: 10 de Dezembro, 2025 Redação:: Comentários: 0

Com mais de meio milénio de história partilhada, Portugal e Irão intensificam hoje o diálogo diplomático, a cooperação económica e as parcerias culturais e científicas, abrindo portas a novas oportunidades para empresas, instituições e cidadãos portugueses. Da energia ao turismo, passando pela ciência, tecnologia e intercâmbio académico, Seyed Majid Tafreshi, Embaixador do Irão em Portugal, destaca 2026 como um ano repleto de oportunidades para aprofundar uma ligação que combina tradição, estratégia e um forte potencial de cooperação desportiva.

Quais são os principais objetivos da Embaixada no reforço do diálogo e da cooperação bilateral entre o Irão e Portugal?

Em conformidade com a sua política de ampla cooperação com outros países — particularmente Portugal — o Irão não impõe restrições ao diálogo e à negociação, considerando o envolvimento direto como o meio primordial e mais duradouro para promover o entendimento mútuo. A Embaixada da República Islâmica do Irão em Portugal procura expandir as interações bilaterais tanto quanto possível e tem cooperado ativamente com Portugal em diversas áreas.

Esta relação assenta num longo historial que remonta a mais de meio milénio, ao período em que se estabeleceram os primeiros contactos entre os dois países, durante as respetivas monarquias. Desde então, a cooperação bilateral evoluiu através da troca de conhecimentos, bens e interações culturais, formando uma base rica para uma parceria contínua.

Quais são os setores económicos iranianos mais promissores para captar o interesse das empresas e investidores portugueses?

Entre os setores mais promissores para os investidores portugueses estão os das matérias-primas, dos produtos químicos e das indústrias do petróleo e gás. O Irão é também um dos principais produtores mundiais de frutos secos de alta qualidade, pistácios e açafrão, todos com forte potencial de mercado.

Além disso, o setor do turismo no Irão constitui uma oportunidade particularmente atrativa para empresas portuguesas, dada a profundidade histórica, a diversidade cultural e os numerosos sítios classificados como Património Mundial da UNESCO. O Irão possui ainda capacidades significativas nos campos científico e tecnológico — especialmente na área da inteligência artificial — que poderão interessar a empresas portuguesas ligadas a indústrias avançadas, empreendedorismo e energias renováveis. A vasta extensão territorial e a diversidade climática do país criam vantagens adicionais nestes domínios.

De que forma Portugal pode beneficiar de uma relação económica mais próxima com o Irão?

O Irão é um país-chave na região da Ásia Ocidental, com uma posição geopolítica altamente estratégica no Golfo Pérsico. Os seus importantes corredores marítimos e diversas rotas de trânsito podem apoiar Portugal na expansão do seu alcance económico e no acesso a mercados regionais.

As capacidades económicas do Irão nos setores da aviação, farmacêutico, turístico e do desenvolvimento urbano oferecem oportunidades substanciais de benefício mútuo. Por exemplo, o estabelecimento de voos diretos entre Portugal e o Irão poderia reforçar significativamente as trocas e estimular o turismo, fortalecendo assim os laços económicos e facilitando uma cooperação mais ampla.

Que iniciativas culturais tem a Embaixada promovido em Portugal, tendo em conta a rica herança cultural do Irão?

A Embaixada do Irão em Lisboa tem organizado anualmente uma vasta gama de programas culturais. Estes incluem exposições de artesanato, concertos de música folclórica iraniana para assinalar a chegada da primavera e o Ano Novo Persa (Nowruz), celebrado a 21 de março, bem como exposições de documentos históricos com 500 anos relacionados com as relações bilaterais. Estes eventos são organizados em colaboração com instituições nacionais como o Arquivo da Torre do Tombo, a Fundação Oriente, o Centro Cultural Olga Cadaval do Município de Sintra e o Município de Almada, entre outros.

Existem parcerias académicas ou científicas que mereçam destaque?

A cooperação académica e científica entre o Irão e Portugal é uma prioridade essencial nas trocas bilaterais. Muitos iranianos residentes em Portugal vieram inicialmente para prosseguir estudos superiores e hoje contribuem para setores importantes da sociedade portuguesa.

Um dos objetivos centrais da Embaixada é reforçar a colaboração científica através do estreitamento dos laços com instituições académicas e da promoção de memorandos de entendimento conjuntos. Vários desses acordos já foram assinados entre universidades e universidades médicas de ambos os países, estabelecendo as bases para uma cooperação mais aprofundada.

Quais são as prioridades da Embaixada para 2026 no reforço das relações bilaterais?

Uma das grandes prioridades da Embaixada para 2026 é o desenvolvimento da cooperação desportiva, com especial destaque para o futebol. Na última década, jogadores e treinadores iranianos e portugueses ganharam reconhecimento importante em ambos os países, criando condições favoráveis para uma colaboração mais ampla.

Além do desporto, a Embaixada pretende promover a cooperação entre museus e fortalecer as relações parlamentares. O plano de longo prazo de Portugal para um assento não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, combinado com a presença de António Guterres na ONU e de António Costa na União Europeia, oferece um contexto relevante para aprofundar tanto a cooperação bilateral como multilateral.

Que mensagem gostaria de deixar aos leitores portugueses, nesta edição de Natal da Mais Magazine, sobre a relação entre Portugal e o Irão?

O Irão e Portugal são duas nações ligadas por laços históricos profundos, alguns dos quais remontam ao período mitraico. A minha mensagem ao povo português, nesta quadra natalícia, é a de continuar a promover a unidade, o respeito mútuo e a convivência pacífica. Que possamos trabalhar juntos por um mundo livre de violência, celebrando a diversidade como fonte de força. O vínculo entre os nossos povos é duradouro e significativo.