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Saúl Sousa e Patrícia, sua esposa, começaram com uma pequena brincadeiraa vender sandes de leitão e hoje são um caso sério de sucesso no setor da restauração. Em entrevista à Mais Magazine, o empresário Saúl Sousa revela a história por detrás da criação da marca O Cabeças e levanta o véu sobre o novo espaço que irá abrir na zona dos Carvalhos, em Vila Nova de Gaia.

O percurso profissional de Saúl Sousa está inegavelmente ligado às sandes de leitão. Era ainda muito jovem quando começou a vender estas iguarias numa rulote, junto aos estádios de futebol, em feiras medievais ou em algumas das romarias mais conhecidas do Grande Porto, como o Senhor de Matosinhos ou a Nossa Senhora da Saúde, nos Carvalhos. “Nós não parávamos”, começa por contar Saúl Sousa. Foi assim que a marca O Cabeças começou a ganhar notoriedade e hoje, embora já não utilizem a rulote, continuam a marcar presença em algumas romarias. “Isso é o que me dá mais gozo: ter de montar um restaurante no meio do monte para 200 ou 300 pessoas sentadas”, revela.

Com o passar do tempo, Saúl começou a sentir a necessidade de abrir o seu primeiro espaço físico e, em 2013, surgiu a oportunidade que tanto esperava. Assim nasceu a Casa dos Leitões, em Matosinhos. Inicialmente funcionava como restauran-te, mas hoje opera essencialmente como take-away devido à falta de estaciona-mento. “Matosinhos tem a maior zona de restauração da Europa por m2, mas o estacionamento é um problema muito sério”, constata.

Posteriormente, Saúl começou a pensar que fazia sentido abrir um espaço onde as pessoas pudessem comer o leitão, tal como faziam nas feiras. Assim, inaugurou o Armazém das Sandes, em Rio Tinto, que, como explica, “é um caso de sucesso, tendo completado cinco anos em novembro”. Mais tarde, surgiu a oportunidade de abrir um novo restaurante, desta vez na zona dos Carvalhos, em Vila Nova de Gaia. Contudo, este projeto acabou por ficar em “stand-by” porque, entretanto, foi inaugurada a Catedral das Sandes, situada em Ermesinde, nas proximidades do Santuário de Santa Rita. Trata-se de um espaço “muito bonito, com capacidade para sentar 120 pessoas”.

Quanto ao cardápio, há opções para praticamente todos os gostos. Para além das típicas sandes de leitão, n’O Cabeças pode encontrar o preguinho em pão, a bifana à lavrador, o cachorro tradicional e as sopas (caldo verde, caldo de nabos e, durante os meses de inverno, as papas de sarrabulho). “Só para ter uma noção, há dias em que vendo mais sopas do que sandes de leitão”, revela o empresário.

Contudo, o ex-líbris da casa é mesmo o leitão. O Cabeças é uma verdadeira referência no Grande Porto no que diz respeito ao leitão assado. Quando confrontado com o segredo para o sucesso desta iguaria nos seus restaurantes, Saúl explica que está na qualidade dos produtos escolhidos: “Nós tentamos oferecer sempre o melhor aos nossos clientes. O vinho utilizado para fazer o molho do leitão, por exemplo, é o melhor do mercado”, acrescenta, frisando que “é assim que se vai conquistando a confiança de quem nos visita”.

E por falar em molho, o empresário está atento aos hábitos dos seus clientes. Por isso, nos últimos anos, tem efetuado algumas alterações na receita. “Já asso leitões há sensivelmente 36 anos e, desde então, já reduzi para metade a quantidade de pimenta e de sal. Hoje em dia, o molho do leitão está mais suave, não é tão agressivo como quando comecei”, explica.

O Cabeças destaca-se também pela sua vertente solidária. Todos os anos oferece inúmeras refeições aos peregrinos. “Este ano, por exemplo, no dia 9 de maio, montámos uma tenda em Coimbra e oferecemos cerca de 3 200 refeições”, conta. Durante a pandemia, chegaram a oferecer sandes de leitão aos profissionais de saúde que combatiam o vírus. Estas ações, promovidas por Saúl e pela sua equipa, acabam por ser uma mais-valia para os seus restaurantes, pois, como explica o empresário, “para além de ajudar as pessoas, estamos a dar a conhecer o nosso trabalho”.

Relativamente à nova casa que Saúl irá abrir na zona dos Carvalhos, admite que numa primeira fase, ao ver o espaço, ponderou recusá-lo, mas acabou por arriscar. O projeto já está a ser desenvolvido há cerca de dois anos e meio, com a inauguração prevista para fevereiro de 2025. “A Senhora das Sandes, localizada na EN1, junto ao monte da Nossa Senhora da Saúde, vai ser a maior até agora… É um projeto lindíssimo e, na minha opinião, será uma das melhores casas a trabalhar em Vila Nova de Gaia”, garante.

Maquete d’O Cabeças – Senhora das Sandes

Neste momento, a prioridade de Saúl passa pela abertura do restaurante a Senhora das Sandes. Quanto ao futuro, admite que já sente algum cansaço e, por isso, depois de ter os quatro espaços a funcionar, gostaria de passar o “testemunho” aos seus familiares.

Por fim, Saúl Sousa deixa um convite a todos os leitores para visitarem O Cabeças. “Se quiser comer uma boa sandes de leitão ou um bom preguinho, visite-nos. Estamos cá para isso”. Além disso, garante que está sempre aberto a críticas: “Caso tenham alguma reclamação a fazer, façam-no ao balcão. Estamos sempre abertos a sugestões e dispostos a melhorar”.

O Cabeças conta atualmente com 48 colaboradores e, com a abertura da Senhora das Sandes, esse número aumentará para 70. Como Saúl explica, “ninguém nasce ensinado e todos podemos errar”, mas assegura que a sua equipa dá sempre o melhor para satisfazer os clientes. “Em dez, só podemos errar uma”, reitera. Prova do excelente trabalho que têm desenvolvido é o facto de este mês a marca O Cabeças ter sido distinguida, pela 5ª vez consecutiva, como PME Excelência.

O empresário aproveita ainda para agradecer o empenho e a dedicação de todos os seus funcionários, deixando uma mensagem especial à esposa, Patrícia Sousa, que considera o seu “maior pilar”: “obrigada por todo o apoio que me tens dado ao longo destes anos”.

“Um forte abraço a todos e votos de um Feliz Natal!”, conclui.