar respostas para desafios específicos. “Procuro ter uma perspetiva global das questões, mas saber localizar as respostas para contextos concretos e específicos”, afirma. Essa capacidade de navegar entre o macro e o micro, entre o geral e o específico, é essencial para enfrentar os desafios complexos que surgem em ambientes empresariais multifacetados.
A resiliência é outra característica fundamental que João Domingos valoriza na sua jornada enquanto líder. Este entende que a mudança é inevitável e que a capacidade de se adaptar e prosperar face à adversidade é muito importante. “Procuro ser resiliente, saber adaptar-me e ter pensamento crítico e inovador”, evidencia. Essa mentalidade não apenas fortalece a sua própria resolução, mas também inspira confiança na sua equipa, preparando-a para enfrentar os desafios do futuro com coragem, garra e determinação. No cerne de tudo, João Domingos encontra satisfação no impacto que tem enquanto líder. “Se me disserem que sou genuíno e que contribuo e lidero a mudança nas equipas em que trabalho, já fico imensamente satisfeito”, compartilha. Para o entrevistado, o verdadeiro sucesso não é medido somente pelas conquistas pessoais, mas também pelo legado que este deixa e pelo crescimento que inspira nos outros. Num mundo em constante evolução, liderar na era 4.0 é uma tarefa exigente e multifacetada. No entanto, líderes como João Domingos demonstram que, com autenticidade, humildade e resiliência, é possível não apenas sobreviver, mas prosperar num meio onde impera a complexidade e a incerteza. O seu exemplo constitui uma verdadeira inspiração para todos aqueles que se aventuram no mundo empresarial contemporâneo.