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Querido Teatro,

É difícil expressar em palavras toda a gratidão e reverência que sinto por ti. Tu, palco sagrado onde os sonhos ganham vida, onde a magia se entrelaça com a realidade e os corações se abrem para contar histórias. Tu és mais do que um lugar simples, és um universo de emoções, um refúgio para a alma inquieta e um farol que ilumina as profundezas do ser humano.

Foi em ti que eu nasci, cresci, me fiz homem, pai e avô.

Quantas vezes vi os teus cortinados abrir para revelar mundos desconhecidos, para me transportar para épocas passadas ou para me fazer sonhar com um futuro inexplorado. Na tua intimidade testemunhei o poder da arte diante dos meus olhos, transformando atores em personagens imortais e levando-me a mergulhar em tramas que me fizeram rir, chorar e refletir.

Tu és o eco das vozes dos ensaios, o perfume das tintas nas mãos dos cenógrafos, a harmonia das notas musicais ensaiadas incansavelmente e o palpitar acelerado dos corações dos artistas antes de pisarem no palco. E o silêncio que precede a cortina se abrir, o murmúrio da plateia e a explosão de aplausos que ecoa pelos corredores, e pela alma.

Ah, Teatro, és um templo onde a criatividade é venerada, onde a diversidade é celebrada e onde a expressão humana encontra o seu lar. És e sempre foste o palco da resistência, onde se erguem vozes para denunciar injustiças, para questionar o status quo e inspirar mudanças na sociedade.

A cada espetáculo que assisto, renasço contigo. A tua capacidade de despertar emoções e provocar reflexões é um presente inestimável. És o grande mestre que ensina a vida, o amor, a esperança e todas as nuances do ser humano.

A cada corrida nos corredores dos camarins cresci, a cada saída pela porta dos artistas depois do espetáculo terminar voava nos meus sonhos por Lisboa.

Que os holofotes nunca deixem de iluminar os teus palcos, que as cortinas se abram infinitas vezes mais, que os aplausos nunca cessem e que a tua presença continue a ser um farol de inspiração para todos nós, amantes da arte e da beleza.

Obrigado, Teatro, por existires e por seres um oásis de encanto, sabedoria e transformação. A tua magia perdurará para sempre nos corações daqueles que te amam.

Esta minha ode ao teatro é também a minha forma de dizer OBRIGADO ao meu avô, Vasco Morgado por ter seguido o sonho e dar o TEATRO MONUMENTAL à minha avó, Laura Alves, e a ela por ter dado, literalmente, a vida por nós, os espectadores que encheram noite após noite os teatros de Portugal e no estrangeiro.

E como autêntica ode, não seria justo acabar aqui este texto sem dizer que felizmente há quem continue a sonhar, e a fazer-nos sonhar: atores, atrizes, técnicos e todos os que estão ligados ao mundo dos sonhos, à Terra do Nunca com um saltinho a Nárnia. (E se não se importam, leiam em letra grande o que escrevo de seguida:)

Filipe Lá Féria, tu és também o que aqui escrevi neste texto, personificas cada palavra, cada virgula, cada letra.

Pois foi tudo isto o que senti, ali sentado, a assistir ao enorme “LAURA”.

Por causa de ti, passei por todos aquelas emoções e vi o meu pai, a meu lado, tal miúdo de 11 anos, a sonhar como uma criança.

Obrigado pelo magnifico espetáculo, obrigado pelo teu sonho, obrigado pelo teu respeito.

Com amor e reverência, me subscrevo, um admirador eternamente grato.

Do Filipe, e do Teatro.