
Entre no carro, aperte o cinto e prepare-se para muito mais do que uma simples viagem: a Estrada Nacional 2 é um percurso que cruza Portugal de lés a lés, mas também o leva a atravessar séculos de história, tradição e identidade. De Chaves a Faro, cada quilómetro é um convite à descoberta de um país autêntico, onde o passado e o presente se encontram em cada curva.
A origem da Estrada Nacional 2 (N2), que se estende de Chaves a Faro, remonta a 1945, ano do primeiro Plano Rodoviário Nacional.
No entanto, é essencial destacar que, muito antes dessa formalização, diversos troços desta mítica estrada (vias romanas, Estradas Reais e Distritais), já desempenhavam um papel crucial nas trocas comerciais e na mobilidade de bens e pessoas.
Essas antigas rotas, cujas marcas perduraram durante séculos, refletiam o pensamento estratégico que havia sido apagado após a queda do Império Romano, só retomando a sua relevância no final do século XIX, com o amadurecimento das ideias sobre infraestruturas e transportes.

O Século XIX e as Primeiras Tentativas de Modernização Rodoviária
Durante o século XIX, as Estradas Reais e Distritais foram classificadas oficialmente, mas somente em 1945, no âmbito do regime do Estado Novo, a construção de uma rede nacional rodoviária seria estabelecida de forma mais estruturada.
Nesse ano, foi elaborado o primeiro Plano Rodoviário Nacional (PRN), através do Decreto-Lei nº 34.593 de 11 de maio, que, além de alterar a numeração e a classificação das estradas, visava a construção de uma rede rodoviária de 20.597 quilómetros, dos quais 4.167 ainda careciam de construção.
A partir desse momento, a ligação entre o norte e o sul de Portugal, por meio da Estrada Nacional 2, tornou-se uma prioridade estratégica para o desenvolvimento nacional.
A Consolidação da N2 e os Avanços da Década de 1950
A N2 foi integrada no plano rodoviário de 1945, mas a sua conclusão plena só se deu em meados da década de 1950, quando a ligação rodoviária entre o norte e o sul do país foi finalmente concluída.
Durante a década de 1950, a N2 consolidou-se como um eixo fundamental da rede de transporte nacional.
O seu impacto foi amplificado pelo contexto pós-guerra, quando o aumento da mobilidade populacional e a expansão do transporte rodoviário se tornaram centrais para a modernização do país.
A construção de novas infraestruturas, como pontes e túneis, bem como a modernização das já existentes facilitaram o tráfego e estreitaram ainda mais a ligação entre o interior do país e as cidades do litoral.

O Papel da N2 na Expansão Turística e na Modernização de Portugal nas Décadas de 1960 e 1970
Nas décadas de 1960 e 1970, a N2 afirmou-se não apenas como um pilar de desenvolvimento económico, mas também como um motor do crescimento turístico.
A N2 passou a ser considerada não só um importante eixo de comunicação rodoviária, mas também um percurso de descoberta das paisagens e culturas do país.
As décadas de 1960 e 1970 assistiram a um desenvolvimento de novas ligações rodoviárias, o que contribuiu para a ampliação do fluxo turístico, especialmente para o Algarve, um destino turístico em crescente expansão.
Requalificação das Infraestruturas e a Segurança Rodoviária nas Décadas de 1980 e 1990
Nas décadas de 1980 e 1990, a N2 passou por um processo significativo de requalificação.
A modernização de pontes e túneis, a construção de desvios em zonas de elevado tráfego e a melhoria da sinalização contribuíram para a segurança e fluidez do trânsito.
A estrada tornou-se mais eficiente e capaz de lidar com o aumento do tráfego gerado pelo crescimento económico e o aumento da mobilidade.
O foco na segurança rodoviária e a instalação de dispositivos de proteção foram elementos centrais nas obras realizadas ao longo da década de 1990, culminando na criação de infraestruturas mais modernas.
A N2 no Século XXI: Património Rodoviário e Rota Turística
No século XXI, a N2, mais do que um simples eixo rodoviário, transformou-se numa rota turística de grande importância.
O continuado aumento do interesse pelo turismo rodoviário e a crescente valorização das rotas históricas têm colocado a N2 como um símbolo da diversidade, riqueza cultural e natural de Portugal.
A estrada é agora um destino turístico por si mesma, representando um percurso que não liga apenas o norte e o sul do país, mas que também proporciona uma viagem através das tradições, paisagens e história de Portugal.
Hoje a N2, mais do que um património rodoviário, é também uma marca na história do país e um elemento essencial na experiência turística portuguesa.

Passaporte
Se está a pensar percorrer a mítica Estrada Nacional 2 (EN2), que liga Chaves a Faro ao longo de 739,26 km, há um pequeno objeto que pode tornar a sua aventura ainda mais especial: o Passaporte da Rota da EN2.
Criado pela Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, este passaporte é muito mais do que um simples souvenir. Funciona como um verdadeiro diário de viagem, onde os visitantes podem colecionar carimbos em dezenas de locais parceiros espalhados pelos 35 municípios atravessados pela EN2 — desde postos de turismo e museus, até cafés, alojamentos e outros estabelecimentos locais.
Cada carimbo é o registo de uma paragem, de um momento vivido e de uma paisagem descoberta. Além de ser uma lembrança única, o passaporte promove o turismo de proximidade e convida à descoberta das tradições, da gastronomia e da diversidade cultural do interior de Portugal.
Adquirir o passaporte é fácil e económico, estando disponível em vários pontos oficiais ao longo da rota. E mais: ao parar nos postos de turismo para carimbar o seu percurso, poderá ainda receber sugestões e informações úteis para tirar o máximo partido da sua viagem.
O passaporte é o seu melhor companheiro nesta travessia memorável do país, de norte a sul.
Luís Machado
Viveu uma estrada que via todos os dias da janela da casa onde cresceu.
Sonhou com ela, com a estrada que passava por baixo da sua janela, onde se podia jogar à bola e contar os carros que por lá passavam.
Eram tão poucos que a contagem só por si dava para mais uma brincadeira.
E continuou a sonhar…
Para onde iria? Até onde iria?
O menino cresceu e a estrada que viveu tornou-se no sonho do Homem que a “Viu” com os olhos de quem busca sempre mais para o território que defende e representa.
E quando o sonho é forte e o Homem convicto… tudo acontece!
O Presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião – Luís Machado – foi o “Pai” da criação da Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, e é o grande responsável pela concertação de todo este projeto em volta da Nacional 2 e das autarquias que o constituem.
