: 25 de Abril, 2025 Redação:: Comentários: 0

Apaixonada pela advocacia desde jovem, Claudete Teixeira comanda o seu próprio escritório, construído com muito empenho e dedicação. Ao longo do tempo, essa trajetória tem sido marcada por conquistas significativas e etapas de sucesso. Em entrevista à Mais Magazine, a advogada partilha os desafios que enfrenta enquanto mulher no universo jurídico, os impactos na sua vida pessoal e profissional, e os sacrifícios que foram necessários para impulsionar o crescimento do seu negócio.

Em que momento da sua vida surge a paixão pela advocacia?

A advocacia nasceu comigo, faz parte do meu ser. Eu gosto de estudar, de argumentar e de defender causas e pessoas. Eu vivo o meu trabalho intensamente e não o sei fazer de outra forma. O passo de abrir o meu próprio escritório foi dado com alguma coragem, porque a incerteza inerente à mudança cria um atrito que não é fácil de ultrapassar, mas era o passo natural e que se impunha para que eu pudesse crescer profissionalmente, num ambiente de trabalho responsável, combativo, mas salutar. Trabalhar com pessoas que partilham os nossos valores e que têm uma abordagem ao trabalho e à advocacia similar à nossa é uma mais-valia. Atendendo ao elevado número de horas que passamos no trabalho, é importante que esse seja um local agradável.

Para si, o que é o sucesso? Como se pode alcança-lo?

Acho que não existe uma resposta certa, ou pelo menos uma única resposta, para essa pergunta. O sucesso é algo muito pessoal e alcançável de inúmeras e diversas formas, em função do objetivo de vida de cada um. O meu sucesso passa por ter a minha família e a minha carreira. Naturalmente que me sinto realizada profissionalmente e isso é muito importante para mim, porque lutei muito, desde muito cedo, pelo meu crescimento profissional. Mas, na advocacia, e se calhar em qualquer profissão, não nos devemos deslumbrar com vitórias ou com um aparente sucesso, porque o trabalho tem de ser diário e contínuo e qualquer falha pode deitar tudo a perder. É preciso manter os pés bem assentes na terra. Embora também não nos devamos abater com derrotas. Nem tudo depende de nós.

Claudete Teixeira, Advogada

Sente que, profissionalmente, ainda existe disparidade de direitos entre géneros?

Eu penso que, em geral, essa disparidade existe. No caso particular da advocacia e no exercício da profissão, no dia a dia, eu, em particular, não sinto que o facto de ser mulher me coloque numa posição mais fragilizada em relação a um homem. Essa fragilidade existe, porém, se adicionarmos a esta equação a maternidade e os filhos. A partir do momento em que uma advogada tem filhos tem de desenvolver um esforço muito superior do que um advogado que é pai, para conseguir o mesmo resultado. A falta de apoios e direitos sociais no pós-parto e na infância é algo muito violento e que penaliza essencialmente as mulheres. Especialmente se essas mulheres quiserem assumir posições de liderança e/ou progressão na carreira.

Tendo em conta o trabalho e a dedicação que a advocacia exige, como consegue encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal?

O mercado de trabalho é, de facto, muito exigente e a advocacia é uma carreira competitiva, até connosco próprios. Não apenas porque o nível de responsabilidade com que temos de lidar é muito elevado, como pelo facto de termos sempre de nos manter atualizados. Eu continuo sempre a estudar. Além do trabalho propriamente dito é necessário dedicar tempo ao estudo à nossa formação contínua. Ter tempo para esta vertente e para nós e para a família, naturalmente que não é fácil. Mas é fundamental que se encontre esse ponto de equilíbrio. Eu sou feliz no meu trabalho e a exercer a profissão que escolhi, mas não seria uma pessoa totalmente feliz se não tivesse também a minha família, os meus filhos. E quando assim é, quando precisamos de mais do que o nosso trabalho para sermos totalmente felizes, temos mesmo de encontrar esse ponto de equilíbrio. Embora eu ache que esse equilíbrio também passa por uns dias dedicarmo-nos mais ao trabalho e outros à família. Ou seja, os dias não são todos iguais, e é preciso gerir em função das necessidades, ao invés de acreditar que conseguimos estar sempre em todo o lado, porque isso é que provavelmente não vamos conseguir e vamos acabar exaustos e frustrados.

Que conselhos daria às jovens mulheres trabalhadoras?

Quando eu iniciei a minha carreira o meu foco era aprender e ganhar experiência e trabalhava desde manhã muito cedo até horas tardias da noite, e não raras vezes aos fins de semana, mas, como digo, o meu foco era crescer profissionalmente e tornar-me cada vez melhor. Hoje sinto que o meu esforço valeu a pena, mas não considero que isso seja um estilo de vida saudável e muito menos se for prolongado no tempo. Até porque, naturalmente, quando se leva um estilo de vida destes, a vida pessoal fica preterida. Por outro lado, há alturas em que é preciso algum sacrifício para se conseguir ir mais além na carreira. Posto isto, acredito que conseguindo-se encontrar algum equilíbrio entre estas duas realidades e também alguma inteligência e bom senso para gerir o nosso esforço e objetivos, certamente será o ideal. Porém, é preciso ter consciência que sem muito trabalho e sacrifício não se consegue evoluir.

Quais as principais metas que gostaria de alcançar a nível profissional?

Nós continuamos a crescer, o que me deixa muito satisfeita. Este ano juntou–se à nossa equipa uma colega com uma grande experiência em direito criminal e contraordenações, uma área em que não tínhamos ninguém especializado. A área do imobiliário/contratos também está com uma expansão muito sólida e significativa e possivelmente teremos também de reforçar essa equipa. Portanto, tudo isto são bons indicadores, sendo que o meu objetivo é manter o crescimento do meu escritório, preservando a qualidade do trabalho.