A forte aposta da Universidade de Aveiro e do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) na componente aeroespacial é cada vez mais relevante. Numa altura em que este setor assume especial importância estivemos à conversa com Nuno Borges Carvalho, Diretor do DETI, que nos deu a conhecer alguns dos principais contributos da Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de novas soluções.
A Universidade de Aveiro conta com uma forte história na Engenharia Espacial mantendo, desde a década de 80, colaborações com a Agência Espacial Europeia. Esta tradição de desenvolvimento de projetos para a atividade espacial criou a base para uma formação ímpar, em Portugal e na Europa, o que permitiu que a Universidade integre, desde o início do presente ano letivo, a licenciatura em Engenharia Aeroespacial na sua oferta formativa. “Grande parte dos docentes envolvidos nesta formação têm elevada atividade nestas áreas”, enaltece Nuno Borges Carvalho. Na Universidade de Aveiro, nesta como noutras formações, a componente experimental e laboratorial é elevada. Assim, o curso combina ciências de base e de espectro largo ao nível das ciências da especialidade para formar engenheiros a nível superior, capazes de desempenhar funções de planeamento e projeto, não só nas áreas da aeronáutica, como também em outras áreas das engenharias.
Apesar de recente, a licenciatura em Engenharia Aeroespacial da Universidade de Aveiro entrou já no top-10 dos cursos mais procurados e com nota de acesso mais elevada. Nuno Borges Carvalho reconhece que o fascínio do espaço, associado a uma formação com forte procura do mercado e com capacidade de valorização e progressão rápida, aumenta significativamente a sua atratividade: “Ser Engenheiro Aeroespacial é ser um engenheiro de sistemas, um engenheiro que integra e desenvolve projetos complexos de forma suportada numa área de elevado valor acrescentado. Por essa razão os Engenheiros de Aeroespacial são muito desejados por grande parte das empresas de engenharia emergente, não só pela sua capacidade de inovar, mas também pela sua capacidade de fazer coisas”.
O ano de 2022 ficará, certamente, marcado pela ofensiva russa à Ucrânia. Perante uma nova realidade países e organizações internacionais voltaram a olhar para as suas defesas e a reformular estratégias e prioridades de investimentos. “Exatamente pela situação infeliz que estamos a viver, o espaço mostrou-se vital para esta nova realidade, alguns dos exemplos incluem a visualização dos cenários de guerra desde o espaço, ou a recuperação/manutenção das comunicações utilizando redes de comunicação via satélite. Estes novos cenários catapultaram o espaço para um papel cada vez mais decisivo na nova era”, afirma. Neste contexto, vale ressalvar o contributo de Portugal, que vem dando passos decisivos em áreas estratégicas, que permitirão no futuro desenvolver novas soluções para a observação da Terra, nomeadamente da plataforma atlântica, onde é vital a monitorização vinda do espaço. A Universidade de Aveiro, em colaboração com as várias empresas, tem também vindo a contribuir para estes novos desenvolvimentos.
É inegável que o setor do espaço e a utilização de tecnologias, sistemas e dados espaciais em Portugal evoluíram substancialmente ao longo dos últimos anos. No entanto, Nuno Borges Carvalho reconhece que ainda existem alguns desafios a ultrapassar: “Portugal precisa consolidar a aposta que foi realizada nos últimos anos no espaço, quer por incremento da formação de quadros espacializados nesta engenharia aeroespacial, quer por reconversão de engenheiros de outras áreas para esta área. Precisa ainda de capacidade de investimento que permita criar as condições de produzir e lançar estas soluções tecnológicas para o espaço.” Para além do alerta o diretor do DETI afirma ainda que “trazer um ‘Space hub’ para Portugal pode ser uma aposta decisiva para colocar Portugal no mapa como alternativa a outros países”.