A vontade de fazer mais e melhor pelos oceanos e pela sustentabilidade levou à criação do WavEC no ano de 2003. Desde então, a empresa portuguesa tem-se dedicado de corpo e alma ao desenvolvimento de soluções na área de energias renováveis marinhas, aquacultura offshore e engenharia dos oceanos. Fique a conhecê-la um pouco melhor pela voz do seu Presidente, António Sarmento.
Poderíamos começar a nossa conversa por conhecer um pouco melhor o universo WavEC e quais os valores que a têm norteado ao longo destas quase duas décadas de vida?
Desde o seu início que o WavEC orientou a sua ação para o surgimento duma nova atividade económica centrada nas energias renováveis marinhas. Tal implicou abordar a sua missão segundo três eixos: o apoio técnico e estratégico às empresas, o desenvolvimento de políticas públicas e a comunicação com o público em geral. Esta abordagem permitiu ao WavEC, desde cedo, ser um bom interlocutor junto da academia, das empresas, do governo e da administração pública.
Com uma equipa multidisciplinar e com vasto know-how, o WavEC tem vindo, ao longo dos anos, a alargar o seu leque de competências e serviços. Presentemente, quais os serviços prestados pelo WavEC e de que forma vieram reforçar a oferta deste tipo de serviços e equipamentos no mercado nacional e internacional?
A energia eólica offshore e a energia das ondas, cada uma com cerca de 40% do esforço, são as áreas mais significativas da atividade do WavEC. O tipo de competências e serviços que o WavEC oferece tem vindo a evoluir em função das necessidades das empresas e do mercado. Hoje, as áreas com maior dinâmica no WavEC incluem, no contexto das ERM, a avaliação e monitorização ambiental, a engenharia de conceção de parques offshore (incluindo a seleção de locais e estudos técnico-económicos e de logística offshore), o licenciamento de projetos e o aconselhamento estratégico (para empresas e de políticas públicas).
Recentemente, o WavEC alargou o seu âmbito de atividade à aquacultura offshore, uma área tem vindo a ganhar cada vez mais espaço em Portugal. Quais as soluções já desenvolvidas para este mercado?
Na área da aquacultura offshore, fizemos estudos sobre a circulação de água em jaulas offshore para o mercado norueguês, apoiamos o arranque de um projeto de aquacultura offshore inovador em Portugal e submetemos, com um consórcio alargado, uma proposta ao PRR. Se esta proposta vier a ser aprovada, teremos oportunidade para desenvolver tecnologia inovadora com impacte no desenvolvimento da aquacultura nacional, incluindo de jaulas para a produção offshore. Estamos, agora, a arrancar um projeto de I&D relacionado com a reflorestação do oceano com algas, que se vai desenvolver na costa de Cascais.
Constituída por uma equipa de investigadores e com vasto know-how o WavEC destaca-se por desenvolver e participar em diversos projetos de destaque. Tem sido esta uma das facetas mais marcantes do WavEC?
O esforço de inovação do WavEC é muito significativo, representando cerca de 60% do total e é, em grande parte, feito no contexto de projetos europeus. Nestes projetos procuramos desenvolver ferramentas de dimensionamento e análise que são utilizadas no apoio a empresas na fase de protótipos ou de parques offshore com tecnologia já mais consolidada.
Portugal acolhe, este ano, pela primeira vez a Conferência sobre os Oceanos das Nações Unidas, que procurará impulsionar soluções inovadoras, baseadas em dados científicos, através das quais se pretende iniciar um novo capítulo da ação mundial sobre os oceanos. Na sua opinião, por onde deverão passar as soluções para uma gestão sustentável dos oceanos e de que forma o WavEC continuará a contribuir para conservar os oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável?
Espero que a Conferência dos Oceanos permita compreender que os parques de energia renovável marinha, longe de serem uma ameaça a um oceano mais sustentável, podem ser um valioso instrumento para que esse objetivo seja atingido. De facto, os parques eólicos são áreas sem navegação ou pesca desregulada, podem conter florestas de algas que absorvem CO2 e aquacultura de bivalves que contribuem para uma melhor qualidade de água por a filtrarem continuamente. Os parques eólicos offshore podem contribuir, deste modo, para o reforço da biodiversidade, produzindo riqueza e postos de trabalho substitutos dos que se perderem com a redução do esforço de pesca.