
Luís Aguiar – Conraria, presidente da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política da Universidade do Minho desde o início de 2024, traça uma visão ambiciosa para o futuro da instituição, apostando na acreditação internacional, no reforço da ligação ao setor empresarial através da UMinhoExec e na consolidação da escola como referência nacional e internacional no ensino e na investigação.
Assumiu, no início de 2024, a presidência da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política da Universidade do Minho. Que principais desafios identifica na liderança de uma instituição com esta relevância?
A Universidade do Minho (UMinho) é a principal instituição de ensino superior da região, e a Escola de Economia, Gestão e Ciência Política (EEG) é uma das suas maiores, com cerca de três mil alunos distribuídos por 8 licenciaturas, 5 mestrados e 5 doutoramentos. Conta ainda com a UMinhoExec, o nosso braço para a formação executiva e interação com a sociedade. Os desafios são, naturalmente, bons desafios.
Um dos principais desafios é, na verdade, uma vantagem competitiva: a diversidade de áreas científicas, que vão desde as tradicionais Economia e Gestão, com as suas diversas especializações, à Ciência Política, que inclui as Relações Internacionais e a Administração Pública. Com todos os desafios geopolíticos que a Europa enfrenta, é impossível pensar bem em Economia e Gestão de âmbito internacional sem, simultaneamente, conhecer de forma profunda todos os desafios geostratégicos que enfrentamos. Termos na casa professores especializados em geopolítica, segurança internacional, geoestratégia, com conhecimentos do Médio Oriente e da Rússia, torna-nos únicos. E todos estes recursos estão à disposição dos nossos estudantes e de quem trabalha connosco.
Outro objetivo é usar o prestígio nacional como base para a nossa projeção internacional. Acresce o desafio de reforçar a ligação ao setor empresarial através da UMinhoExec. E, sendo uma Escola de Investigação, é essencial manter ou elevar o nosso nível científico. A consultoria que prestamos às empresas assenta nessa investigação, sendo muitas vezes quase investigação aplicada. Parte desse trabalho é muitas vezes submetido a arbitragem internacional — com autorização do cliente —, o que garante um elevado padrão de qualidade.

Quais são as metas estratégicas que definiu para o mandato 2024-2026 enquanto presidente da EEG?
A nossa missão é gerar conhecimento e desenvolver percursos de aprendizagem inovadores, com impacto nas organizações e nas políticas públicas. Toda a estratégia visa cumprir essa missão com distinção. Para este mandato, definimos várias metas.
Uma delas é a dar passos decisivos para a acreditação internacional da Escola. Contamos conseguir a acreditação da Association to Advance Collegiate Schools of Business (AACSB) para a escola. A AACSB é uma das principais organizações de acreditação internacional para escolas de gestão, reconhecida globalmente pela excelência. Pretendemos, alargar o conjunto de cursos acreditados pela European Foundation for Management Development (EFMD). São metas para atingir em 2025 e 2026 e posicionam-nos como uma escola de excelência internacional.
Com a acreditação internacional, tornaremos a EEG uma escola ainda mais atrativa, em especial para quem tem ambições internacionais. Quem estudar aqui passa uns anos numa cidade histórica, dinâmica, jovem e acessível com uma academia reconhecida pelos padrões mais exigentes.
A UMinhoExec foi criada em 2014 no seio da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política. Que motivações estiveram na base da sua fundação? Que metas tem para ela?
Em paralelo, nossa escola de formação executiva, a UMinhoExec, aprofundará a sua relação com o sector empresarial. Ambicionamos torna-la uma escola de referência no noroeste ibérico. Temos duas metas: ter instalações próprias para a UMinhoExec e transformá-la numa associação sem fins lucrativos que com várias empresas associadas. Empresas que entram na UMInhoExec investindo em unidades de participação.
Está escolhido o local — um edifício histórico no centro da cidade de Braga, que ainda tem de ser reabilitado — e já estão quase fechadas as empresas — entre 15 e 20. Iniciaremos as obras de reabilitação do edifício ainda durante este mandato e formalizaremos a associação este ano.

Que tipo de programas e iniciativas disponibilizam aos profissionais e organizações que recorrem à UMinhoExec?
A UMinhoExec oferece programas executivos diversos: pós-graduações creditadas (45 a 60 ECTS), programas customizados para organizações, programas intensivos e formações breves em competências específicas. Atua ainda na formação avançada para a Administração Pública, com ações sobre contratação pública ou formação para a Autoridade Tributária. Complementa a sua oferta com iniciativas regulares de networking empresarial e partilha de boas práticas.
Qual é a grande aposta para o próximo ano?
A grande aposta para 2025/26 é o Curso de Especialização em Administração Hospitalar. Até este ano, era um curso oferecido exclusivamente em Lisboa pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa. Este ano, pela primeira vez da sua história, será oferecido em duas cidades simultaneamente: Lisboa (ENSP NOVA) e Braga (UMinhoExec com a ENSP NOVA).
Será um curso extraordinário. A UMinhoExec juntou os melhores recursos da Universidade do Minho — recorrendo à EEG e à Escola de Medicina — com os da ENSP. Os profissionais do Norte deixam de ter necessidade de ir fazer este curso a Lisboa. Acrescento que tem sido um privilégio colaborar com a ENSP, confirmando que quando há empenho de todos, só há por onde correr bem.

