O 1 de dezembro de 2016 marca a data na qual Portugal viu reconhecida a prática da falcoaria como Património Imaterial pela UNESCO. Mais do que uma forma de caça natural, trata-se de um símbolo cultural de toda uma região, com uma história de milhares de anos de prática, com recurso a aves de presa que são devidamente cuidadas e treinadas para a execução desta atividade.
Estima-se que a relação entre o Homem e as aves de presa remonta já há mais de quatro mil anos, precisamente quando se registam os primeiros passos dados na arte da falcoaria. Esta atividade, que consiste em treinar e cuidar de aves de rapina para a caça, é considerada um símbolo cultural e nacional e é a sua beleza e caráter diferenciador que a tem mantido viva, sendo passada de geração em geração e ensinados pelos falcoeiros, como são chamados os responsáveis pelo treino das aves de rapina utilizadas nesta atividade. Atualmente, é praticada em mais de meia centena de países e por pessoas de todas as idades.
Edifício da Falcoaria Real
Em Portugal, a falcoaria pratica-se pelo menos desde o século XII, tendo como período de maior esplendor a época do reinado de D. Fernando, no século XIV. O concelho de Salvaterra de Magos, pela sua localização geográfica e pelas coutadas de caça, sempre foi uma das regiões portuguesas onde a prática da falcoaria teve grande impacto, sendo contruído neste concelho, no século XVIII, a Falcoaria Real de Salvaterra de Magos, com o propósito de receber os falcões e os falcoeiros que estavam ao
serviço do rei. Esta construção marca um novo período da prática da falcoaria em Portugal. O reconhecimento da falcoaria como Património Cultural Imaterial pela UNESCO em 2016, fruto do trabalho e empenho do Município de Salvaterra de Magos, com a colaboração da Associação Portuguesa de Falcoaria (APF) e da Universidade de Évora, é uma importante ferramenta para manter bem vivo este património em Portugal, despertando a curiosidade e o interesse de novos praticantes ou simplesmente de turistas que queiram conhecer toda a riqueza cultural desta prática milenar. Para além disso, é também algo fundamental para promover a importância histórica e atual do edifício da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos e da identidade do concelho. Para tal, atualmente, neste edifício são realizadas diariamente visitas guiadas que mostram a história da prática da falcoaria em Portugal e além-fronteiras, designadamente através da exposição “A Falcoaria no mundo”, inaugurada no passado mês de dezembro. Com a ajuda da equipa de falcoeiros é também dada a oportunidade aos visitantes de conhecer bem de perto as espécies de aves utilizadas na falcoaria.
Atividades de promoção da falcoaria na região
Na promoção desta arte milenar os mais novos também não são esquecidos, havendo uma série de atividades promovidas pelo município para apresentar aos jovens o património cultural presente no concelho e toda a história e importância que a Falcoaria Real teve e continua a ter na preservação da falcoaria. Assim, a Câmara Municipal tem vindo a publicar anualmente um livro infantojuvenil sobre estas temáticas, lançando o desafio de escrita e de ilustração a escritores e ilustradores bem conhecidos do grande público e distribuindo o livro de forma gratuita. Durante todo o ano, são também promovidas algumas exposições temporárias de diferentes temáticas e dinamizados workshops e cursos de iniciação à falcoaria, com acompanhamento da APF, que tem na Falcoaria Real a sua sede. Além disso, a Falcoaria Real disponibiliza ainda o Centro de Documentação “Joaquim da Silva Correia e Natália Correia Guedes”, com obras sobre caça, falcoaria e património cultural.