Redução das quotas no Mar de Barents, sanções à Rússia e custos crescentes alteram o equilíbrio do setor. Pascoal & Filhos, única empresa portuguesa do setor com frota própria, aposta na inovação, conveniência e produtos de valor acrescentado.
O mercado do bacalhau atravessa um dos períodos mais desafiantes da última década, com uma combinação de fatores que pressionam a oferta e fazem subir os preços ao consumidor. A redução das quotas de pesca no Mar de Barents, uma das principais zonas de captura, teve um impacto imediato na disponibilidade do produto, afetando o abastecimento em toda a Europa.
Com menos peixe no mercado, o preço da matéria-prima disparou, refletindo-se ao longo de toda a cadeia de valor. A situação agravou-se com a redução das importações provenientes da Rússia, resultado direto das sanções impostas pela União Europeia, que limitaram o comércio de pescado com origem russa, até há pouco tempo um dos principais fornecedores mundiais de bacalhau.
Consequentemente, o preço ao consumidor aumentou de forma acentuada, levando a uma redução do consumo, sobretudo nos mercados tradicionais, como Portugal, Espanha e Brasil, onde o bacalhau salgado e seco faz parte da cultura alimentar.
Por outro lado, registou-se uma maior procura do bacalhau por mercados com maior poder de compra, nomeadamente em países nórdicos e na América do Norte, onde predomina o consumo de peixe fresco ou congelado. Essa tendência tem contribuído para alterar o destino da produção global e redefinir as estratégias comerciais das empresas do setor.
A Pascoal & Filhos, empresa portuguesa de referência na fileira do bacalhau e a única do setor que detém frota própria de pesca, tem procurado responder a este novo contexto com inovação e investimento. A empresa foi também pioneira no desenvolvimento do processo industrial de demolha do bacalhau, criando uma alternativa mais prática e conveniente ao tradicional bacalhau salgado e seco, sem comprometer o sabor e a qualidade que caracterizam este produto emblemático.
Nos últimos anos, a Pascoal reforçou ainda mais o seu posicionamento inovador com a construção de uma fábrica de pré-cozinhados, com grande foco em produtos à base de bacalhau. Esta unidade industrial representa um passo estratégico para a diversificação da oferta e consolida a empresa como a única do setor com produção própria de produtos prontos a consumir, valorizando o saber-fazer tradicional através de soluções modernas e convenientes.
“O contexto atual obriga-nos a ser mais eficientes e a procurar novas oportunidades em mercados que valorizam a qualidade e a sustentabilidade”, sublinha um porta-voz da Pascoal & Filhos. “Temos investido em inovação e diferenciação, apostando em produtos prontos a consumir e em novas formas de apresentação que respondam às exigências do consumidor moderno.”
Para 2026, as previsões apontam para uma continuação da pressão sobre os preços, embora se espere alguma estabilização se as quotas de pesca forem revistas e as tensões geopolíticas aliviarem. As empresas do setor, como a Pascoal & Filhos, apostam em eficiência produtiva, valorização do produto nacional e abertura a novos mercados, procurando garantir sustentabilidade num contexto global cada vez mais competitivo.
Apesar dos desafios, o bacalhau mantém-se um símbolo da gastronomia e da identidade portuguesa, e um dos pilares mais resistentes da indústria das pescas europeia.
