Em Sintra, na região de Colares, localiza-se aquela que é a adega cooperativa mais antiga de Portugal e que se encontra aberta ao público para aqueles que tiverem o desejo de a conhecer. José Vicente-Paulo, o administrador, conta-nos um pouco da sua história e enumera as caraterísticas que tornam estes vinhos únicos.
Para contarmos a história da Adega Regional de Colares precisamos de recuar a meados do século XIX. Foi por essa altura que ocorreu uma grande praga de filoxera na Europa, que resultou na ruína de várias indústrias vinícolas. Em Portugal, as castas instaladas em solo arenoso em Colares não foram afetadas, isto porque o inseto não consegue atingir as raízes das videiras devido à profundidade a que estas são plantadas e à proteção que as areias lhe conferem. Tal facto, levou a um aumento exponencial da procura por esta região, pelo que, em 1908, o rei D. Manuel II atribuiu-lhe o estatuto de Região Demarcada. De facto, esta região possui características ímpares que beneficiam a produção do vinho, entre as quais, as suas castas autóctones (Ramisco, Malvasia de Colares e Molar); o solo arenoso; o clima e o microclima; e, por fim, o maneio. Ainda assim, para o entrevistado, a falta de mão de obra é um dos problemas mais gritantes enfrentados pelo setor nesta região.
No que diz respeito à Adega Regional de Colares, esta surge no ano de 1931 com o intuito de defender o vinho de Colares. Neste momento, este edifício histórico dispõe de vários serviços, nomeadamente a produção de vinho, o auxílio às quintas da região que pretendem implementar as suas marcas, mas não têm capacidade para tal, e a organização de eventos. A par disto, a Adega Regional de Colares providencia a realização de atividades ligadas ao enoturismo, tais como: provas de vinhos simples ou acompanhadas por um enólogo e visitas à Adega e às vinhas. “Temos todo o gosto em receber os turistas, nacionais ou internacionais, e tentamos ao máximo ir ao encontro das suas expectativas”, salienta o entrevistado.
A reabilitação do edifício
No passado mês de junho, a Câmara de Sintra e a Adega Regional de Colares assinaram um protocolo de colaboração que visa a realização de obras de requalificação do edifício. Trata-se de um investimento de cerca de 600 mil euros que é, igualmente, uma prova inequívoca da importância dos vinhos de Colares para a região. Sobre o estado em que se encontram estas obras atualmente, o administrador explica: “este ano já conseguimos substituir a parte central do telhado com 105m de comprimento e pretendemos, no próximo ano, recuperar o resto do edifício”. Nesta primeira fase houve, ao abrigo do protocolo com a Câmara Municipal de Sintra, um apoio de 100 mil euros.
Olhar sobre a atualidade e esperança em relação ao futuro
Nos últimos anos, “apesar da produção ser reduzida”, a adega de Colares “tem crescido significativamente” quer ao nível das plantações dos associados, quer no que se refere aos serviços prestados aos produtores engarrafadores. Além disso, a região tem-se desenvolvido e as novas tecnologias (mecanização sem descaracterização) têm sido uma ajuda muito importante para fazer face ao problema da escassez de mão de obra. Por isso, o administrador José Vicente-Paulo, olha com positivismo para o futuro da Adega Regional de Colares.