: 25 de Abril, 2025 Redação:: Comentários: 0

A Mais Magazine foi até Castanheira de Pera para conhecer de perto os encantos da região, onde a natureza, o lazer e a cultura se cruzam em perfeita harmonia.

Principais atrações turísticas

Castanheira de Pera é um território de paisagens idílicas. Imagine despertar abraçado no aconchego da serra. Respirar tranquilidade, no raiar da paleta de tons verde e azul-celeste espelhados no lago. Veleiros acostam junto a uma velha ponte de pedra de arcos perfeitos. Ao som de uma buzina, lembrando um navio, ouve-se, agora, o marulhar sincronizado das ondas ecoando no vale, entre as serranias, longe do mar! As ondas da Praia das Rocas são o principal atrativo turístico da região. 80 a 100 mil visitantes animam a época balnear – e a economia de Castanheira de Pera e dos concelhos circunvizinhos. Empreendimento pioneiro no turismo balnear, o complexo gerido pela Prazilândia – Turismo e Ambiente E.M. oferece diversas atividades de desporto, recreio e lazer turístico (ex. canoas, cisnes, stand up paddle, roller ball, insufláveis, escalada, slide e outras), animação cultural e alojamento de qualidade nos bungalows da Villa Praia. Inaugurada em 2005, a Praia das Rocas completa este ano 20 verões de atividade, num programa festivo que promete novidades. Contam os amantes de praias fluviais de águas frias e cristalinas que mergulhar na Ribeira de Pera limpa o corpo, refrigera a alma e revigora o espírito. Entre socalcos verdejantes, à sombra do centenário carvalhal ou recostando-se em banhos de sol nos penedos de xisto, a Praia Fluvial do Poço Corga é um ex-líbris da paisagem cultural de Castanheira de Pera, quão postal ilustrado pintada sobre a grande tela da natureza. Distinguida, no ano passado, como Praia Fluvial Revelação da Região Centro, trata-se de um local aprazível desde sempre, cativante nas quatro estações, dos tons outonais das caducifólias ao florir primaveril amarelo-rosáceo das urzes e carquejas que se avistam nas serranias, num cenário bucólico emoldurado de muros de pedra e dos córregos levando a água no regadio do mosaico de pequenas hortas, junto às ruínas da centenária Fábrica de Lanifícios do Bolo, paredes-meias com o antigo lagar de azeite. A piscina natural do Poço Corga foi inaugurada em 1988, contando-se entre as primeiras praias fluviais da região…

É o retrato de uma paisagem cultural que melhor combina a preservação do ambiente natural com a valorização do património e das memórias dos lugares. O visitante é absorto numa primeira experiência imersiva na beleza do arbóreo monumental do Carvalha do Bolo. As vidraças do núcleo museológico mostram a velha maquinaria do antigo lagar movido pela força da roda hidráulica, convidando a novos roteiros degustativos na prova de iguarias bem regadas com azeite da região, numa visita guiada alargada ao Lagar do Bolo, em funcionamento, por altura da apanha da azeitona. No belo casario de xisto que outrora albergou uma oficina de tecelagem, na época estival o restaurante Poço Corga abre o cardápio aos melhores sabores da gastronomia regional, bem servindo o cabrito assado. As boas vibrações dos concertos de verão fazem levantar os pés do chão em agosto, por ocasião da Feira da Juventude. Entre a programação outonal do “Festival de Caminhadas da Serra da Lousã” e a agenda anual dos “Doze Meses, Doze Caminhadas”, as paisagens envolventes do Poço Corga são entusiasmantes pretextos no guião do pedestrianismo de natureza, entre os roteiros micológicos e as caminhadas aquáticas. Os empreendimentos turísticos privados do resort “Villa Rio” e do parque de campismo “O Moinho”, completam a diversificação da oferta de alojamento em redor da Praia.

Representando um investimento na grandeza de meio milhão de euros, a recente requalificação da área envolvente da Praia Fluvial do Poço Corga teve como principal objetivo responder aos requisitos do programa de qualificação turística de espaços balneares “Praia Acessível, Praia para Todos!”, com intervenções na melhoria das condições de acessibilidade, conforto e segurança para pessoas com mobilidade reduzida, através da construção de rampas e passeios e de instalações sanitárias adaptadas, assim como nas condições de circulação rodoviária e de parqueamento automóvel. Os diversos arranjos urbanísticos visaram ainda a valorização da paisagem. A promoção de novas experiências turísticas todo o ano justifica a aposta na construção de um parque de arborismo. Aos requisitos de “Praia Segura”, que beneficiou da instalação de um posto de primeiros socorros, a distinção da qualidade da estrutura balnear passa pelo concurso e manutenção dos galardões de “Bandeira Azul”, “Praia Aldeias do Xisto” e “Praia Qualidade de Ouro”. Percorrendo, a montante, as margens da Ribeira de Pera, entre campos de cultivo, carvalhais, soutos e a exuberância da galeria ripícola, o caminho do Poço dos Amaros cruza-se com a Rota Terras de Peralta. Um banco virado para o açude, próximo do antigo moinho, convida o pedestrianista a uma reconfortante pausa, numa experiência sensorial relaxante ao som das águas correntes. Continuando, a montante, o espelho d’água dos Pisões é outro recanto aprazível. Chegados ao Coentral, escorrem pelas fragas as águas da Ribeira das Quelhas, caindo em belas cascatas nas torrentes de inverno. Subindo os Passadiços alcançamos os trilhos que se elevam ao cimo do Cabeço do Pereiro, em rumaria ao Santo António da Neve. Dos sete poços neveiros restam três. Património único, ali era recolhida, compactada e armazenada a neve, transformada depois no gelo servido em sorvetes e bebidas refrescantes que satisfaziam os gostos requintados dos salões setecentistas da realeza e os botequins oitocentistas de Lisboa.

Para os amantes da natureza: “Festival de Caminhadas da Serra da Lousã” e “Doze Meses, Doze Caminhadas”

Outubro marca o regresso do outono, estação húmida de eflúvios fortes e cores quentes. É o mês da “Feira da Castanha, do Mel e do Artesanato”, no Coentral. É o tempo de viver Castanheira de Pera e o seu “Festival de Caminhadas”! Reserve na agenda os dias 3, 4 e 5 de outubro – as vagas são limitadas. O Festival oferece várias opções de caminhadas (limitadas a 20 participantes), num programa de multiatividades que incluem degustações gastronómicas, animação cultural e lazeres turísticos.

Sábado, 04 de outubro

Opção A – Rotas das Levadas de Pera com atelier de broa e queijo, 4km

Opção B – Rota das Ribeiras, 10km

Opção C – Rota da Lã com visita à fábrica de lanifícios Albano Morgado SA, 5km

Opção D – Rota dos Veados, 9,5km

Domingo, 05 de outubro

Opção 1 – Rota dos Neveiros e dos Lobos, 12km

Opção 2 – Caminhada Aquática I

Opção 3 – Caminhada Aquática II

Opção 4 – Rota da Vila, 5km

Já na 3ª edição, o programa “Doze Meses, Doze Caminhadas”, organizado pela Prazilândia E.M., propõe a contemplação de paisagens pitorescas, proporcionando aos participantes experiências autênticas renovadas a cada ano, em respeito com valorização dos recursos endógenos e a proteção dos ecossistemas e da biodiversidade. A Rota dos Açudes, a Rota dos Neveiros, a Brama dos Veados e a Rota Micológica são momentos altos na agenda das doze caminhadas.

Todo o ano, em roteiros acessíveis a (quase) todos, Castanheira de Pera entusiasma os amantes da natureza com quatro percursos pedestres homologados:

  • PR1 – Rota dos Coentrais, com saída do Coentral Grande, circular, 3,7km
  • PR2 – Rota da Água e da Pedra, com saída do Coentral Grande, circular, 15,4km
  • PR3 – Rota dos Neveiros, com saída do Coentral Grande, linear, 3km
  • PR4 – Rota Terras de Peralta, com saída de Pera, circular, 2,6km

Turismo de natureza e industrial

Castanheira de Pera é um território de montanha. Recuando no tempo, a água e a lã formaram a base da economia agros-silvopastoril local. Hoje, as caudalosas águas não movem moinhos, espraiam-se no veraneio das ondas das Rocas. Seguindo, a jusante, pelos trilhos que serpenteiam as margens da Ribeira de Pera, partimos à redescoberta do património industrial. A Rota dos Açudes (fase de projeto) promete ser a grande revelação do pedestrianismo na região. Por entre o denso ripário, junto às ruínas de antigos moinhos e fábricas de lanifícios, os açudes impõem-se na vertigem da paisagem, formando monumentais quedas d’água. Contam-se dez, da albufeira da Praia das Rocas até aos Linhares, narrando pedaços de história da industrialização (e da desindustrialização) de Castanheira de Pera, desde a fundação da primeira fábrica de lanifícios, na Abelheira (1856), aos motores do grande empório industrial do Visconde de Castanheira de Pera, António Alves Bebiano, nos Esconhais (1866), passando pela Central Hydro-Electrica de Manuel Diniz Henriques (1912), pela Retorta, o fabrico de barretes no Souto Escuro, o monumental açude dos Rapos e os moinhos do Carregal Fundeiro. Prosseguindo da Moita e dos Linhares até às Sarzedas de São Pedro, o Turismo de Natureza cruza-se com os novos roteiros do Turismo Industrial. Fundada em 1927, a “Albano Morgado S.A.” é uma moderna fábrica de lanifícios que domina todas as etapas do processo de transformação da lã – cardação, fiação, tecelagem, tinturaria e ultimação – exportando mais de 70% da produção para os mais competitivos mercados internacionais. A recente adesão à “Rota Portuguesa de Turismo Industrial” abriu as portas da fábrica a visitação de turistas, mediante reserva.

A importância da proteção e valorização da floresta

Cerca de metade do território está inserido na Rede Natura 2000, no sítio da Serra da Lousã. Na outra metade, fustigada pelos incêndios de 2017, predomina a monocultura do eucalipto. Tornar o território mais resiliente à ocorrência de fogos florestais e, simultaneamente, valorizar a paisagem rural, a biodiversidade, os recursos endógenos e a agricultura familiar, como fatores de sustentabilidade e de coesão territorial, tem sido uma das prioridades do Município. Entre os vários instrumentos disponíveis, designadamente as AIGP (Áreas Integradas de Gestão da Paisagem), os Mosaicos Florestais e a gestão das faixas de combustível ao longo da rede viária municipal, destacam-se dois: O primeiro, “Castanheira Melhor Floresta”, é um projeto de iniciativa privada promovido pela Biond (Associação das Bioindústrias de Base Florestal), com o apoio da autarquia, introduzindo boas práticas de gestão florestal em áreas predominantes de eucaliptal, que representa um valor de investimento de 1,2 milhões de euros; O segundo, resulta da transformação paisagística em redor dos aglomerados urbanos, através dos “Condomínios de Aldeia”. No ano passado foram lançados 10 planos de intervenção, representando o total de investimento de 566.726€. É intenção do Município alargar as intervenções à totalidade das aldeias do concelho, mediante a aprovação das candidaturas submetidas ao “Programa Integrado de Apoio às Aldeias Localizadas em Territórios de Floresta”, do Fundo Ambiental. Os planos de intervenção incluem a remoção do arbóreo intensivo lenhoso e resinoso no perímetro de proteção das aldeias, a limpeza de matos, a preservação de espécies autóctones como o sobreiro, o carvalho e o castanheiro, o plantio de frutícolas e a extensão das zonas de regadio e de pastagem… A sustentabilidade do turismo começa pela valorização das paisagens e a proteção ambiental.