
Em pleno processo de transformação, o Instituto Politécnico de Lisboa (IPL) aposta numa reorganização interna que promova maior eficiência e melhor ensino. Em entrevista à Mais Magazine, António da Cruz Belo, que assumiu recentemente a presidência da instituição, revela as suas prioridades e partilha a visão estratégica para o futuro do IPL.
Para compreender verdadeiramente o Instituto Politécnico de Lisboa, é fundamental recuar à sua génese, marcada por uma particularidade que o distingue de muitas outras instituições: o IPL não foi criado de raiz. “O Instituto resultou da junção de várias escolas já existentes”, explica António da Cruz Belo. Entre estas encontram-se o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), antigo Instituto Industrial de Lisboa; o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), anteriormente Aula do Comércio; a Escola Superior de Educação de Lisboa, o antigo Magistério Primário; e o Conservatório Nacional, que mais tarde deu origem a três escolas distintas: a Escola Superior de Música de Lisboa, a Escola Superior de Dança e a Escola Superior de Teatro e Cinema. A estas vieram ainda juntar-se, posteriormente, a Escola Superior de Comunicação Social, única escola fundada no Politécnico de Lisboa, e a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.
Atualmente, o IPL oferece uma formação ampla e diversificada nas áreas da Comunicação, Engenharia, Ciências Empresariais, Ciências da Saúde, Educação e Artes. A oferta formativa abrange os três ciclos de ensino superior: licenciaturas, mestrados e doutoramentos. Neste último campo, foram já propostos mais quatro doutoramentos que deverão entrar em funcionamento em breve, permitindo assim, nas palavras do presidente, “completar todo o ciclo de formações possíveis no ensino superior”.
Mas, afinal, quando é que o percurso profissional de António da Cruz Belo se cruzou com o do IPL? “Praticamente desde o início”, explica. Assim que terminou os seus estudos, teve a oportunidade de ingressar na Escola Superior de Comunicação Social inicialmente como docente e, anos mais tarde assumiu a vice presidência e foi também presidente da Escola. Mais tarde, foi convidado a colaborar com o IPL, numa fase inicial como pró-presidente e, posteriormente, como vice-presidente. Assim, assumir o cargo de presidente do IPL foi algo que encarou como “um dever”, no sentido de “retribuir aquilo que foi o meu crescimento e a minha vida profissional nesta instituição”.
Quanto aos objetivos para este primeiro ano de mandato, o presidente assume que a prioridade é a reorganização interna, tendo em conta que este é um ano repleto de transições para o Politécnico. Tal deve-se não só à mudança de presidente, após um ciclo de oito anos da presidência anterior, mas também à alteração dos estatutos e ao possível novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES). Ao mesmo tempo, estes novos tempos em que vivemos deram origem a um novo perfil de estudante, o que exige uma adaptação das metodologias de ensino a esta nova realidade. Não obstante, o foco está em transmitir aos futuros alunos que esta instituição “é um local atrativo para estudar, é um sítio onde terão apoio, seja em termos escolares, seja em termos de apoio psicológico e de bem-estar”, salienta.
Se tivesse de apontar uma característica que distingue o IPL das restantes instituições de ensino superior, o presidente destaca o “carinho” que sente pela área das artes performativas. A componente prática dos cursos, sustentada quer em termos laboratoriais, quer ao nível dos equipamentos, e a proximidade entre docentes e estudantes, são também dois aspetos a ter em conta.
Paralelamente, o tema da sustentabilidade é muito importante para o IPL. “Para nós, a formação não é apenas técnica; tem de incluir esta dimensão da formação do cidadão, não apenas do profissional”, sublinha o presidente. Nesse sentido, está a ser criado um comissariado para o desenvolvimento sustentável dentro do Politécnico. Além disso, o IPL integra a Universidade Europeia U!REKA, e um dos objetivos desta passa por garantir que, no futuro, todos os cursos das universidades que a integram incluam formação na área da sustentabilidade — independentemente de se tratar de um curso de engenharia, comunicação, dança…Por fim, António da Cruz Belo olha para o futuro da instituição com otimismo, pois confia nas qualidades de todos os que integram a comunidade do IPL. “Vamos continuar a ser capazes de atrair estudantes e prepará-los para entrarem ativamente no mercado de trabalho”, conclui.
