
Com uma história de vida marcada pela dedicação, humildade e uma impressionante trajetória de crescimento profissional, Maria Luísa é hoje a Presidente do Conselho de Administração da Companhia União de Crédito Popular (CUCP), uma instituição com 150 anos de existência. Nesta entrevista à Mais Magazine, partilha o seu percurso desde os primeiros passos no mundo do trabalho até à liderança de uma empresa centenária, refletindo sobre os desafios de ser mulher num cargo de topo, a importância do equilíbrio entre vida pessoal e profissional e os valores que orientam a sua visão de sucesso.
Comecemos esta entrevista por dar a conhecer a Maria Luísa aos nossos leitores. Qual a sua formação académica e qual a sua trajetória profissional até chegar à Companhia União De Crédito Popular?
Venho de famílias modestas e fiz o curso comercial na escola Filipa de Vilhena, no Porto. De seguida, fiz a secção preparatória para ir para o Instituto Comercial, mas, quis o destino, que me arranjassem um emprego na Utilometal de Joaquim da Silva Torres, na Rua da Restauração – Porto, onde estive cerca de um ano. Comecei pelo arquivo, depois passei a telefonista de PBX e termino como ajudante de contabilista. Recordo as palavras do Sr. Torres quando me despedi: “Vocês vêm das escolas, mas quem vos tira o “lixo das unhas” somos nós”. Lá aprendi a ser gente – Obrigada Sr Torres.
Na época, despedi-me porque o meu pai arranja-me emprego na Jomar de João Marques Pinto, Rua da Lameira de Cima – Porto, por onde fiquei durante 36 anos. Comecei pela secção de pessoal, depois como programadora do sistema IBM e analista. Mais tarde, fico responsável pelos Sistemas de Informação. É aqui que tenho a oportunidade de ingressar na Faculdade de Economia do Porto, onde me licenciei em Economia.
Em 2002, a convite de um administrador da CUCP, integro a empresa.
O quão desafiante é liderar a Companhia União de Crédito Popular (CUCP), uma empresa que conta já com 150 anos de existência? Quais os segredos que garantem esta longevidade da CUCP?
É fantástico trabalhar nesta casa há mais de 20 anos, onde exerço funções de Presidente do Conselho de Administração desde 2018.
Hoje temos 15 casas de penhores, desde Fafe ao Seixal, o que nos obriga a estar ainda mais atentos às pessoas. São muitas as famílias que dependem de nós e que nós esperamos ainda poder vir a ter os seus connosco. Arregaçamos as mangas e estamos todos os dias no terreno a trabalhar com os nossos colaboradores.
Não há segredos para este sucesso e longevidade. Herdamos o rigor, a seriedade, o profissionalismo e uma coisa que agora anda arredada: honramos a palavra. Nós existimos para servir quem nos procura.

Na sua ótica, como é ser uma mulher bem-sucedida? Para si, o que é o sucesso profissional?
É exigente conjugar a vida pessoal com a profissional. Mas, com método e objetivos, tudo se consegue. Às vezes não. Nunca me esqueço de que uma vez a minha filha ficou no colégio até às 21h, porque eu saí tarde da Jomar e o meu marido do consultório. Cada um de nós pensou que o outro ia buscar a garota, e, … VIDA!
Não há sucesso sem esforço. Trabalhar com zelo e lealdade para quem nos paga é a solução. Se não estamos bem, se não somos reconhecidos, o melhor que temos a fazer é mudar. Podemos, numa primeira oportunidade, mostrar a quem nos lidera que não estamos satisfeitos. Perceber o que acontece.
Tendo em conta a exigência do mercado de trabalho, como consegue encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal?
Com uma vida profissional das 08h às 18h de segunda a sexta-feira, a vida particular fica muito prejudicada. Se quiser acompanhar o seu filho, ter tempo para si ou ser um pouco mais social pode fazê-lo, mas tem de ter ajuda de alguém em casa. Caso contrário, é impossível.
Que conselhos daria às jovens mulheres que estão prestes a entrar no mercado de trabalho ou a iniciar os seus próprios negócios?
Pensem bem no emprego que vos faz feliz. Se for para sair de casa para ir para um pesadelo, não. Coloquem sempre os vossos dons em tudo o que fazem e façam valer essas aptidões. Não misturem trabalho com vida particular e vice-versa. Façam sempre o vosso trabalho com alegria e confiem em quem vos contratou. Se estiverem com dificuldades, cheguem junto deles e peçam ajuda. Estou feliz onde estou? Continuo. Não estou e posso melhorar falando com alguém? Faço-o. Não posso? Bem, se tenho de aguentar, que seja com profissionalismo para que na melhor oportunidade se consiga ter melhor, porque a lei do retorno existe.
Quais as principais metas que gostaria de alcançar a nível profissional?
Deixar a CUCP como líder do mercado na área dos penhores e das ourivesarias. Saber que consegui com o meu exemplo transmitir aos vindouros a capacidade de trabalho para o bem comum. Não somos nada sem quem nos rodeia. Podemos ter as maiores qualificações, mas se não tivermos quem nos ajude nada conseguimos fazer. Que me interessa chegar com uma excelente ideia se não tiver quem a concretize?